quarta-feira, 30 de abril de 2008

Filho de Horta critica segurança do presidente do Timor

Dili, 29 abr (Lusa) - Loro Horta, filho do presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, está preocupado com o que chama de "circo" da segurança pessoal do chefe de Estado do país asiático.

"Todos continuam a levar as coisas na brincadeira e parece que nada foi aprendido mesmo depois de o meu pai levar três tiros", afirmou Loro Horta, entrevistado pela Agência Lusa em Dili.

"A segurança do meu pai atualmente é uma manta de retalhos e tem que se resolver essa situação", disse. Apesar de afirmar que os agentes de segurança na residência Ramos-Horta "estão a tentar fazer um trabalho sério", o filho do presidente timorense ressaltou a falta de coordenação entre diversas forças e a falta de preparação específica.

A residência de José Ramos-Horta, em Metiaut, na periferia leste de Dili, foi alvo de um atentado em 11 de fevereiro por um grupo liderado pelo major Alfredo Reinado, morto no ataque.

O chefe de Estado timorense, que voltava de sua caminhada matinal, foi baleado por um membro do grupo de Alfredo Reinado e ficou gravemente ferido. A segurança da residência era feita por agentes das Falintil - Forças de Defesa do Timor Leste (F-FDTL).

"Todos têm medo de dizer que as F-FDTL não têm competência para fazer a guarda presidencial ou que enfrentam divisões políticas", afirmou Loro Horta, especialista em assuntos de defesa e segurança.

Comando

Loro Horta criticou a montagem atual da segurança do presidente, feito por efetivos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), Unidade de Reserva da Polícia (URP) e Corpo de Segurança Pessoal (CSP), da Polícia Nacional do Timor Leste (PNTL), e por efetivos da Seção de Operações Especiais (SOE) do subagrupamento Bravo da GNR.

"É uma manta de retalhos de fardas e de unidades que não têm um comando único ou alguém que coordene todos os elementos envolvidos na segurança da casa e que possa dar ordens a todos", disse à Lusa.

"Falam de hierarquia e onde está a hierarquia? Em 2006, durante a crise, toda a segurança do meu pai fugiu, exceto um integrante que continua com ele. Mas são alguns dos que fugiram que, depois, foram aceitos de volta", afirmou Loro Horta.

O filho do chefe de Estado timorense alertou também para o fato conhecido de existir rivalidade e concorrência entre as várias unidades da polícia envolvidas na segurança presidencial.

Loro Horta sugeriu a criação de um novo corpo de segurança, a atribuição da missão de proteger o presidente em uma única unidade ou a contratação de uma guarda presidencial no exterior.

"Não temos capacidade nas forças timorenses para garantir uma segurança efetiva, mas quando sugiro a solução de uma guarda estrangeira acusam-me de ser neocolonialista", disse.

Fatores

Loro Horta reside atualmente em Cingapura, onde é pesquisador na Escola de Estudos Internacionais de S. Rajaratnam, uma das instituições de referência em estudos estratégicos na região Ásia-Pacífico.

"O problema é que nós não devemos agir segundo percepções. As coisas neste país são imprevisíveis, como se tem provado sempre. No Timor Leste, não é possível calcular o risco", afirmou.

Segundo Loro Horta, mesmo entre velhos aliados, surgem agressões. "A verdade é que não sabemos quando o próximo louco vai atuar. Temos uma soma de fatores imprevisíveis, desde as drogas ao trauma".

O ex-militar Marcelo Caetano, integrante do grupo de Alfredo Reinado que disparou contra José Ramos-Horta, é apontado por Loro Horta como exemplo da imprevisibilidade. "Um soldado indisciplinado que o meu pai tentou ajudar em 2006", disse.

"Não vale a pena fazer a reforma que estão a propor. Não estão a enfrentar os problemas reais, apenas estão a avançar com cosmética. Temos que contrariar a lógica das milícias e tem que haver um entendimento entre os senhores da guerra que dominam as forças de segurança", afirmou.

Para o filho de José Ramos-Horta, o problema da guarda presidencial é "o problema fundamental do Timor Leste, a falta de unidade política".

Justiça é essencial para reconciliação no Timor, diz ONU

Dili, 29 abr (Lusa) - O chefe da Missão Integrada das Nações Unidas no Timor Leste (Unmit), Atul Khare, afirmou nesta terça-feira, em Dili, que "a justiça é essencial para a reconciliação" e que o grupo rebelde que se entregou precisará se explicar em tribunal.

"Todos têm que se submeter à justiça e depois se vê o que se pode fazer para promover a reconciliação", declarou Atul Khare à Agência Lusa, no final da cerimônia formal de rendição do ex-tenente Gastão Salsinha.

"Os ataques de 11 de fevereiro ameaçaram o Timor Leste e eu partilho do sentimento de toda a comunidade em aplaudir a entrega pacífica de Gastão Salsinha e dos seus homens", afirmou Atul Khare, em comunicado distribuído nesta terça pela Unmit.

O representante especial do secretário-geral das Nações Unidas acrescentou, no comunicado, que "o povo do Timor Leste e os seus dirigentes merecem um elogio pela maneira tranqüila como geriram os acontecimentos dos últimos meses".

Gastão Salsinha e um grupo de 12 foragidos foram levados nesta terça para Dili, sob forte esquema de segurança, na seqüência de um acordo de rendição obtido em Letefoho, no oeste do país, em 25 de abril.

Líder dos rebeldes das Forças de Defesa do Timor Leste, Gastão Salsinha é acusado de participar do ataque contra o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, em 11 de fevereiro, e de ser cúmplice do ataque à residência do presidente José Ramos-Horta, liderado por Alfredo Reinado.

José Ramos-Horta foi baleado pelo rebelde Marcelo Caetano, que também foi apresentado em Dili nesta terça.

Com a morte de Alfredo Reinado no ataque contra Ramos-Horta, Gastão Salsinha passou a liderar o grupo que era procurado pela operação "Halibur" das Forças de Defesa e da Polícia Nacional do Timor Leste.

Rebeldes do Timor serão interrogados nas próximas 48 horas

Dili, 29 abr (Lusa) - O ex-tenente das forças armadas timorenses Gastão Salsinha e os outros 12 rebeldes que se renderam serão interrogados separadamente nas próximas 48 horas, disse à Agência Lusa um dos oficiais que conduziram as operações de captura.

Só depois de dois dias, Salsinha e seu grupo serão entregues ao procurador-geral do Timor Leste, confirmou em entrevista coletiva o tenente-coronel Calixto dos Santos Coliati, das Falintil - Forças de Defesa do Timor Leste (F-FDTL).

O tenente-coronel Coliati, que comandou nas últimas semanas as operações de captura, disse que "Salsinha não se rendeu ao comando conjunto, rendeu-se à justiça".

O grupo de Gastão Salsinha, vestindo uniformes com os símbolos das forças armadas, assistiu à entrevista coletiva, mas não fez declarações. Os jornalistas não foram autorizados a fazer perguntas aos rebeldes.

Gastão Salsinha, um dos líderes dos rebeldes das F-FDTL, é acusado de ter participado do ataque contra o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, em 11 de fevereiro (noite do dia 10 no Brasil), e de ser cúmplice do ataque à residência do presidente José Ramos-Horta.

No atentado contra o presidente, comandado por Alfredo Reinado, Ramos-Horta foi baleado por Marcelo Caetano, também apresentado em Dili nesta terça-feira.

Com a morte de Alfredo Reinado no ataque, Gastão Salsinha assumiu a liderança do grupo e era procurado pela operação "Halibur", que uniu F-FDTL e a Polícia Nacional do Timor Leste.

O grupo de Salsinha chegou à capital timorense com uma caixa metálica com onze armas, incluindo nove espingardas HK-33, uma espingarda Mauser e uma SKS, além de quase 1.400 munições e 16 cartucheiras. O material foi entregue pelos rebeldes na rendição.

