segunda-feira, 30 de julho de 2007

Timor Leste: Fernando «La Sama» eleito presidente do Parlamento




O líder do Partido Democrático, Fernando «La Sama» de Araújo, foi hoje eleito presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste.

Fernando «La Sama» de Araújo foi eleito com 41 votos dos 65 deputados do novo Parlamento, contra 24 votos do deputado da Fretilin Aniceto Guterres.

Timor Leste: Dois candidatos disputam o Parlamento até 3ª feira no Timor



29-07-2007 10:25:44

Díli, 29 Jul (Lusa) - Dois candidatos disputam a Presidência do Parlamento no Timor Leste. Aniceto Guterres, da situacionista Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), e Fernando (La Sama) de Araújo, da Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), são os candidatos da escolha que deve ser feita até terça-feira.

A Fretilin venceu as eleições legislativas de 30 de junho sem maioria absoluta, com 29,02% dos votos válidos, enquanto os quatro maiores partidos da oposição (CNRT, ASDT/PSD e PD) constituíram a chamada AMP.

A escolha de Guterres, aprovada hoje pelo Comitê Central da Fretilin, foi justificada pelo "seu envolvimento na luta de libertação nacional e na defesa consistente e intransigente dos direitos humanos".

Um comunicado da Fretilin, divulgado no início da noite deste domingo em Díli (manhã no Brasil) acrescentou "as suas qualidades em termos de clareza de princípios, integridade e capacidades de liderança".

Guterres é membro do Conselho de Estado e co-fundador da organização de Direitos Humanos Yayasan HAK. Foi também membro de uma das principais organizações estudantis, a Renetil, durante a ocupação Indonésia do território timorense.

A Renetil foi liderada por La Sama e foi nas estruturas juvenis e clandestinas da resistência timorense que começou o percurso político do atual presidente do Partido Democrático (PD).

O líder da Renetil, preso pela Indonésia, passou seis anos e quatro meses na cadeia de Cipinang, Jacarta, a mesma onde esteve Xanana Gusmão, ex-presidente do Timor Leste e atual presidente da legenda oposicionista Congresso Nacional de Recontrução do
Timor Leste (CNRT).

"Foi nos anos de Cipinang que aprendi com Xanana, com outros prisioneiros políticos. A minha formação política vem de Cipinang", afirmou o líder do PD durante a campanha para as eleições presidenciais de 9 de abril.

La Sama foi o terceiro candidato mais votado no primeiro turno, muito próximo de José Ramos Horta, que no segundo turno conseguiu a vitória nas eleições presidenciais.

sábado, 28 de julho de 2007

Timor Leste: Coalizão elege Xanana Gusmão primeiro-ministro do Timor-Leste



Sábado, 28 de julho de 2007, 03h20

A Aliança Majoritária no Parlamento (AMP), que controla 37 das 65 cadeiras do Legislativo no Timor-Leste, elegeu hoje Xanana Gusmão para ocupar o cargo de primeiro-ministro e Fernando Lasama para presidir a câmara.

A escolha foi feita à revelia da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), partido mais votado nas eleições legislativas do mês passado.

"Hoje, todos nós, membros da AMP, elegemos Xanana Gusmão como primeiro-ministro e Fernando Lasama de Araújo como presidente do Parlamento, esperando que o presidente José Ramos Horta nos encarregue, na próxima semana, de formar um Governo sem a participação da Fretilin", explicou à Efe o porta-voz da AMP, Cecilio Caminho, em Díli.

A eleição mostra que os partidos que conquistaram representação parlamentar nas eleições de 30 de junho não chegaram a um acordo para formar um Governo de união nacional, como pretendia o presidente.

"O Gabinete terá cerca de 30 membros, entre ministros e secretários de Estado", adiantou Caminho.

A AMP reúne o Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor-Leste (CNRT), fundado por Gusmão, com 18 deputados, a Coalizão ASDT-PSD, que tem 11, e o Partido Democrata (PD), presidido por Lasama, com oito.

A Fretilin, que governa desde a independência, em 2002, obteve 21 cadeiras nas eleições.

O presidente timorense disse que em meados de na próxima semana anunciará o partido político encarregado de formar um Governo.

A Constituição do país estabelece que o presidente peça ao partido mais votado que forme o Executivo.

O Parlamento deve realizar a primeira sessão da nova legislatura nesta segunda-feira.

EFE

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Timor Leste: Australian soldiers injured in East Timor


July 27, 2007 - 8:52PM

Six Australians including five soldiers have been injured in East Timor in a truck accident.

The truck, carrying soldiers and a civilian interpreter, rolled over near the capital Dili about 1.30pm (AEST) today, a Defence spokesman said.

"Immediate medical assistance was provided at the scene to the injured personnel who were then evacuated by helicopter to the medical facility in Dili," Brigadier Andrew Nikolic said.

"None of the injuries have been assessed as being life threatening.

"Our priority at this time is to ensure the injured people receive the best available medical attention and that their families are being notified."

The Department of Defence has not released details of how the accident occurred.

AAP

Timor Leste: Gusmao, East Timor's Former President, May Lead New Government



July 27 (Bloomberg) -- East Timor's former president Xanana Gusmao will probably become the Southeast Asian nation's new prime minister when parliament convenes in three days to choose a head of government.

Gusmao's party, the National Congress for the Reconstruction of East Timor, or CNRT, won 24 percent of the popular vote in June 30 parliamentary elections, second behind the ruling Fretilin party. CNRT formed an alliance with the ASDT-PSD coalition and the Democrat Party, an agreement which gives the group a majority in the assembly.

``Based on the constitution we get to choose the new prime minister,'' Fernando `Lasama' de Araujo, a spokesman for the alliance and leader of the Democrat Party, said by telephone from the capital, Dili. ``Fretilin may have got the most votes but they didn't get a majority so the most they can get is some ministers' positions.''

Gusmao will run a country divided by civil unrest and a jobless rate that stands at 50 percent. While holding the rights to an estimated 8 trillion cubic feet of gas and 300 million barrels of light oil, the nation also known as Timor Leste is one of Asia's poorest with about 42 percent of the population living below the poverty line.

East Timorese voted in a 1999 referendum for independence, 24 years after Indonesia invaded the territory. It became independent in 2002.

