segunda-feira, 25 de agosto de 2008

ONU nega acusações de Ramos-Horta

A polícia de Díli nunca respondeu quando recebeu o pedido para enviar reforços. E o próprio presidente tinha apenas dois guarda-costas, armados apenas com uma pistola cada, a acompanhá-lo nessa manhã
Da Redação com BBC online
Díli - A missão das Nações Unidas em Timor-Leste, UNMIT, rejeitou acusações do presidente José Ramos-Horta de que tinha sido lenta na resposta que deu aos atentados frustrados de 11 de Fevereiro nos quais sofreu graves ferimentos. O presidente tinha dito que as forças internacionais da UNMIT não foram suficientemente rápidas em prestar-lhe auxílio médico e em deter os perpetradores. Num relatório confidencial a que a BBC teve acesso, a UNMIT diz no entanto que a vida do presidente foi provavelmente salva justamente porque a missão enviou uma enfermeira com a polícia para o socorrer. A missão da ONU salienta ainda que o próprio Governo timorense esperou dois dias antes de proceder à perseguição dos soldados rebeldes e que a maior parte dos guardas presidenciais desertou dos respectivos postos quando estes atacaram. O relatório reconhece que, se as comunicações tivessem sido mais eficazes, a polícia internacional da missão da ONU em Timor-Leste teria socorrido o presidente Ramos-Horta quatro minutos mais cedo o que, sustenta, "não teria tido um impacto significativo. "O que foi crucial", salienta o documento, "foi a decisão da UNMIT de enviar juntamente com a polícia uma enfermeira que prestou ao presidente tratamento médico de emergência decisivo para que a sua vida fosse salva." O relatório diz que, à excepção de quatro, todos os soldados que guardavam a residência presidencial desertaram dos seus postos quando os rebeldes chegaram.O ONU reconhece que ocorreram falhas na resposta que deu ao segundo atentado - contra o primeiro-ministro Xanana Gusmão - tais como atrasos na chegada à sua residência, as condições em que efectuou a evacuação da sua família e a preservação das cenas do crime. Mas os insucessos mais graves, salienta o relatório, foram da responsabilidade das próprias forças timorenses, como especificou a correspondente da BBC em Jacarta, Lucy Williamson, que teve acesso ao documento confidencial da ONU. "O relatório diz que à excepção de quatro, todos os soldados que guardavam a residência presidencial desertaram dos seus postos quando os rebeldes chegaram", desvendou. "A polícia de Díli nunca respondeu quando recebeu o pedido para enviar reforços. E o próprio presidente tinha apenas dois guarda-costas, armados apenas com uma pistola cada, a acompanhá-lo nessa manhã - e que abandonaram o local quando o tiroteio começou", acrescentou a correspondente da BBC em Jacarta. Finalmente o documento nega que as forças da ONU em Timor -leste tivessem sido lentas na perseguição dos perpetradores. "A captura dos rebeldes não foi uma prioridade para o próprio Governo timorense, que estava mais empenhado em proteger a cidade iniciando a busca do paradeiro dos rebeldes dois dias após os atentados", remata.

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