Os rebeldes chegaram ao Palácio do Governo às 12h30 (00h30 em Brasília) e foram recebidos pelo vice-premiê, José Luís Guterres, e por outros membros do governo. Poucos minutos depois, chegou Ramos-Horta.

"Não tenho ódio nem rancor", afirmou o presidente, garantindo que "a justiça será feita sem intervenção política".

Rebeldes do Timor se rendem e são perdoados por Ramos-Horta

Dili, 29 abr (Lusa) - O presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, disse nesta terça-feira ao homem de quem recebeu um tiro, Marcelo Caetano, e ao líder rebelde Gastão Salsinha que lhes perdoa "como cristão", mas que terão de enfrentar a justiça.

"Em relação até à pessoa que tentou me assassinar, perdôo como cristão, como ser humano. Como chefe de Estado, ele tem que enfrentar a justiça", declarou José Ramos-Horta, que garantiu não ter ódio.

O presidente timorense saía de um encontro com o ex-tenente Gastão Salsinha e o grupo de 14 foragidos que se rendeu e, às 12h30 locais (00h30 em Brasília), chegou ao Palácio do Governo sob forte esquema de segurança.

Entre os homens que se encontraram com o presidente do Timor Leste estavam Gastão Salsinha, acusado de liderar o ataque contra o primeiro-ministro Xanana Gusmão, e Marcelo Caetano, identificado por Ramos-Horta como o autor do disparo que o acertou no atentado de 11 de fevereiro (noite do dia 10 no Brasil).

Nem Salsinha, nem Caetano, responderam ao presidente do Timor Leste, que falou sentado e calmamente e explicou que, judicialmente, o grupo tem direito ao pressuposto de inocência até que seja provada sua participação nos ataques contra as lideranças do país.

"Eu disse apenas que a justiça tem que ser feita e são eles próprios que têm que ir a tribunal e explicar o porquê da sua ação no 11 de fevereiro, mas também quem lhes deu armas, uniformes, dinheiro, meios de comunicação, telefones, ao longo desses meses todos", explicou o presidente.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Xanana Gusmão, iniciou hoje uma visita oficial de cinco dias à Indonésia

Timor-Leste/Indonésia: Visita de Xanana Gusmão inclui encontros com PR e comandantes militar e policial

Díli, 28 Abr (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, iniciou hoje uma visita oficial de cinco dias à Indonésia, durante a qual se reunirá com o Presidente da República e os comandantes das Forças Armadas e da polícia indonésias.

A visita oficial, que termina a 02 de Maio, tem como "objectivo principal aprofundar as relações bilaterais entre a República Democrática de Timor-Leste e a República da Indonésia, designadamente no que respeita à cooperação bilateral entre os dois países e debater assuntos de interesse comum no âmbito regional e internacional", informou o gabinete de Xanana Gusmão em comunicado.

Esta é a primeira visita oficial de Xanana Gusmão à Indonésia na qualidade de primeiro-ministro, cargo que assumiu em Agosto de 2007, depois de ter cessado funções como Presidente da República.

Xanana Gusmão vai manter encontros com o Presidente da República indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, e os presidentes da Câmara dos Representantes, Agung Laksono, e da Assembleia Popular Consultiva, Hidayat Nur Wahid.

A agenda do primeiro-ministro timorense inclui também encontros com o chefe das Forças Armadas da Indonésia, general Joko Santoso, e com o comandante-geral da Polícia da Indonésia, general Sutanto.

O porta-voz da presidência indonésia, Dino Patti Djalal, citado pela agência indonésia Antara, disse hoje que o encontro entre Susilo Bambang Yudhoyono e Xanana Gusmão ocorrerá terça-feira, no Palácio Merdeka, em Jacarta.

Xanana Gusmão terá ainda um almoço de trabalho com empresários indonésios e um encontro com a comunidade timorense residente na Indonésia, depois de proferir uma palestra sobre "Indonésia e Timor-Leste, Redefinindo Relações Para o Futuro".

"As autoridades governamentais de Timor-Leste e da Indonésia vão abordar a realização de protocolos bilaterais para o serviço postal, aviação comercial e criação de vistos especiais de residência para estudantes timorenses na Indonésia, para além de discussões políticas em matérias de defesa e segurança", segundo o comunicado oficial.

Xanana Gusmão "considera que o reforço das relações bilaterais entre a República Democrática de Timor-Leste e a República da Indonésia `pode contribuir para a consolidação das nossas duas jovens democracias`", cita o comunicado.

O primeiro-ministro timorense "defende que o futuro das relações entre os dois países vizinhos `deverá ser construído em torno de uma parceria forte que promova a paz e a segurança e que conduza a novas oportunidades de prosperidade, de liberdade, de justiça, de tolerância e de democracia`", acrescenta a nota oficial do gabinete.

A visita de Xanana Gusmão ocorre dias depois de as autoridades indonésias procederem à detenção de quatro suspeitos de terem participado nos ataques de 11 de Fevereiro em Díli contra o Presidente da República e o primeiro-ministro timorenses.

O Presidente Yudhoyono reagiu às declarações do Presidente timorense, José Ramos-Horta, a 16 de Abril, sobre a implicação de "indivíduos na Indonésia" nos ataques e sobre as condições em que o major Alfredo Reinado foi entrevistado, em Jacarta, em 2007, pela Metro TV.

O secretário de Estado da Defesa timorense, Júlio Tomás Pinto, afirmou sábado em Malang, Java Oriental, que o ataque a José Ramos-Horta não esteve de modo algum ligado ao Governo indonésio e às Forças Armadas da Indonésia (TNI).

"Esperamos que as recentes declarações do Presidente Ramos-Horta, ligando o ataque que sofreu à (jornalista da Metro TV) Desi Anwar, não conduza a polémicas sensacionalistas e ainda menos a uma ruptura nas relações entre Timor-Leste e a Indonésia", afirmou Júlio Tomás Pinto, citado pela agência Antara.

A Metro TV ameaçou hoje processar judicialmente José Ramos-Horta se o chefe de Estado timorense não retirar as suas "falsas acusações" e apresentar desculpas.

Júlio Tomás Pinto afirmou que um assunto "trivial" não deveria interferir na relação cordial entre os dois países.

O tema será discutido e resolvido durante a visita de Xanana Gusmão à Indonésia, acrescentou Júlio Tomás Pinto, ainda segundo a Antara.

O secretário de Estado da Defesa defendeu que a questão deveria ser investigada por uma comissão mista, com os resultados partilhados por ambos os países.

Júlio Tomás Pinto falava aos jornalistas após uma conferência na Universidade Muhammadiyah (Unmuh), na qual se licenciou.


PRM

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2008-04-28 14:25:02

Timor-Leste: Gastão Salsinha apresenta-se no Palácio do Governo com mais 14 rebeldes

2008-04-29 04:49:10
Díli, 29 Abr (Lusa) - O ex-tenente Gastão Salsinha apresentou-se hoje, no Palácio de Governo de Timor-Leste, com mais 14 rebeldes, todos fardados, para concretizarem a rendição, tendo sido recebidos pelo vice-primeiro-ministro José Luís Guterres.

A apresentação ocorreu às 12:30 locais (04:30 de Lisboa) e, minutos depois, o Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, entrou também no Palácio do Governo.

O vice-primeiro-ministro José Luís Guterres estava acompanhado pelo secretário de Estado da Segurança, Francisco Guterres.

Salsinha e os seus companheiros chegaram integrados numa coluna militar das Forças de Defesa de Timor-Leste e da Polícia Nacional de Timor-Leste.

Um helicóptero Blackhawk da ISF - Força Internacional de Estabilização encontrava-se diante do Palácio do Governo.

PRM.