The CNRT alliance will put forward Gusmao as prime minister and plans to use the money earned from the Timor Sea oil and gas field to build homes and infrastructure, particularly outside Dili, de Araujo said.

`Strong Team'

Gusmao, who led the armed resistance against Indonesian occupation and was imprisoned for more than six years for his activities, also wants to develop a social security program for veterans of the independence movement.

``He is not going to walk by himself, we are preparing a strong team that will walk with him,'' de Araujo said.

Fretilin, which was formed out of the resistance movement to Indonesian occupation, held 55 seats in the previous 88-seat parliament and has the largest number of registered supporters.

The party won 29 percent of the popular vote and is still talking with all political parties in a bid to build a majority, said Arsenio Bano, Fretilin's vice-president and the minister for labor in the last government.

``No one is considered as defeated right now,'' he said in an interview from Dili. ``Our interpretation of the result is that people still want us to govern but that we won't be able to govern alone.''

Stability Concerns

Fretilin has time to form its own majority, said Helen Hill, a professor at Australia's Victoria University who has written a book about East Timor's democratization.

``Xanana doesn't really have the administrative skills needed to be prime minister so that might convince some of the other party members who are concerned about stability,'' she said. ``I'd be skeptical of whether a coalition that does not include the largest party can succeed for very long in the East Timor environment.''

The country, which borders part of Indonesia on an island north of Australia, has been unstable since 37 people were killed more than a year ago in clashes between groups from the western and eastern regions. The violence drove 150,000 people from their homes, mostly in Dili, and saw Fretilin Prime Minister Mari Alkatiri removed from power after accusations he spurred the violence by firing a third of the armed forces.

An Australian-led peacekeeping force, that went to East Timor last year, should stay until the end of 2008, President Jose Ramos Horta said yesterday after meeting Australian Prime Minister John Howard in Dili.

``We will stay here for so long as we are asked to stay and it's in the best interests of the people of East Timor,'' Howard said, according to an Australian government transcript. ``We've always made it very clear that it cannot be assumed that we will stay indefinitely.''

To contact the reporter on this story: Emma O'Brien in Wellington on eobrien6@bloomberg.net

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Timor Leste: "Ninguém tem o monopólio da verdade, da virtude e das soluções"


ENTREVISTA COM RAMOS HORTA

26.07.2007, Adelino Gomes

O Presidente timorense quer um governo de "grande inclusão". Se os partidos não chegarem a acordo, avançará com a sua decisão

José Ramos-Horta dispõe-
-se a esperar até 31 de Julho, data provável da eleição do novo presidente do Parlamento Nacional, a segunda figura mais elevada na hierarquia do Estado. Se os líderes dos partido - com quem, entretanto, tem vindo a manter reuniões, nos arredores de Díli - não chegarem a acordo quanto à constituição do próximo governo, tomará uma decisão na próxima quarta-feira, 1 de Agosto. Nesta entrevista, cujas respostas foram recebidas ontem de manhã, por correio electrónico, o presidente timorense defende que seria "de toda a prudência" uma solução em que "os líderes e partidos maiores " do país "se juntassem e formassem um governo bem abrangente e representativo de todos e em que todos os timorenses se sintam representados". Pragmatismo, humildade e prudência precisam--se em Timor-Leste, diz o Prémio Nobel da Paz, explicando as razões que levam a Fretilin, de Alkatiri, e o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, a não se entenderem.

Qual é a deadline presidencial para que os partidos cheguem a acordo para um governo de grande inclusão?
O novo Parlamento inicia os seus trabalhos, isto é, a nova legislatura, no dia 30 de Julho, um mês após as eleições. Vamos ver primeiro a eleição do novo presidente do Parlamento Nacional. Lá para o dia 1 de Agosto anunciarei a minha decisão, de acordo com os art.º 85 e 106 da Constituição da República Democrática de Timor-Leste (RDTL).

Esta terça-feira, os jornalistas viram sair da reunião [com ar zangado] o presidente do CNRT, Xanana Gusmão, o que foi interpretado como sinal de que não houve acordo. Acha possível uma solução sem o acordo de uma figura-chave como Xanana Gusmão?
Pensei que ele saiu para fumar porque Xanana não consegue estar muito tempo sentado sem fumar. Claro, não houve acordo. E, se não houver, tomarei uma decisão no dia 1 de Agosto.

Um governo de grande inclusão é a sua solução preferida. Porquê, se toda a crise em que o país mergulhou há mais de um ano teve como base as posições irreconciliáveis entre a liderança da Fretilin, por um lado, e o presidente Xanana, hoje líder do maior partido a seguir à Fretilin, e os outros partidos que formaram com o CNRT uma coligação governamental, por outro?
Continuo a defender que - dado o resultado eleitoral, que revelou uma profunda clivagem regional, e dada a situação ainda frágil que nós atravessamos - seria de toda a prudência que os líderes e partidos maiores deste país se juntassem e formassem um governo bem abrangente e representativo de todos e em que todos os timorenses se sintam representados, canalizando as nossas experiências para duas áreas prioritárias: a estabilização e a recuperação económica. Propus uma agenda de 10 pontos para dois anos. A recém-formada Aliança de Maioria Parlamentar (AMP), liderada pelo CNRT de Xanana Gusmão, quer ser ela a governar; a Fretilin quer ser ela a governar porque é o partido mais votado mas não conseguiria fazer passar o seu programa e orçamento. Acredito sempre que mesmo as posições mais irredutíveis podem ser conciliadas quando há um objectivo maior, mais sublime, mais nobre, a alcançar, que é a paz, a tranquilidade, o bem-
-estar. Os agentes políticos deviam ser mais sensíveis, inteligentes, pragmáticos, humildes, prudentes. Disse várias vezes nas nossas reuniões: ninguém tem o monopólio da verdade, das virtudes e da solução para Timor-
-Leste. No passado, a Fretilin parecia pensar que tinha a exclusividade das verdades e soluções. Hoje já não pensa assim. Fizeram uma reflexão e concluíram que não podem governar sozinhos. Mas teimam em liderar um novo governo abrangente. A AMP parece agora pensar que ela detém o monopólio da verdade, das virtudes e das soluções. Enfim, talvez quando começarem a governar vão ver que governar não é só através de declaração de princípios, que a governação é bem mais complexa e terão que fazer concessões, compromissos e vão precisar da Fretilin.
Já disse que está fora de causa a convocação de eleições intercalares. As opções que restam são: convidar a Fretilin ou a AMP para formarem governo.