Lusa/fim.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Timor: Marcelo Caitano Iha KOK Nia liman, Desmente Halai Ba Atambua

Edition: 28 April 2008

DILI - Marcelo Caitano ema nebee deskonfia forte tiru Prezidenti Republika Jose Ramos Horta iha atentadu 11 Febreiru liu ba oras nee dadauk iha ona Komando operasaun konjuntu (KOK) nia liman. Tuir informasaun nebee STL hetan horikalan liu husi via telephone Marcelo Caitano hatete, nia oras nee hamotuk ona ho Gastao Salsinha ho nia maluk sira seluk iha Lauala Ermera, hodi kopera no estadu.

Caitano desmente buatus bar-barak dehan nia halai ona ba estranjeiru ka Indonesia. “Nee la los, hau la halai ba esrtranjeiru hanesan saida maka sira dehan, hau iha Timor Leste hodi akompainha hela evolusaun konaba ami nia situasaun iha rai laran,” nia realsa.

Maske nia rekuza atu fo informasaun klean liu konaba nia involvimentu iha 11 Febreiru liu ba, maibe nia sente tebes ho asidente nebee konsege hakanek PR Horta nee. “Konaba kazu nee hau la bele fo komentariu klean ba STL, tanba sigredu estadu nian. Buat hotu hau sei rai iha meja leten foin hatene, se mak sala no los no sala,” nia hatete.

Konaba akuzazaun PR Horta ba nia nudar autor tiru nia iha atentadu 11 Febreiru, Marcelo rekuza hodi fo komentariu. “Hau lakohi responde ida nee, mas hau prontu atu hatan iha justisa,” nia realsa.

Marcelo seidauk hatene se maka atu sai hanesan nia defensor atu defende nia iha tribunal, tanba problema nee hotu sei intrega ba Salsinha nudar sira lider.

Ba diariu ida nee nia konfesa katak nia foin mai husi Suai, akompanha husi asesosr Prezidenti Republika nian, no segundu Sarjentu Alende, nia hamotuk ho Gastao maizoumenus tuku sia horikalan. Nia salienta, viajen sira nia atraza to iha Salsinha nia uma, tanba kareta at no gozolina maran. “Oras nee hau hamotuk ho Tanenti Koronel Maunana no forsa KOK tomak.
Maske Marcelo akuzadu iha atentadu 11 Febreiru, nia konfesa katak ni livre hanesan sidadaun komum no laos hanesan prezu. “Ami sei livre hanesan ema bain-bain, laos prezu,” nia hatete.

Responde konaba bainhira sira atu tun mai Dili, Marcelo dehan nia seidauk hatene serteza, tanba sei hein nia maluk nain ualu (8) nebee too oras nee seidauk hamotuk ho sira. “Hau la hatene, ohin kalan, aban, ami hamotuk, hafoin tunba Dili.” **

domingo, 27 de abril de 2008

Timor Leste captura rebelde que atirou em José Ramos-Horta

Dili, 27 abr (Lusa) - Marcelo Caetano, o homem que atirou sobre o presidente do Timor Leste em 11 de fevereiro, já está sob controle das forças conjuntas, afirmou neste domingo à agência Lusa o comandante da operação "Halibur".

"Marcelo Caetano entregou-se e está com Gastão Salsinha sob controle das forças do comando conjunto", afirmou o tenente-coronel Filomeno Paixão à Lusa.

O tenente-coronel Paixão, que comanda as operações de captura do grupo do ex-tenente Gastão Salsinha, acrescentou que outros dois fugitivos se entregaram e estão sob vigia do comando conjunto.

"Salsinha está em sua casa, em Lauala, Ermera (oeste) mas guardado pelas forças conjuntas. Ele diz que não se rendeu mas está conosco, lá em cima", declarou o tenente-coronel Paixão.

"Têm estado todos juntos no comando táctico da 'Halibur', em Letefoho", nas montanhas de Ermera, afirmou o tenente-coronel Paixão, que espera "para muito breve" a descida de Salsinha e dos seus homens a Dili.

"Claro que temos as armas em nosso poder, não iríamos correr esse risco", destacou o comandante da operação "Halibur".

A rendição de Gastão Salsinha, conforme a Lusa noticiou, foi obtida sexta-feira depois de reuniões em que participou uma delegação da presidência da República, da Igreja e líderes locais.

Com a rendição de Gastão Salsinha, de Marcelo Caetano e dos outros dois integrantes do grupo, estão ainda foragidos seis ou sete membros do grupo acusado de participar nos ataques de 11 de fevereiro contra o presidente da República e o primeiro-ministro.

A manutenção de Salsinha em Letefoho destina-se a conseguir a rendição do resto do grupo, explicou o tenente-coronel Paixão.

Marcelo Caetano, um antigo integrante das forças de segurança timorenses, foi identificado por José Ramos-Horta como o homem que disparou sobre ele, a cerca de vinte metros, a poucos metros de sua casa na capital
José Ramos-Horta foi gravemente ferido no ataque liderado pelo major Alfredo Reinado, que morreu com um dos seus homens dentro do perímetro da residência do chefe de Estado.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Timor-Leste: Gastão Salsinha concordou em render-se mas ainda não entregou armas

Díli, 25 Abr (Lusa) - O ex-tenente timorense Gastão Salsinha concordou hoje em render-se em Ermera (Oeste de Timor-Leste), "mas até ao momento ainda não entregou as armas", disse à Agência Lusa fonte do comando conjunto da Operação Halibur.

Uma fonte oficial da ONU em Timor-Leste confirmou à Lusa existirem reuniões entre Gastão Salsinha e uma delegação da Procuradoria-Geral da República, do Parlamento, do Governo e das Forças Armadas, na aldeia de Liolo, junto a Gleno, Ermera.

Salsinha, líder do grupo rebelde que em 11 de Fevereiro atentou contra a vida do Presidente Ramos-Horta e do primeiro-ministro Xanana Gusmão, concordou, "em resultado destas conversações, em não deixar a casa onde se encontra, até que o resto dos seus homens se juntem a ele", disse aquela fonte.

"Depois disso, Gastão Salsinha concordou em entregar-se às autoridades", concluiu a fonte da ONU.

Uma outra fonte que tem acompanhado localmente as negociações, confirmou à Lusa a concordância de Salsinha na sua rendição, "mas até ao momento ainda não entregou as armas".

"A situação é muito parecida com o que aconteceu quando Gastão Salsinha concordou em entregar-se ao Procurador-Geral da República" há cerca de dois meses, comentou aquela fonte, que salientou o papel relevante da Igreja, de políticos locais e da Procuradoria-Geral da República nas negociações com o chefe rebelde.

Até quinta-feira, estavam em prisão preventiva dez elementos do grupo de Gastão Salsinha e do major Alfredo Reinado, arguidos no processo do 11 de Fevereiro.

Angelita Pires, ex-assessora legal e namorada de Alfredo Reinado, está indiciada no mesmo processo, aguardando julgamento em liberdade mas com interdição de se ausentar do país.

Continuavam a monte 13 suspeitos com mandado de captura emitido, incluindo Gastão Salsinha, que lidera o grupo de fugitivos depois da morte do major Reinado no ataque à casa do Presidente José Ramos-Horta.

A operação Halibur de captura do grupo de Salsinha tem estado concentrada no distrito de Ermera.

No seu regresso a Timor-Leste, no dia 17 de Abril, o Presidente da República, José Ramos-Horta, tinha ordenado ao ex-tenente Gastão Salsinha para se entregar e acabar com a sua "aventura".

"Deixe-se de aventuras. A vossa aventura e irresponsabilidade ao longo de meses já custou vidas", afirmou José Ramos-Horta na conferência de imprensa que deu no aeroporto internacional Nicolau Lobato, em Díli, dirigindo-se ao líder dos fugitivos ligados aos ataques de 11 de Fevereiro.

O Presidente fez, na ocasião, uma intervenção emocionada mas dura contra Gastão Salsinha e o major Alfredo Reinado, responsáveis pelos ataques contra José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão.

José Ramos-Horta ficou gravemente ferido, o major Reinado morreu no ataque e o ex-tenente Salsinha fugiu com um grupo que agora está reduzido a cerca de 15 homens.

"Entregue-se ao pároco em Gleno ou Maubisse. Confio totalmente nesta igreja timorense. Ela saberá como contactar as autoridades", pediu o chefe de Estado a Salsinha no regresso de mais de dois meses de convalescença em Darwin, Austrália.

"Apesar de eu ter sido atingido, eu não queria que Salsinha ou qualquer outro timorense perdesse a sua vida.

Demasiados timorenses perderam as suas vidas", acrescentou José Ramos-Horta num momento em que, embargado, interrompeu as suas palavras.

"Salsinha tem que se entregar. Ele disse que esperava pelo meu regresso para se entregar. Eu prefiro que ele procure a igreja. Depois ele tem de ir ao Procurador-geral da República, ou ao tribunal, não sei o processo, e enfrentar a justiça", insistiu o Presidente.

"Salsinha já não é o líder dos peticionários", afirmou o Presidente da República na sua curta intervenção perante os deputados e a comunidade diplomática.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Timor-Leste: "Depois do 11 de Fevereiro, nada é igual"


José Ramos-Horta discursou no parlamento timorense
O presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, discursou hoje no Parlamento Nacional, depois de ter estado dois meses na Austrália a recuperar do ataque de que foi alvo em Díli em 11 de Fevereiro.

"Depois do 11 de Fevereiro, nada é igual", declarou. "Mudámos uma página da história de Timor-Leste. Deus não dividiu o Mar Vermelho perante os Israelitas até a água chegar aos seus narizes", afirmou José Ramos Horta num longo discurso marcado por referências bíblicas e religiosas.

O chefe de Estado revisitou as circunstâncias do ataque de que foi alvo e traçou as linhas que considera importantes para o futuro de Timor-Leste.

José Ramos-Horta defendeu a prioridade do combate à pobreza, a alteração da Lei do Fundo do Petróleo, a inclusão da Fretilin e de "ex-titulares" na definição de políticas, a consolidação das forças de segurança e a resolução do problema dos deslocados internos.

Sublinhou a importância da reconciliação nacional e do perdão, anunciando um indulto presidencial para cerca de 80 presos, que inclui o ex-ministro do Interior, Rogério Lobato.
"Martin Luther King, Mahatma Ghandi, Olof Palme, John F. Kennedy, Robert F. Kennedy, Patrice Lumumba, Kwame N'Kruma, Amílcar Cabral, são alguns dos grandes nomes do século XX que não sobreviveram às balas dos assassinos", referiu.

"Deus os chamou para junto de si, privando a Humanidade da sua grandeza moral, força intelectual e inspiradora. Mas eles legaram para a Humanidade as grandes lições que ainda hoje nos inspiram. Esta sua herança é eterna e nos inspira no dia a dia", considerou José Ramos-Horta.

"Eu sobrevivi às duas balas disparadas a menos de 20 metros de distância. Sou pequeno comparado com a grandeza daqueles mártires que sempre foram a minha inspiração. E pergunto porque Deus quis que eu vivesse mas nos privou desses grandes homens. Só Deus sabe", acrescentou.

"Sem a intervenção divina e a sabedoria e dedicação dos médicos e enfermeiros em Díli e Darwin eu não estaria hoje entre vós. Quis Deus que eu sobrevivesse", defendeu.

O presidente timorense repetiu no seu discurso apelos à unidade nacional em torno de "grandes causas nacionais". "Continuar divididos, cada um na sua trincheira, guerreando-nos, em nada nos ajuda a ultrapassar a crise", defendeu.

Ramos-Horta alertou ainda para tentativas de desestabilização e divisão vindas do estrangeiro.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Relatório do Estado de Sítio, 23 de Fevereiro - 23 de Março

Apresentadas 20 queixas e reclamações
O Primeiro-Ministro, José Alexandre Kay Rala Xanana Gusmão, informou que durante a aplicação do Estado de Sítio no período adicional decorrido de 23 de Fevereiro a 23 de Março houve 20 queixas contra o Comando de Operação Conjunta (COC).

O número foi anunciado pelo Primeiro-Ministro Xanana Gusmão ao público, quando o Primeiro-Ministro, acompanhado pelo Secretário do Estado de Defesa, Júlio Tomás Pinto, apresentou o relatório do Estado de Sítio aos representantes do povo no Parlamento Nacional, terça-feira (15/4).

Das 20 queixas contra o COC, 11 foram apresentadas pela ONU e 9 pela comunidade civil. As queixas foram analisadas e elaborado o seu relatório. Não há registo de algum processo judicial.

O Primeiro-Ministro Xanana salientou que o processo de investigação relativo à investigação dos casos de violação de direitos humanos está a enfrentar várias dificuldades porque deve ser feito com base em queixas formais da Polícia.

Além disso, o Primeiro-Ministro Xanana adiantou ser necessária uma investigação completa dos agentes de Polícia identificados como autores dos casos acima citados, incluindo a indicação da hora e local do acontecimento, para que a investigação dos factos possa ser justa.

O Primeiro-Ministro Xanana informou que o Governo, num curto período, estabelecerá uma Comissão Independente para a investigação, caso por caso, de abusos de membros da PNTL e F-FDTL.

Nesta apresentação o PM ameaçou que aos membros da PNTL e F-FDTL que não cumpram as normas legais ao exercerem as suas funções serão aplicadas sanções disciplinares.

O PM Xanana reconhece que durante estes 30 dias de prolongamento do Estado de Sítio conseguiu controlar os apoiantes do grupo armado, garantindo nova confiança às populações em matéria de segurança, ao limitar as ameaças do grupo armado, neutralizando-o.

Durante a apresentação do referido relatório, os membros do Parlamento Nacional, sobretudo da bancada da oposição FRETILIN, exigiram ao PM Xanana para ordenar aos elementos do COC que participam nas operações para que não violem os direitos humanos.

Exigiram também ao PM Xanana para dar apoio total ao COC a fim de exercer as suas funções com profissionalismo e capturar de imediato o autor do atentado de 11 de Fevereiro contra o Presidente da República Ramos Horta e da emboscada ao Primeiro-Ministro Xanana Gusmão.

O relatório sobre o Estado de Sítio e o Estado de Emergência – que teve início no dia 23 de Março de 2008 – será apresentado ao Parlamento Nacional, segundo previsto na Lei Nº 3/2008, dia 22 de Fevereiro sobre o regime do Estado de Sítio ou Estado de Emergência.
JNSemanário .

Timor Telecom assina protocolo de entendimento com a Telecom Indonésia

Através de comunicado de imprensa a que a redacção do Jornal Nacional Diário teve acesso na terça-feira (15/4), o Gabinete de Relações Públicas da Timor Telecom informou que no dia 10 de Abril de 2008 a Timor Telecom, S.A., com a PT Telekom Indonésia Internacional, assinaram um protocolo de entendimento em Bali.

O comunicado de imprensa afirma que a assinatura do protocolo de entendimento é o fim do processo de negociações entre as duas companhias ao longo de anos.

A nota de imprensa diz ainda que se trata também de cooperação entre a maior empresa de telecomunicações do país vizinho, na área técnica, operacional e de formação, com o objectivo de melhorar o sistema de comunicação nos dois países, conforme se escreve claramente no texto do acordo assinado. As duas empresas desenvolverão em conjunto um estudo técnico e comercial para assim se poderem atingir os objectivos.