Posteriormente, surgiu uma terceira, algo surreal: cada um destes partidos dividirem a legislatura ao meio.
Qual destas soluções (ou outra) favorece? Porquê?
Tomarei uma decisão entre as duas previstas na Constituição[convidar o partido mais votado ou a coligação com maioria parlamentar] no dia 1 de Agosto.

A violência voltou a Díli, no domingo. Um porta-voz da polícia das Nações Unidas admitiu a hipótese daqueles actos terem tido motivações relacionadas com o major Reinado. Um juiz português considerou "ilegais" as ordens presidenciais para que cessassem as buscas para a sua detenção. Em declarações reiteradas, quer de Reinado, quer de Leandro Isaac [no PÚBLICO de 22/7], tudo indica que Reinado não se entregará. Que solução preconiza, perante estes novos dados?
O sr. juiz enganou-se (juízes também se enganam, não são superinteligentes ou sapientes) e podia ter-se informado melhor. O Presidente da República, em sintonia com todos os órgãos de soberania e com a UNMIT (Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste, sigla em inglês), decidiu suspender todas as operações militares contra o sr. Reinado. Não se pronunciou sobre o mandado de captura, já que todos os presentes nas reuniões temos consciência das fronteiras que nos separam em termos das nossas respectivas prerrogativas. Tenho apostado e investido muito no diálogo para que o sr. Reinado se entregue à Justiça, e vou continuar a fazê-lo.

Apesar da demissão de Mari Alkatiri e das eleições presidenciais e legislativas, actos tidos por clarificadores da situação, continua tensa a situação em Timor-Leste. Porquê e o que é necessário para a ultrapassar?
Tensa às vezes. Raras vezes surgem actos de violência, mas não de grande escala. A situação em mais de 99 por cento do país é muito calma. A maior parte de Díli está calma, com muito comércio, muito tráfego, agora com semáforos, iluminação nocturna nalguns bairros, etc. Estamos no bom caminho, com sobressaltos pelo meio. Vamos continuar com determinação, serenidade, com
a consciência da nossa inexperiência, logo das nossas falhas, mas com apoio da ONU, Austrália, Nova Zelândia, Portugal, e outros países vizinhos vamos chegar a bom porto em pouco tempo. A economia está a crescer. Mais embaixadas vão abrir em Díli. A do Kuwait é uma delas. A Comissão Europeia já elevou a sua missão aqui para full delegation. Países asiáticos como Índia, Paquistão, etc., querem abrir embaixadas. Companhias de petróleo de Itália, Índia, Malásia, estão a acorrer ao mar de Timor. Vamos investir algumas centenas de milhões de dólares nos próximos cinco anos em infra-estruturas, estradas e outros investimentos que vão criar milhares de empregos, reduzindo ou mesmo eliminando o desemprego. Portanto, estou optimista, sem exageros, ciente dos desafios, riscos.

A AMP, de Xanana Gusmão, terá que compreender que governar implica fazer concessões, diz Ramos-Horta

Timor Leste: PM australiano comemora aniversário em Díli



O primeiro-ministro australiano comemorou hoje o seu aniversário junto do contingente das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) em Timor-Leste, afirmando que «a Austrália não vira as costas ao povo timorense».

O Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, aproveitou a visita de John Howard para pedir ao Governo de Camberra a permanência das ISF em Timor-Leste «até ao final de 2008», com uma revisão das forças estacionadas no país no final de 2007.

As Forças de Defesa Australianas (ADF) têm cerca de 1.100 militares de diferentes ramos em Timor-Leste, actuando em conjunto com o contingente de cerca de 150 soldados da Nova Zelândia, além de elementos da Polícia Federal integrados na missão das Nações Unidas (UNMIT).

As ISF não estão sob comando das Nações Unidas.

No encontro de cerca de meia hora entre John Howard e José Ramos-Horta, «abordou-se algumas questões relacionadas com segurança», declarou à imprensa o primeiro-ministro australiano.

Na reunião esteve presente o primeiro-ministro e ministro da Defesa timorense, Estanislau da Silva, e o chefe do Estado-Maior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), brigadeiro-general Taur Matan Ruak.

«Não se discutiu o futuro das forças armadas timorenses», declarou à Lusa um dos participantes na reunião.

Em Junho, a divulgação do relatório sobre o futuro das F-FDTL provocou a indignação do chefe da diplomacia australiana, Alexander Downer, e uma troca azeda de declarações entre Camberra e Díli.

«Eu partilho várias opiniões do meu ministro dos Negócios Estrangeiros, incluindo essa», respondeu John Howard quando questionado pela agência Lusa se concorda com a reacção provocada pelo relatório «Defesa 20/20».

John Howard sublinhou a «afeição, interesse e apoio do Governo da Austrália por este país, que ocupa um lugar especial no coração de muitos australianos».

O primeiro-ministro australiano manifestou-se «orgulhoso do papel que [Camberra] desempenhou, a convite do Governo timorense, na ajuda a estabilizar a situação».

«Não viramos as costas ao povo de Timor-Leste, mas compreenderão que o objectivo é sempre a autosuficiência e capacidade» do país, notou John Howard, acrescentando que as ISF têm como objectivo «o dia em que a presença de forças e polícias estrangeiros não será necessária».

«Não ficamos indefinidamente. Não é esse o nosso objectivo», explicou John Howard.

Depois do Palácio das Cinzas, John Howard e a sua mulher almoçaram no heliporto de Díli, base dos meios aéreos das ISF, onde as tropas australianas e neozelandesas comemoraram os 68 anos do primeiro-ministro.

John Howard dirigiu-se às tropas do seu país e aos «kiwis» neozelandeses no hangar dos helicópteros Huey e Black Hawk, recebido pelo comandante das ADF, marechal Angus Houston, e pelo comandante das ISF, brigadeiro-general Mal Rerden.

John Howard regressou a Darwin, Austrália, ao princípio da tarde. Amanhã, o primeiro-ministro estará em Bali, Indonésia, com o Presidente Susilo Bambang Yudhoyono.