O documento identifica outras áreas de interesse comum, incluindo o fornecimento de acesso aos serviços internet e o estabelecimento de “sites”para a formação de pessoal.

«A Timor Telecom manifestou o seu interesse para estudar a possibilidade de investir numa ligação a Díli através de um cabo submarino “Eastern Palapa Ring”, ligação proveniente das ilhas orientais do arquipélago indonésio», explicou a nota de imprensa. JNSemanário.

José Brandão : “Timor Telecom tem cooperado com o Tribunal”

O Administrador-Delegado da Timor Telecom (TT), José Brandão Sousa, afirmou que a Timor Telecom tem cooperado com o Tribunal, pois quando o Tribunal enviou um pedido à Timor Telecom, esta esteve pronta para responder em Tribunal e dar as suas informações segundo a Lei.

José Brandão falou sobre esta questão ao Jornal Nacional Diário no seu gabinete da Timor Telecom, terça-feira (15/4), relativamente à declaração do Procurador-Geral da República no Parlamento Nacional, de que o Ministério Público não pode desempenhar os seus serviços com efectividade porque o sistema da Timor Telecom dificultou a relação dos serviços de inteligência com a Timor Telecom.

«Cooperaremos com o Tribunal porque quando o Tribunal enviar um pedido à Timor Telecom, responderemos em Tribunal directamente», explicou José Brandão.

Afirmou que a Timor Telecom está pronta a colaborar com o Tribunal quando o Tribunal pedir segundo a Lei.

«A Timor Telecom não faz gravações de conversas telefónicas por não ter equipamentos para fazer este serviço. Mas quando o Tribunal exigir à Timor Telecom e pedir alguma informação, a Timor Telecom disponibilizará, como as chamadas telefónicas, a sua duração e o número. Isto é o que a Timor Telecom poderá fazer, mas não fazemos gravações por falta de equipamento.

Sobre o facto de o sistema não ter funcionado normalmente em relação às chamadas no atentado de 11 de Fevereiro, José Brandão Sousa referiu que «o sistema funcionou normalmente mas o problema que aconteceu foi porque o sistema ficou muito ocupado, pois toda a gente fazia chamadas. Isto não acontece apenas com a rede da Timor Telecom em Timor-Leste, os mesmos problemas acontecem em vários países. O sistema ficou bastante pesado/ocupado. Se em algum acontecimento toda a gente desejar telefonar, não significa que o sistema não funciona, o sistema continua a funcionar, mas mais lentamente. O mesmo já sucedeu em Nova Iorque , Índia e outros países. Isto acontece sempre que a rede estiver congestionada», explicou José Brandão.

Afirmou que a Timor Telecom, segundo a Lei, acede ao pedido feito pelo Tribunal e cumpre todos os mandatos do Tribunal.

«Mas a Timor Telecom não pode fazer o que não pode fazer. Não houve nenhuma autoridade que pediu à Timor Telecom para fazer gravações de conversas telefónicas. Mesmo que o tivessem pedido, a Timor Telecom não poderia fazê-lo por não ter equipamentos para isso», explicou.

Segundo José Brandão, o sistema da Timor Telecom em Timor-Leste está a funcionar normalmente, com o aumento do número de clientes e a expansão da cobertura de rede.

«Como disse, quando muita gente telefona à mesma hora ou no mesmo minuto, claro que o nosso telefone pode não ter acesso à rede. Por isso surgiu o acontecimento do dia 11 de Fevereiro. Portanto, será melhor falarmos só sobre o que é importante, não façamos longas conversas quando toda a gente deseja telefonar», declarou Brandão.

Sobre os números telefónicos dentro e fora do país, há no total 127 chamadas que o Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, declarou ao público, a Timor Telecom dará uma explicação. José Brandão explicou que as informações dadas pela Timor Telecom foram informações confidenciais que foram entregues directamente ao Tribunal a pedido do Tribunal e não deverão ser dadas a qualquer indivíduo.
JNSemanário.

PGR Monteiro: “Timor Telecom dificulta os serviços do Ministério Público”

O Procurador-Geral da República (PGR), Longuinhos Monteiro, reconhece que os serviços do Ministério Público não decorreram com efectividade no País, porque a companhia Timor Telecom dificultou qualquer tipo de serviço relacionado com os serviços de inteligência sobretudo na área de telecomunicação.

Longuinhos Monteiro referiu-se a esta questão aos representantes do povo no “Uma Fukun” Parlamento Nacional, segunda-feira (14/4) quando foi convidado formalmente pelos membros do Parlamento Nacional para prestar declarações sobre o atentado de 11 de Fevereiro, a tentativa de matar o Chefe do Estado e do Primeiro-Ministro da Nação de Timor-Leste.

«A companhia Timor Telecom não tem um sistema favorável e assim o PGR não consegue detectar os contactos telefónicos dos criminosos. Portanto a Timor Telecom dificultou os serviços do PGR» lembrou Longuinhos Monteiro, referindo-se aos serviços da TT durante o atentado de 11 de Fevereiro.

Longuinhos Monteiro declarou ainda que a evidência forte é a de que o PGR tem feito cooperações com a companhia TT, 107 clientes estão para serem investigados, mas nenhum deles está registado na captação da rede da Timor Telecom.

Segundo Longuinhos Monteiro, os serviços da Timor Telecom dificultaram os serviços do PGR, portanto não se deve apenas culpar o PGR mas também a companhia Timor Telecom, pela razão de que após o atentado os equipamentos da TT para a captação e o sistema aplicado foram desfavoráveis.

Apesar do sistema de tecnologia da TT não ter sido eficiente, Longuinhos tem como compromisso forte ter ligações com a Austrália para ver como é que os serviços do PGR poderão ter um melhor progresso no futuro.

«Tenho esperança que através de contactos com a Austrália no fim os fugitivos ou os rebeldes serão capturados e assim veremos o desenvolvimento no futuro», prometeu Longuinhos Monteiro.

Além da questão levantada sobre a insuficiência de serviços da Timor Telecom no atentado de 11 de Fevereiro, o Vice-Chefe da bancada FRETILIN, Francisco Miranda Branco, afirmou que a sua bancada propõe e pede à Timor Telecom para explicar detalhadamente a matéria no “Uma Fukun” Parlamento Nacional, para assim os representantes do povo poderem transmitir informações ao povo.

«Penso que a Timor Telecom não pode brincar mais, deve vir explicar detalhadamente no Parlamento Nacional. Porque ouvi dizer que há uma central em Portugal e essa central pode fazer a gravação de contactos telefónicos. Por outro lado, a explicação do PGR Longuinhos Monteiro afirma que não há captação, portanto penso que o PN tem de convidar o director da companhia Timor Telecom para explicar detalhadamente, se não as pessoas ficarão ainda mais confusas», acrescentou o líder da FRETILIN.

Por outro lado o membro do Parlamento Nacional da bancada Partido Democrático (PD) Vital dos Santos afirmou ainda que o sistema da companhia Timor Telecom no atentado de 11 de Fevereiro demonstra claramente que os equipamentos da Timor Telecom não são modernos ou seja não há equipamentos completos para fazer captação de conversações telefónicas dos grupos de rebeldes no terreno.
JNSemanário.

Detido mais um elemento do grupo de Salsinha

Data: 22-04-2008
Júlio Soares Guterres, elemento das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) envolvido no 11 de Fevereiro, foi hoje detido e colocado em prisão preventiva.

Este elemento do grupo do ex-tenente Gastão Salsinha participou no ataque contra a coluna de viaturas em que seguia o primeiro-ministro Xanana Gusmão, a sul de Díli.

Poucos dias depois, Júlio Soares Guterres 'Rambo' separou-se do grupo de Gastão Salsinha e continuou fugido nas montanhas de Ermera, oeste do país, até se entregar hoje às autoridades de Díli.