Diário Digital / Lusa

26-07-2007 9:28:58

Timor Leste: Tropas australianas ficarão no Timor-Leste até o fim de 2008


Díli, 26 jul (EFE).- As tropas australianas que entraram no Timor-Leste no ano passado com autorização da ONU para ajudar o Governo a sufocar a violência e restabelecer a normalidade ficarão no país até o fim de 2008.
O primeiro-ministro australiano, John Howard, durante uma breve visita à antiga colônia portuguesa, acertou a permanência das tropas numa reunião com o presidente timorense, José Ramos Horta.

"Hoje, na conversa com o primeiro-ministro, pedi que as forças australianas fiquem até o fim de 2008. Podemos fazer uma revisão anual em termos de tamanho e números", disse Ramos Horta.

O líder timorense agradeceu o compromisso da Austrália com seu povo e suas aspirações de independência.

Howard, quem hoje completou 68 anos, lembrou que as tropas se encontram no país com mandato da ONU, para ajudar os timorenses.

"O Timor-Leste tem um lugar especial no coração de muitos australianos. Estaremos aqui pelo tempo que nos pedirem. E o melhor para o povo do Timor-Leste é querer que permaneçamos aqui, obviamente com autorização da ONU. O nosso propósito é estabilizar a situação", afirmou Howard.

A nação atravessa uma delicada situação, sem sair completamente da crise política aberta em 2006. Nas eleições legislativas de 30 de junho, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) venceu com 21 deputados. A maioria é insuficiente para governar com segurança num Parlamento unicameral de 65 cadeiras.

Ramos Horta disse ontem que anunciará na próxima semana o partido encarregado de formar um Governo. EFE flg mf

Timor Leste: Ramos-Horta: "Tomo uma decisão em 1 de Agosto se até lá Fretilin e AMP não chegarem a acordo"


Entrevista ao PÚBLICO

25.07.2007 - 18h03 Adelino Gomes

O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, dispõe-se a esperar por um acordo de governo entre os dirigentes partidários até 31 de Julho, data provável da eleição do novo presidente do Parlamento Nacional, a segunda figura mais elevada na hierarquia do Estado.

Se nenhuma solução interpartidária sair das consultas que vem mantendo, nos arredores de Díli, tomará uma decisão no dia 1 de Agosto, com base nos artigos nº 85 (alínea d) e 106º da Constituição, disse, numa entrevista por e-mail, que o PÚBLICO divulgará na íntegra na sua edição impressa de amanhã.

Nesta entrevista, o Presidente timorense defende que seria "de toda a prudência" uma solução em que "os líderes e partidos maiores" do país "se juntassem e formassem um governo bem abrangente e representativo de todos, e em que todos os timorenses se sintam representados".

Pragmatismo, humildade e prudência precisam-se em Timor-Leste, diz o Prémio Nobel da Paz, lamentando que a Fretilin, de Alkatiri, e o CNRT, de Xanana Gusmão, não se entendam, após as eleições de 30 de Junho, cujos resultados revelaram "uma profunda clivagem regional".

Ramos-Horta contesta declarações do juíz português Ivo Rosa, que declarou ilegais as ordens presidenciais de suspensão das buscas do major Alfredo reinado. "O Presidente da República, em sintonia com todos os órgãos de soberania e com a UNMIT, decidiu suspender todas as operações militares contra o Sr. Reinado. Não se pronunciou sobre o mandato de captura, já que todos os presentes nas reuniões temos consciência das fronteiras que nos separam em termos das nossas respectivas prerrogativas", explicou.

"Estamos no bom caminho, com sobressaltos pelo meio", disse, comentando actos de violência entre gangs de jovens, nas ruas de Díli, domingo passado.

Artigos 85º e 106º da Constituição de Timor-Leste

Artigo 85.º d) Compete exclusivamente ao Presidente da República nomear e empossar o Primeiro-Ministro indigitado pelo partido ou aliança dos partidos com maioria parlamentar, ouvidos os partidos políticos representados no Parlamento Nacional
Artigo 106.º 1. O Primeiro-Ministro é indigitado pelo partido mais votado ou pela aliança de partidos com maioria parlamentar e nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos políticos representados no Parlamento Nacional.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Timor-Leste e ONU lançam apelo por 17,9 milhões de dólares

A comunidade internacional, através das Nações Unidas e de organizações de assistência, lançou hoje com o Governo de Timor-Leste um apelo para reunir 17,9 milhões de dólares (13 milhões euros) em ajuda humanitária, até ao final de 2007.


O responsável humanitário da missão internacional (UNMIT) anunciou também que a distribuição alimentar a metade da população de Díli terminará, nos moldes em que é feita actualmente, dentro de três meses.

A revisão semestral do apelo consolidado para Timor-Leste, discutida hoje numa sessão pública em Díli, coloca em 34,2 milhões de dólares (24,9 milhões de euros) o valor da ajuda necessária para garantir durante este ano a assistência aos deslocados da crise de 2007.

Um número estimado de 100 mil deslocados continuam a viver em campos ou em residências provisórias na capital e por todo o país, segundo a última actualização, divulgada há uma semana pelo ministério do Trabalho e da Reinserção Comunitária.

Díli tem pelo menos 30 mil deslocados, segundo os mesmos dados, parte de uma população de 69 mil pessoas (metade dos residentes da capital) que continuam a depender de ajuda alimentar providenciada pelo Governo e pelas Nações Unidas.

Esta é uma situação "que não pode continuar", declarou o responsável humanitário UNMIT, Finn Reske-Nielsen.

"As pessoas deste país têm que se erguer e andar por si próprias", acrescentou.

"Enquanto dermos comida gratuita a tanta gente, estaremos a prejudicar a recuperação económica de Timor-Leste", sublinhou Finn Reske-Nielsen.

O chefe da componente humanitária da UNMIT anunciou que, depois de vários adiamentos, a assistência alimentar (o chamado "food blanket" na gíria da ONU) "tem de ser progressivamente diminuída" e apenas será feita em "mais três distribuições nos próximos três meses".

"Depois disso, será feita assistência alimentar segundo critérios de vulnerabilidade e só essas pessoas receberão apoio".