Júlio 'Rambo' foi interrogado hoje à tarde (hora local) pelo juiz internacional Ivo Rosa, que aplicou a medida de prisão preventiva.

Até agora, estão em prisão preventiva dez elementos do grupo de Gastão Salsinha e do major Alfredo Reinado, arguidos no processo do 11 de Fevereiro.

Angelita Pires, ex-assessora legal e namorada de Alfredo Reinado, está indiciada no mesmo processo, aguardando julgamento em liberdade mas com interdição de se ausentar do país.

Continuam a monte 13 suspeitos com mandado de captura emitido, incluindo Gastão Salsinha, que lidera o grupo de fugitivos depois da morte do major Reinado no ataque à casa do Presidente José Ramos-Horta.

O primeiro-ministro, Xanana Gusmão, deslocou-se hoje a Ermera para informar as populações de que o distrito iria continuar sob estado de sítio, incluindo o recolher obrigatório durante a noite.

A operação Halibur de captura do grupo de Salsinha tem estado concentrada no distrito de Ermera.

Termina hoje o regime de excepção, decretado e renovado em todo o país a seguir aos ataques de 11 de Fevereiro, mas a renovação do estado de sítio em Ermera foi hoje aprovada pelo Parlamento Nacional.

Após a leitura de uma carta do Presidente da República e da apresentação dos relatórios do primeiro-ministro e do chefe do Estado-Maior das F-FDTL, o Parlamento aprovou a continuação do estado de sítio em Ermera, com 29 votos a favor, 18 contra e 11 abstenções.


Lusa

Timor Leste suspende estado de emergência

terça-feira, 22 de abril de 2008 07:59 BRT
DILI, Timor Leste (Reuters) - O Parlamento do Timor Leste decidiu, nesta terça-feira, suspender o estado de emergência imposto depois do ataque contra o presidente José Ramos-Horta em fevereiro, disse o porta-voz Fernando de Araújo.

A decisão foi adotada depois de o presidente Ramos-Horta ter pedido ao Parlamento para suspender a medida. O estado de alerta, no entanto, será mantido por mais um mês no distrito onde estariam escondidos os rebeldes envolvidos na tentativa de assassinato.

O estado de emergência foi declarado no Timor Leste depois de homens ligados ao líder rebelde Alfredo Reinado terem atacado Ramos-Horta, de 58 anos, e o primeiro-ministro Xanana Gusmão em Dili, em fevereiro.

Ramos-Horta, vencedor do Prêmio Nobel, voltou na semana passada ao Timor Leste, depois de passar mais de dois meses na Austrália para tratamento médico. Gusmão escapou sem ferimentos de um atentado cometido contra ele separadamente.


(Por Tito Belo)

Ex-namorada de rebelde é proibida de sair do Timor Leste

Dili, 21 abr (Lusa) - Angelita Pires, ex-assessora legal e namorada do major rebelde Alfredo Reinado, está, a partir desta segunda-feira, proibida de sair do Timor Leste por decisão do tribunal, disse à Agência Lusa o juiz que cuida do processo, Ivo Rosa.

Ivo Rosa, magistrado internacional em serviço no Timor Leste, interrogou Angelita Pires nesta segunda-feira durante mais de quatro horas.

No final do interrogatório, o juiz impôs à ex-colaboradora de Alfredo Reinado o impedimento de saída do país, uma medida de coação mais grave do que o termo de identidade e residência, que lhe tinha sido aplicado em fevereiro.

Angelita Pires é indiciada pela prática de dez tentativas de homicídio, duas com intenção de matar, referentes aos ataques de fevereiro contra o presidente José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão.

A ex-assessora de Alfredo Reinado também responde pelo crime de atentado contra a segurança do Estado, punido pelo artigo 104º do Código Penal Indonésio, em vigor no Timor Leste.

Angelita Pires havia sido interrogada poucos dias depois dos ataques de 11 de fevereiro (noite do dia 10 no Brasil), "mas surgiram, desde então, novos dados no processo, incluindo declarações dos acusados, que apontam para o seu envolvimento nos fatos em causa", afirmou Ivo Rosa à Lusa.

Alfredo Reinado liderou o ataque contra a residência de José Ramos-Horta, no qual acabou morrendo.

Cerca de meia hora depois da morte do major Reinado, um de seus homens alvejou o presidente timorense, que ficou ferido com gravidade e foi transferido para Darwin, Austrália.

Na mesma manhã, o atual líder rebelde, Gastão Salsinha, atacou a comitiva em que seguia Xanana Gusmão, que escapou ileso.

Angelita Pires, que cresceu em Darwin e vem de uma família de exilados timorenses, voltou ao Timor Leste no final de 1999.

Mais tarde, se tornou tradutora da Procuradoria-Geral da República, onde passou, ao fim de algum tempo, a trabalhar como assessora jurídica, embora não tenha nenhuma formação acadêmica específica em Direito.

Angelita Pires, que reconhece a ligação amorosa com Reinado, tem declarado, nas últimas semanas, que é inocente das acusações que lhe são dirigidas, como as feitas pelo presidente José Ramos-Horta, que a relacionou diretamente com os acontecimentos de 11 de fevereiro.

Ramos-Horta afirmou à Lusa que a Polícia Federal Australiana descobriu a existência de uma conta bancária em uma agência de Darwin com quase um US$ 1 milhão, em nome de Angelita Pires e Alfredo Reinado.

domingo, 20 de abril de 2008

Dois sismos sentidos em Timor-Leste

19 Abril 2008 - 13h36
Não há relato de vítimas ou estragos

Timor-Leste foi este sábado abalada por dois terramotos, que não causaram feridos.

O primeiro abalo de, de magnitude 6,4 da escala de Richter, atingiu a costa norte timorense.
Horas depois, a capital Díli sentiu um terramoto com magnitude de 6,3 na escala de Richter.
Os dois sismos tiveram o epicentro no Mar de Banda, Indonésia, a cerca de 90 quilómetros a norte de Díli.
As autoridades não chegaram a lançar nenhum alerta de tsunami e não registo de vítimas ou estragos.

Timor: Militares detidos na Indonésia tinham mandado captura

A detenção de três militares timorenses na Indonésia por suspeita de envolvimento nos atentados de 11 de Fevereiro foi feita ao abrigo de mandados de captura emitidos pelo governo de Timor-Leste, disse hoje o presidente indonésio.

«Ontem de manhã (quinta-feira) e esta manhã, a polícia indonésia conseguiu deter três timorenses. Eles foram interpelados à luz de mandados de captura difundidos pelo governo timorense», declarou Susilo Bambang Yudhyono aos jornalistas em Jacarta.

«Trata-se de três soldados timorenses, não de indonésios«, frisou o presidente indonésio, referindo que os detidos são suspeitos de envolvimento nos ataques de 11 de Fevereiro, em Díli.

O presidente indonésio escusou-se a dar mais informações, »por agora«, sobre as detenções.

Os ataques de 11 de Fevereiro tiveram como alvos o presidente timorense, José Ramos-Horta, ferido a tiro com gravidade, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que escapou ileso.

Susilo Bambang Yudhyono declarou ainda ter ficado surpreendido com »declarações em Díli do presidente Ramos-Horta, segundo as quais pessoas na Austrália e na Indonésia estavam implicadas« nos atentados.

«Fiquei um pouco surpreendido», declarou.

Ramos-Horta disse à Agência Lusa na quarta-feira que «elementos ligados aos Kopassus indonésios», as forças especiais com uma longa história durante a ocupação de Timor-Leste, estiveram ligados ao 11 de Fevereiro.

«São gente vingativa e a linha dura de alguns militares não aceita a independência«, explicou José Ramos-Horta sobre essa suspeita.

A agência indonésia Antara noticiou hoje que o Governo de Jacarta pediu provas a Ramos-Horta sobre o alegado envolvimento de indonésios nos ataques de 11 de Fevereiro.