O primeiro-ministro Estanislau da Silva referiu que o processo de saída dos deslocados de vários campos em Díli começou com a instalação de 96 famílias em Becora, provenientes do Hospital Central Guido Valadares.

O Governo pretende resolver "com mais urgência" a situação dos deslocados em "campos críticos" como o de Guido Valadares, que Estanislau da Silva definiu como "uma ameaça à saúde pública", o do Aeroporto Internacional e o que fica situado diante do porto de Díli.

"Uma das dificuldades é que até hoje não existe um processo de registo eficaz dos deslocados", referiu Finn Reske-Nielsen.

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2007-07-25 15:10:01

Timor Leste: Consultas para formação de governo no Timor vão até dia 30



25-07-2007 09:22:00

Díli, 25 Jul - O presidente do Timor Leste, José Ramos Horta, anunciou nesta quarta-feira ao país que as consultas para a formação do chamado quarto governo constitucional continuarão até 30 de julho. O líder tem se reunido com representantes de outros partidos nos últimos dias para tentar chegar a um consenso sobre as nomeações.

A Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), partido que venceu as eleições legislativas de 30 de junho sem maioria absoluta (29% dos votos válidos), vem enfrentando dificuldades para compor a nova estrutura depois que as quatro maiores legendas de oposição se agruparam na Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), propondo um governo alternativo.

"Dadas as circunstâncias de fragilidade, que o eleitorado não deu mandato claro a nenhum dos partidos, achei e continuo a achar que o cenário ideal é apontarmos para um governo de grande inclusão", declarou Ramos Horta.

O presidente timorense explicou que a sua proposta é um Executivo "que envolva a maioria dos partidos, com distribuição eqüitativa de lugares no governo".

"Quanto ao lugar de primeiro-ministro, vamos ver", acrescentou Ramos Hortas, em entrevista coletiva no Palácio das Cinzas, sede do governo. "Espero até dia 30, para o Parlamento estar constituído, para anunciar [um governo segundo] a minha modalidade preferida ou uma variante dela".

"Se faço consultas é para auferir alguma coisa, para saber qual das duas opções garante estabilidade governativa", um governo liderado pela Fretilin ou pela AMP. "Não se faz consultas por fazer. Faço diálogo com todos, ouço todos", afirmou o presidente.

Ramos Horta ouviu nesta quarta-feira o bispo de Díli, d. Alberto Ricardo da Silva, representantes do Movimento Unidade Nacional para a Justiça (MUNJ) e a ministra da Administração Estatal, Ana Pessoa, eleita deputada para o novo Parlamento pela Fretilin.

Sobre a audiência com Ana Pessoa, o presidente disse que se inseriu na série de contatos que tem feito com líderes da Fretilin. "Não tenho candidatos a primeiro-ministro. Só os partidos."

Timor Leste: Primeiro Ministro Australiano visita Timor Leste amanha


Exclusivo:
25 de Julho 2007


PM da Australia, John Howard, visitara Timor Leste amanha (Quinta-Feira) por um dia em Dili, capital de Timor Leste, para passar revista as tropas e policias Australianas a servir naquele pais.


PM John Howard vai se encontrar com o novo Presidente de Timor Leste Dr Jose Ramos Horta e provavelmente o PM de Timor Leste, anunciou hoje (Quarta-Feira) J. Howard a ABC radio da Australia Ocidental, Perth.

JM

terça-feira, 24 de julho de 2007

Timor-Leste: «Ninguém sabe o que pensa Reinado»



O comandante das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) afirmou que «ninguém sabe o que pensa Alfredo Reinado» mas adiantou em entrevista à agência Lusa que «não há nenhuma ameaça significativa à segurança em Timor-Leste».

«Aprendi muitas coisas no meu tempo aqui, mas uma delas foi não pensar que é fácil perceber o que lhe vai na cabeça».

«O comportamento de Alfredo Reinado muda constantemente», declarou o brigadeiro-general Mal Rerden, comandante das tropas australianas e neozelandesas que integram as ISF.

«Ele tem uma personalidade complexa. Revela um lado de mentalidade militar 'machista' que, muitas vezes, se atravessa numa abordagem mais lógica da situação», analisou o oficial australiano.

Como adversário, Mal Rerden detecta em Alfredo Reinado «influências e prioridades opostas: algumas vezes parece pensar apenas nele próprio e noutras parece responsável por muito mais gente», acrescentou o brigadeiro-general das Forças de Defesa Australianas (ADF).

O major Alfredo Reinado, sobre quem pende um mandado de detenção, é alvo de uma operação de captura pelas ISF desde o final de Fevereiro de 2007.

Questionado sobre se, em algum momento, deu uma ordem directa e operacional às suas tropas para interromper a captura de Reinado, Mal Rerden respondeu apenas que «as ISF estão em Timor-Leste para garantir um ambiente seguro».

«A dificuldade do terreno» é a explicação de Mal Rerden para o facto de um fugitivo com cerca de 20 homens ter escapado durante 5 meses a uma força internacional de 1250 soldados.

«Em Timor-Leste, quem quiser escapar a coberto da noite e esconder-se na montanha consegue fazê-lo, como sempre aconteceu no passado», recordou o comandante das ISF.

«Esta é a realidade e, para impedir isso, seriam necessários dezenas de milhares de homens».

«Os timorenses têm muita experiência em esconder-se no mato e infelizmente isso deu-lhes várias capacidades e conhecimento em partes remotas da ilha», explicou o comandante australiano.

«Os líderes timorenses foram incrivelmente pacientes com Alfredo Reinado», afirmou também Mal Rerden.

O brigadeiro-general, entrevistado pela Lusa no quartel-general das ISF em Díli, Camp Phoenix, a poucos dias do final da sua missão em Timor-Leste, declarou-se «muito satisfeito» com a «melhoria constante da situação de segurança».

Mal Rerden sublinhou que tem «muito orgulho» no contingente que chefiou desde o final de Outubro de 2006.

«Não é fácil a um exército agir em operações de manutenção de paz», explicou o oficial australiano, «mas os militares das ISF foram sempre muito profissionais e muito controlados».

Dos onze meses que passou em Timor-Leste, Mal Rerden diz ter aprendido, «em primeiro lugar, a resistência dos timorenses».

«É gente muito, muito dura, com uma grande capacidade de resistência, em circunstâncias diferentes, tanto fisica como psicologicamente».