«Nós precisamos que a acusação esteja suportada pela substância», disse o ministro de Negócios Estrangeiros da Indonésia, Hassan Wirajuda.


Diário Digital / Lusa

Ramos-Horta agradece «apoio inestimável» da GNR

O Presidente José Ramos-Horta agradeceu esta sexta-feira em Díli «o apoio inestimável» da GNR em Timor-Leste e recordou a intervenção do contingente português a 11 de Fevereiro, noticia a agência Lusa.

«Os médicos aconselharam-me a ter calma nas minhas actividades», afirmou José Ramos-Horta aos jornalistas no quartel do Subagrupamento Bravo da GNR, em Caicoli, Díli, na primeira cerimónia pública após regressar ao exercício das funções de chefe de Estado.

«Por recomendação médica, eu não viria, mas em relação à GNR eu não podia deixar de fazer um esforço especial para estar presente, para agradecer a toda a corporação o apoio inestimável que tem dado ao povo timorense desde Maio de 2006», explicou o Presidente da República.

«Creio que, até agora, não faltei a uma cerimónia de despedida de cada contingente que cá tem estado», acrescentou o chefe de Estado timorense.

José Ramos-Horta participou da cerimónia de condecoração dos 141 militares da GNR e da equipa de três elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) com a Medalha de Mérito Liberdade e Segurança na União Europeia.

A condecoração é atribuída pelo ministério da Administração Interna português e na cerimónia esteve presente o comandante-geral da GNR, tenente-general Mourato Nunes.

«Embora a situação de anarquia ou violência de 2006 tenha sido a pior», José Ramos-Horta sublinhou «o significado dos incidentes do 11 de Fevereiro, com a agressão contra o Presidente da República e o primeiro-ministro».

«Foi o incidente mais grave e que poderia ter desembocado numa situação muito mais grave à escala de todo o país», declarou José Ramos-Horta.

Acudido por um GNR

O chefe de Estado timorense foi atingido a tiro no exterior da sua residência em Díli e teve que ser evacuado para Darwin, Austrália, de onde regressou quinta-feira.

«Foi um enfermeiro da GNR que chegou a mim quando eu estava ainda no chão. Eu vi-o na ambulância, reconheci-o», recordou esta sexta-feira José Ramos-Horta, referindo-se ao enfermeiro do INEM.

«A nossa ambulância não tinha qualquer enfermeiro ou médico a bordo. Foi ele que saltou para dentro e veio», acrescentou o Presidente da República.

A GNR participa, desde o regresso de José Ramos-Horta, na segurança pessoal do Presidente.

Quinze elementos da Secção de Operações Especiais da GNR asseguram, em permanência, 24 horas por dia, a escolta pessoal de José Ramos-Horta, mesmo na sua residência, em complemento à segurança da Polícia Nacional timorense.

«Creio que é um exagero eu ter tanta segurança mas não sou eu que decido em relação a isso, ou já não me vão deixar decidir, já não me vão ouvir, porque no passado eu mandava-os embora», afirmou o Presidente da República.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Igreja de Ermera espera rendição do Tenente Salsinha dentro de alguns dias

O processo de rendição de Gastão Salsinha tem estado a ser mediado pela Igreja do distrito de Ermera, onde os párocos aguardam com expectativa a entrega do tenente e dos seus colaboradores. Num contacto feito esta manhã pelo jornalista Luís Nascimento, o pároco de Gleno revelou que espera que os militares se entreguem no espaço de uma semana.

Ramos- Horta já está em casa


O Presidente timorense já está em Timor, depois de dois meses a recuperar em Darwin, dos ferimentos sofridos no atentado de 1 de Fevereiro. Foi recebido por milhares de pessoas no Aeroporto de Díli que saudaram o regresso de Ramos-Horta com aplausos e danças tradicionais.

Entre os milhares de timorenses que aguardavam Ramos-Horta estavam o presidente interino, Fernando “La Sama” Araújo, o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, o ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri, chefias militares, os bispos católicos e o corpo diplomático creditado em Díli, entre os quais o chefe de missão da ONU.

As primeiras palavras do Prémio Nobel foram para os homens que lhe tentaram tirar a vida. “Deixe-se de aventuras. A vossa aventura e irresponsabilidade ao longo de meses, de não me ouvirem, já custou vidas”, afirmou o presidente timorense, dirigindo-se a Gastão Salsinha, o líder dos fugitivos ligados ao ataque de 11 de Fevereiro, na conferência de imprensa que deu no Aeroporto Internacional Nicolau Lobato, em Díli.

José Ramos-Horta deixou também um apelo a Gastão Salsinha, “Entregue-se ao pároco em Gleno ou Mabisse. Confio totalmente nesta igreja timorense. Ela saberá como contactar as autoridades para os entregar à justiça”.

“Apesar de eu ter sido atingido, eu não queria que o Salsinha ou outro timorense perdesse a vida. Já basta! Demasiados timorenses perderam as suas vidas”, acrescentou o líder timorense.

“Salsinha tem de se entregar. Ele disse que esperava pelo meu regresso para se entregar. Eu prefiro que ele procure a igreja”, insistiu o chefe de Estado timorense.

Na conferência de imprensa à chegada a Timor, Ramos-Horta desmentiu que tivesse convidado Alfredo Reinado para ir a sua casa para ser abatido numa armadilha. “Nunca convidei Alfredo Reinado para a minha casa, nunca marquei qualquer reunião com ele, nunca o convidei para vir às 07h00 da manha a minha casa”, afirmou o Presidente timorense.

Alfredo Reinado morreu no atentado, de 1 de Fevereiro, contra Ramos Horta, no entanto o presidente timorense declarou “que não queria que Alfredo Reinado morresse”.

José Ramos-Horta regressa ao país ainda com rebeldes à solta, mas afirma que não tem medo que lhe façam mal. “Nunca tive medo. Mesmo em 2006 (ano da crise instirucional e de segurança em Timor-Leste) ia a todo o lado, até onde havia tiros. Às vezes diziam-me que tinha sido uma loucura”, revelou.

Depois da conferência de imprensa no aeroporto de Díli, José Ramos-Horta dirigiu-se para o Parlamento Nacional onde reassumiu a presidência do país, seguindo depois para a casa onde tudo aconteceu, em Metithaut.

Cristina Sambado, RTP
2008-04-17 09:07:41

Ramos-Horta: Nunca convidei Reinado para minha casa às 7:00

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, desmentiu que, no dia 11 de Fevereiro, o major rebelde Alfredo Reinado tivesse ido a sua casa a seu convite às sete da manhã para ser abatido numa armadilha.

Ao falar à chegada a Dili, depois de mais de dois meses de convalescença na Austrália do atentado a tiro que sofreu à porta de casa e no qual Alfredo Reinado foi abatido, Ramos-Horta desmentiu que tivesse tomado a iniciativa de atrair rebeldes a um armadilha em sua casa.

«Nunca convidei Alfredo Reinado para minha casa, nunca marquei qualquer reunião com ele, nunca o convidei para vir às sete da manhã a minha casa», disse Ramos-Horta à chegada, cerca da 08:00 (00:00 de Lisboa), numa conferência de imprensa no aeroporto de Díli.

À espera do Presidente de Timor-Leste estavam o Presidente interino, Fernando «La Sama» Araújo, o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, chefias militares, os bispos católicos e o corpo diplomático acreditado em Timor-Leste, entre os quais o chefe da missão da ONU.

Falando em português, inglês e tétum, consoante as perguntas, Ramos-Horta considerou que o seu erro foi ter «sido ingénuo a pensar que podia convencer alguém a entregar as armas».

«Alfredo Reinado não veio com boas intenções», comentou Ramos-Horta. «Não queria que AlfredoReinado morresse, nem que nenhum peticionário morresse, mas o Reinado e o [o outro comandante rebelde] Salsinha são os únicos que podiam explicar o que queriam.»