«A segunda coisa é a adaptabilidade dos timorenses, a sua versatilidade. Perante uma dada situação, conseguem encontrar uma maneira de contornar, ou passar por cima, ou lidar com uma situação em que a maior parte das pessoas ficaria bloqueada», declarou Mal Rerden.

«Mesmo no sentido político, são muito flexíveis e acho isso interessante».

«A última coisa que também me surpreendeu foi que, sendo pessoas tão pobres e sem privilégios, os timorenses ainda consigam ser felizes e estejam interessados e em condições de participar na vida», acrescentou o comandante australiano.

O brigadeiro-general, que desempenhou missões em várias representações diplomáticas da Austrália na Europa e Médio Oriente, regressa ao seu país para funções nas ADF.

Diário Digital / Lusa

24-07-2007 8:35:00

Timor-Leste: Xanana abandona reunião com Ramos-Horta




Xanana Gusmão, presidente do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), abandonou hoje a reunião da Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) com José Ramos-Horta, disseram à agência Lusa fontes dos partidos envolvidos.

«A reunião correu muito mal», adiantou à Lusa o presidente de um dos quatro partidos que integra a AMP e que participou no encontro com o chefe de Estado timorense.

Nenhum dos participantes contactados pela Lusa quis comentar o que se passou na reunião, «porque já antes de começar se fez um acordo de ninguém dizer uma palavra sobre o que lá foi dito», explicou um dirigente da AMP.

O Presidente da República reuniu hoje, em separado, com a Fretilin, ao princípio da tarde, e com a AMP, ao final do dia, na tentativa de encontrar uma saída para o impasse pós-eleitoral quanto à formação do novo governo.

Na primeira reunião da tarde, «a Fretilin repetiu que está pronta para ser convidada a formar governo», afirmou à Lusa o vice-presidente do partido e membro do actual Governo, Arsénio Bano.

«Aceitamos, no entanto, que o Presidente da República fale outra vez com os outros partidos, sobretudo com o CNRT», acrescentou Arsénio Bano.

O ministro do Trabalho e Reinserção Comunitária declarou que a reunião da Fretilin com José Ramos-Horta «correu bem».

Três cimeiras de líderes partidários, realizadas por iniciativa de José Ramos-Horta nos últimos dez dias, não produziram uma solução para a formação do IV Governo Constitucional.

Segunda-feira, perante a falta de acordo dos partidos para a formação de um governo de «grande inclusão», José Ramos-Hortas lançou a proposta de a Fretilin e a AMP governarem cada uma em metade da legislatura.

A AMP reúne os quatro maiores partidos da oposição: o CNRT, a coligação do Partido Social-Democrata e da Associação Social Democrática Timorense (PSD/ASDT) e o Partido Democrático (PD), além de contar com o apoio político do Partido de Unidade Nacional (PUN).

A Fretilin venceu as legislativas de 30 de Junho sem maioria absoluta, com 29,02 por cento dos votos.

O novo parlamento reúne-se pela primeira vez a 30 de Julho.

Diário Digital / Lusa

24-07-2007 14:13:00

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Timor Leste: «Intercalares fora de questão» diz Ramos-Horta


O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, declarou hoje que a terceira ronda negocial para a formação de governo foi inconclusiva mas excluiu a realização de eleições intercalares.

José Ramos-Horta afirmou que a reunião entre os líderes dos partidos com assento parlamentar "não produziu nenhum nome para primeiro-ministro nem o partido que formará governo".

O Presidente continuará as consultas com os partidos hoje à tarde (início do dia em Lisboa) e amanhã, porque pretende anunciar a solução para o impasse político na próxima quarta-feira.

«A eleições antecipadas, eu diria como os meus amigos franceses, “hors de question”, fora de questão», declarou o Presidente da República quando interrogado sobre a hipótese de eleições legislativas no início de 2008.

A Fretilin, o partido no poder, venceu as eleições de 30 de Junho sem maioria absoluta e uma coligação de quatro partidos da oposição reclama formar ou liderar o IV Governo Constitucional.

O Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), a coligação Partido Social Democrata/Associação Social Democrática Timorense (PSD/ASDT) e o Partido Democrático formaram a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) e recusam incluir um governo liderado pela Fretilin.

José Ramos-Horta repetiu hoje que a sua preferência vai para «um governo de grande coligação, ou grande inclusão».

«Há pontos de discordância e pontos de aproximação. Ainda há dúvidas sobre as vantagens e a viabilidade de um governo de grande inclusão mas também todos têm consciência de que cada elemento em si, ou a Fretilin ou a AMP, não reúne condições políticas para garantir uma governação estável e estabilidade neste país».

«Não havendo estabilidade, não é possível falar-se em recuperação económica», acrescentou o chefe de Estado.

Zacarias da Costa, presidente do Conselho Nacional do PSD, afirmou à agência Lusa no final da reunião de líderes que «para a Aliança o primeiro valor é a democracia, não é a estabilidade».

No final das três rondas negociais, o Presidente da República tem três opções: decidir por um governo liderado pela Fretilin; convidar a AMP a formar governo; propôr à Fretilin e à AMP que dividam a legislatura a meio, exercendo cada uma o poder durante dois anos e meio.

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, Arsénio Bano, novo vice-presidente do partido, e Xanana Gusmão, presidente do CNRT, não prestaram declarações à saída da reunião.

Diário Digital / Lusa

23-07-2007 8:51:29

Timor Leste: Aliança de oposição rejeita “inclusão” da Fretilin


A Fretilin, que venceu as legislativas em Timor-Leste sem maioria absoluta, está tentar negociar a formação de um governo. A oposição, no entanto, parece resistir em bloco. Caso esta indefinição se mantenha, não é de excluir a realização de novas eleições.
A Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), dos quatro maiores partidos da oposição, rejeitou o conceito de governo de grande inclusão sob liderança da Fretilin. “A AMP não aceita a grande inclusão como apresentada pela Fretilin, mas aceitaria, sob a liderança da Aliança, formar um governo que inclua a Fretilin”, explicou Mário Viegas Carrascalão, presidente do Partido Social-democrata (PSD).
O ex-governador de Timor-Leste sob a ocupação indonésia e um dos líderes da AMP acrescentou que “um dos cenários possíveis agora é o recurso a novas eleições”, caso a Fretilin seja convidada a formar um governo minoritário cujo programa não passará no parlamento. Mário Viegas Carrascalão reuniu-se ontem com os presidentes dos outros partidos da Aliança, Xanana Gusmão, do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Fernando «La Sama» de Araújo, do Partido Democrático, e Francisco Xavier do Amaral, da Associação Social Democrática Timorense. “A reunião serviu para acerto de posições e confirmou que os quatro partidos da AMP estão compactos”, adiantou Mário Viegas Carrascalão.

Difícil inclusão política
A AMP rejeitou o conceito de grande inclusão depois de ter pedido à Fretilin “uma explicação por escrito do que era esse modelo em concreto”, explicou Mário Viegas Carrascalão. “A resposta estava prometida e devia ter sido entregue até sábado, o que não aconteceu”, afirmou o presidente do PSD.
Também ontem, a Fretilin, que reuniu o seu Comité Central, anunciou que continua a trabalhar no conceito de grande inclusão. “Os membros do CCF são unânimes que o governo de grande inclusão é muito mais abrangente tendo em consideração o facto de se propor que se crie um mecanismo na governação capaz de atrair a participação em todo o processo de franjas cada vez mais abrangentes da população e, particularmente, das forças vivas da sociedade”, explica o comunicado da Fretilin.
O ex-presidente Xanana Gusmão é a escolha do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) para primeiro-ministro, caso a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) venha a formar governo. A decisão foi tomada numa reunião da direcção do partido, anteontem, “e esperava confirmação” ontem “na reunião dos presidentes da AMP”, conforme adiantou um dirigente daquele partido, que pediu anonimato “por razões de segurança”.
Mário Viegas Carrascalão confirmou a indicação de Xanana Gusmão pelo CNRT como primeiro-ministro. O líder do PSD admitiu que o ex-chefe de Estado será também o nome a propor para o cargo pela Aliança. “Já temos o princípio de decisão e é provável que a escolha da AMP para primeiro-ministro recaia nele. Somos unânimes em que ele preenche a necessidade actual” para o cargo, explicou o líder do PSD, que tem sido também indicado como “potencial candidato” à chefia de um governo da AMP. Xanana Gusmão e Mário Viegas Carrascalão estiveram ontem reunidos com os presidentes dos outros partidos da Aliança, Fernando «La Sama» de Araújo, do Partido Democrático, e Francisco Xavier do Amaral, da Associação Social Democrática Timorense.

Timor Leste: Xanana Gusmão da AMP eleito Primeiro Ministro - Nosso Poll


Os nossos agredecimentos aos leitores que participaram no nosso Poll " Quem voce gostaria de ver como proximo Primeiro Ministro de Timor Leste?" .

Participaram 60 leitores e Xanana Gusmao da AMP (Alianca com Maioria Parlamentar - CNRT, ASDT/PSD e PD) foi escolhido para Primeiro Ministro com 24 votos (40%).

Alkatiri (Secretario Geral da Fretilin) obteve 10 votos (16%) seguido pelo Mario Carrascalao (Presidente da PSD) com 9 votos (15%).

Lasama (Presidente da PD) obteve 7 votos (11%) e ambas Xavier (Presidente da ASDT) e Zacarias (PSD) ganharam 5 votos cada um (8% cada um).

Obrigado a todos os participantes e leitores e contamos sempre com a sua participacao nos Polls que iremos por no futuro.

Com os nossos sinceros cumprimentos,

Blog Manufahi-Timor Leste


Timor Leste: Xanana Gusmão é indicado por CNRT para premiê do Timor


22-07-2007 12:49:22

Díli, 22 Jul (Lusa) - O ex-presidente Xanana Gusmão é a escolha do Congresso Nacional de Reconstrução do Timor Leste (CNRT) para ser o primeiro-ministro, caso a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) forme governo, afirmou fonte do partido neste domingo à Agência Lusa.

A decisão foi tomada em encontro da direção do partido, no sábado, "e esperava confirmação na reunião dos presidentes da AMP", disse o mesmo dirigente, que pediu anonimato "por razões de segurança".

O presidente do Partido Social Democrata timorense (PSD) e ex-governador do Timor Leste durante a ocupação indonésia, Mário Viegas Carrascalão, confirmou a indicação de Xanana Gusmão pelo CNRT como primeiro-ministro.

Segundo o líder do PSD, o ex-chefe de Estado também será o nome proposto para o cargo pela Aliança. "Já temos o princípio de decisão e é provável que a escolha da AMP para primeiro-ministro recaia nele. Somos unânimes em que ele preenche a necessidade atual".

Xanana Gusmão e Mário Viegas Carrascalão estiveram reunidos neste domingo com os presidentes dos outros partidos da Aliança, Fernando "La Sama" de Araújo, do Partido Democrático (PD), e Francisco Xavier do Amaral, da Associação Social Democrática Timorense (ASDT).

O Partido Democrático PD, o CNRT e a coligação da ASDT o PSD formaram uma AMP que propõe um governo alternativo à Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), que venceu as legislativas no Timor Leste sem maioria absoluta no final de junho.

domingo, 22 de julho de 2007

Timor Leste: Policia disparou gas lacrimogenias, balas de borracha e esplosao perto do quartel da tropa Australiana em Dili