Na conferência de imprensa, Ramos-Horta teve um momento de emoção, quando declarou: «Não quero que mais nenhum timorense morra.»

Ramos-Horta pediu desculpas: «Estou muito emocionado», disse, em inglês.

Diário Digital / Lusa

Ramos-Horta regressa com “dores persistentes” mas “fisicamente preparado”


16.04.2008 - 19h28 Adelino Gomes
Mal chegue a Timor-Leste, amanhã, às 08h00 (início da madrugada em Lisboa), José Ramos-Horta assumirá, de imediato, as funções presidenciais, detidas interinamente, desde o atentado de 11 de Fevereiro, pelo Presidente do Parlamento, Fernando “Lasama” de Araújo. “Fisicamente estou preparado, eu diria, a 80/90 por cento. Ainda tenho dores persistentes, resultado dos nervos que foram afectados e que levam tempo a sarar. Emocionalmente, só posso dizer depois de regressar”, declarou ao PÚBLICO, num contacto telefónico horas antes de partir de regresso a Díli.

A sua prioridade, no regresso à chefia do Estado timorense, é a de continuar o diálogo com todas as forças parlamentares, interrompido há oito semanas por um atentado que o obrigou a submeter-se a várias intervenções cirúrgicas, primeiro num hospital de campanha do contingente australiano estacionado em Timor-Leste e posteriormente num hospital em Darwin.

“Vou continuar o diálogo e tenho a certeza de que chegaremos a um consenso”, disse referindo-se em concreto à exigência de eleições antecipadas, feita pela Fretilin à AMP (Aliança para a Maioria Parlamentar, no poder].

Interrogado sobre o que dirá ao povo timorense e aos deputados timorenses, quando chegar a Díli, Horta disse que felicitará, em primeiro lugar, o Presidente interino “pela dignidade e serenidade com que assumiu as rédeas do país”, bem como “os deputados e partidos políticos que têm sabido manter-se unidos, apesar de umas trocas de insinuações, e em particular o povo timorense”.

Ramos-Horta salientou que “ao contrário do que aconteceu em muitos países, que imediatamente caíram em guerra civil, as instituições do Estado em Timor-Leste continuaram a funcionar” e que “não houve qualquer incidente desde a tentativa de assassinato” de que foi alvo.

Díli em festa

O Governo de Timor-Leste deu tolerância de ponto até às 10h30 e convidou a população a ir para a rua, para saudar o regresso de José Ramos-Horta. A capital timorense preparou-se para receber o presidente “condignamente”, disse uma moradora ao PÚBLICO. Para além de “grandes cartazes com foto a desejar-lhe bom regresso”, as ruas “esburacadas” estavam a ser reparadas. “especialmente a estrada da Areia Branca [onde se situa a residência privada do chefe do Estado], que está a ser asfaltada de novo.” No local, a segurança era “apertada”, com a casa a ser “passada a pente fino”, assim como as redondezas.

“Amanhã, ninguém vai lembrar-se que ainda vigora o estado de emergência na cidade! É dia de festa”, disse a mesma moradora.

À chegada, Ramos-Horta dará uma conferência de imprensa de 30 minutos no aeroporto Nicolau Lobato, devendo deslocar-se depois ao Parlamento Nacional, para uma intervenção de 5 minutos, a anteceder outra maior na próxima segunda-feira.

Antes de partir para Díli, Horta jantou com familiares, depois de, ao almoço, ter orado com o bispo luterano norueguês e membro do Comité Nobel, Gunnar Stalsett, informou o enviado da agência Lusa, Pedro Rosa Mendes.

Timor-Leste: Ramos-Horta regressa da Austrália

Darwin, 16 Abr (Lusa) - O presidente de Timor-Leste regressa hoje ao seu país, partindo dentro de momentos da Austrália, onde recebeu tratamento médico, depois de ter sido alvo de um atentado a 11 de Fevereiro, que quase lhe custou a vida.

O avião de José Ramos-Horta deverá partir de Darwin às 6:30 de quinta-feira (22:00 de quarta-feira em Lisboa).

O presidente é acompanhado por 24 pessoas, incluindo os embaixadores da Austrália em Dili e de Timor-Leste na Austrália.

O bispo norueguês Gunnar Stalsettgg, o filho Loro Horta, o médico pessoal, Rui Araújo, jornalistas e familiares acompanham também o Presidente de Timor-Leste.

No ataque à sua residência pelo grupo do major Alfredo Reinado, José Ramos-Horta foi ferido com balas que lhe rebentaram a parte inferior do pulmão direito "e abriram um buraco negro de quase um palmo nas costas", como recorda uma das irmãs do Presidente, Rosa Horta Carrascalão.

"O anestesista da clínica australiana do heliporto disse-me mais tarde que, quando mudaram o meu irmão da sala de anestesia para a sala de operações, ele estava a morrer. A cara estava toda azul", contou Rosa Horta Carrascalão à Lusa.

"Se a ambulância tivesse demorado mais uns minutos ou se o tivessem levado para o hospital central, o Presidente estaria morto", acrescentou.

"Tenho duas costelas soltas, a décima e a décima primeira do lado direito, que foram separadas da coluna por uma bala", contou hoje Ramos-Horta à agência Lusa.

"Também fiquei com três estilhaços cá dentro. Um dia, talvez sejam expulsos naturalmente pelo corpo", disse Ramos-Horta ao explicar as dores que ainda sente, "um desconforto" para o qual continua a ser medicado.

As costelas suspensas e, sobretudo, o facto de as balas terem atingido dois nervos vitais na região abdominal acentuam as dores na posição sentada.

"Não posso estar muito tempo sentado", explicou o Presidente antes de uma das últimas sessões de fisioterapia em Darwin.

José Ramos-Horta tem estado quase sempre em traje desportivo nesta semana de despedida de Darwin: calções, sapatos de "jogging", t-shirt branca.

Quando se senta, os calções deixam ver uma enorme mancha púrpura, rectangular, na coxa direita.

"Fizeram um enxerto da pele na perna para fechar a ferida nas costas. Fazem isso quase como daquela maneira de cortar queijo com uma lâmina", explicou o Presidente sem sinal de incómodo.

O atentado tem ainda contornos por esclarecer.

Ramos Horta disse hoje à Lusa que "Não foi mão timorense", repetindo a sua convicção de envolvimento estrangeiro.

Marcelo Caetano, o militar que o Presidente reconheceu como sendo o autor dos disparos que o atingiram, é, assim, "uma mão que teve uma mão por trás".

"Alfredo Reinado e Angelita Pires (assessora legal do major) tinham uma conta em conjunto, com um milhão de dólares, aqui na Austrália", disse, citando a informação que lhe foi prestada pela Polícia Federal Australiana.

Acredita também que "elementos ligados aos Kopassus indonésios", as forças especiais com uma longa história durante a ocupação de Timor-Leste, estiveram ligados ao 11 de Fevereiro.

José Ramos-Horta volta a um país ainda com rebeldes à solta mas diz que não tem medo que alguém lhe faça mal."Nunca tive. Mesmo em 2006 (ano da crise institucional e de segurança em Timor-Leste), ia a todo o lado, até onde havia tiros. Às vezes diziam-me, depois, que tinha sido uma loucura", contou.

O Presidente vai voltar para a casa onde tudo aconteceu, em Metihaut, e diz ter consciência de que o que se passou a 11 de Fevereiro pode voltar a acontecer.

"Pode. Mas eles não voltam duas vezes ao mesmo sítio", rematou.


PRM/MF.

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2008-04-16 22:10:01

O Nosso Presidente esta de Volta a Timor-Leste


Saudacoes de amizade ao Nosso Presidente Jose Ramos Horta.