Police fire tear gas, rubber bullets after violence flares in East Timor



2007-07-22 17:09:31 -

DILI, East Timor (AP) - Security forces fired tear gas and rubber bullets at gangs of youths in East Timor's capital after an explosion occurred Sunday near the main compound of Australian troops and houses were set ablaze, officials and witnesses said.
There were no immediate reports of serious injuries in the violence, which occurred days after politicians failed to decide who should lead a new coalition government.
East Timor's ruling elite remains bitterly divided a year after factional fighting between police and army units spilled onto the streets, killing 37 people and driving 155,000 others from their homes.
Order was largely restored with the arrival of international troops, but isolated incidents continue and _ with inconclusive parliamentary elections last month _ the country's political future remains uncertain.
An explosion occurred at the heliport used by Australian troops on Sunday night, said Ivan Benitez, a spokesman for the International Stabilization Force, adding that no one was injured in the blast and that an investigation was being conducted.
At least one house was burned to the ground and others were on fire in the capital, Dili. Gangs of boys also were burning tires in the streets, said U.N. police spokeswoman Monica Rodrigues, adding that «police dispersed them by firing tear gas and rubber bullets.
East Timor, a former Portuguese colony of less than a million people, faces major security, humanitarian and economic challenges just five years after it became Asia's newest state in a U.N.-backed independence vote.
Unemployment hovers at around 50 percent, and aid agencies have warned that a fifth of the population is threatened by food shortages after crop failures.
Rival political forces have until July 30 to decide who should lead a new coalition government, but talks headed by President Jose Ramos-Horta on Thursday yielded no results.
Leaders of the Fretilin party, which won the most votes in last month's elections but not a majority, met with an alliance headed by the new party of independence hero Xanana Gusmao, the National Coalition for the Reconstruction of East Timor.
Both sides rejected calls for power-sharing, however, apparently split over who should take the top job of prime minister.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Timor Leste: Carrascalão mantém recusa de «Governo de inclusão»


Mário Viegas Carrascalão, presidente do Partido Social Democrata (PSD), afirmou hoje à agência Lusa que «as portas continuam fechadas» à participação do seu partido num Governo da Fretilin, vencedora das eleições legislativas sem maioria absoluta.

«O que estão a tentar fazer é colocar a oposição dentro do Governo, o que terá como consequência um Governo em conflito interno desde o início», declarou Mário Carrascalão à Lusa, explicando a sua ausência da reunião magna promovida ontem pelo Presidente da República.

«A minha posição não muda nesse ponto e já disse ao meu partido que, se for preciso, ponho o lugar de presidente à disposição«, afirmou.

José Ramos-Horta juntou, na quinta-feira, perto de Dare, nas montanhas a sul de Díli, todos os líderes partidários - com a única ausência de Mário Carrascalão - e titulares de órgãos de soberania, num esforço para ultrapassar a crise política e conseguir formar o IV Governo Constitucional timorense.

«Não alinho nisso e não tenho tempo a perder. Estão a tentar meter todos no mesmo tacho e a misturar tudo para depois sair um "guisado" que afinal não é bom», comentou o presidente do PSD à Lusa sobre a insistência do Presidente da República num «Governo de grande inclusão».

«O que se passou lá em cima (em Dare) é a continuação da discussão entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri sobre quem governou mal ou bem e eu não perco tempo com isso«, acrescentou Mário Carrascalão.

O ex-chefe de Estado e o ex-primeiro-ministro e secretário-geral da Fretilin foram dois dos principais intervenientes da reunião de quinta-feira em Dare.

«Andam a discutir afinal quem é que vai ser o primeiro-ministro, como se fosse essa a questão importante, quando para mim não é», explicou o presidente do PSD. «A questão é como fazer sair o país da crise e que soluções temos para o desenvolver.»

«Como é possível concordar com o programa de Governo da Fretilin, de que eles não abdicam, quando andámos a prometer ao eleitorado um programa irreconciliável com esse?«, interroga Mário Carrascalão.

«E como é possível estar num Governo que vai sempre ser dominado por Mari Alkatiri, mesmo que digam o contrário, como aconteceu a José Ramos-Horta enquanto foi primeiro-ministro? Não o deixaram fazer nada!», acusou o líder do PSD.

Mário Carrascalão adiantou que a recusa em participar numa «inclusão» dominada pela Fretilin pode ter consequências na aliança, na coligação e no partido de que é fundador.

«Uma coisa são as minhas opções pessoais e outra são as decisões do partido, que eu sempre respeitarei«, adiantou Mário Carrascalão, à margem de uma reunião informal com Lúcia Lobato, Zacarias da Costa e Joy Gonçalves, três dos rostos principais do PSD.

Mário Carrascalão sublinhou também que a integração de um Governo alargado a toda a oposição pode significar a saída da coligação do PSD com a Associação Social-Democrática Timorense (ASDT) da recém-formada Aliança para Maioria Parlamentar (AMP).

A AMP junta a ASDT/PSD a outros dois partidos da oposição: o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, e o Partido Democrático (PD), de Fernando »La Sama« de Araújo.

«As negociações para a solução de grande inclusão estão já a provocar erosão na AMP e na nossa coligação com a ASDT», admitiu Mário Carrascalão.

«Eu confio inteiramente em Francisco Xavier do Amaral«, presidente da ASDT, declarou Mário Carrascalão.

«Vamos ver se outros, dentro do partido e dentro da AMP, não se deixam seduzir pelas cadeiras do poder».

Mário Carrascalão vai participar, na segunda-feira, em Díli, na reunião que continua o encontro de Dare.

Diário Digital / Lusa

20-07-2007 5:21:00

Fretilin satisfeita com «progresso» nas negociações



A Fretilin, que venceu as legislativas em Timor-Leste sem maioria absoluta, declarou hoje a sua «satisfação pelo progresso das negociações» para a formação de um novo governo e reiterou que o partido vai designar o próximo primeiro-ministro.

«O objectivo da Fretilin e do Presidente da República nestas negociações é encontrar uma solução definitiva que trará estabilidade ao país», afirmou o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.

«É por isso que convidámos todos os partidos para formar um governo de grande inclusão», acrescenta Mari Alkatiri, citado pelo comunicado do partido.

«Ainda não se atingiu nenhum acordo mas estamos satisfeitos com o progresso das negociações».

O ex-primeiro-ministro integra, com Francisco Guterres «Lu Olo», presidente do partido, a equipa negocial da Fretilin nas negociações para encontrar governo e programa na sequência das eleições de 30 de Junho.

A Fretilin venceu as legislativas com 29,02 por cento dos votos.

Quinta-feira, sob iniciativa do Presidente da República, dirigentes de todos os partidos políticos com assento no novo parlamento reuniram durante todo o dia numa comunidade religiosa nos arredores de Dare, uma localidade na montanha a sul da capital, numa ronda que continua segunda-feira.

O secretário-geral da Fretilin reitera que o partido «tem o direito constitucional de indicar o primeiro-ministro e o partido indicará o primeiro-ministro do seu Comité Central».

O comunicado da Fretilin refere que «o maior partido timorense» está neste momento envolvido em «negociações bilaterais» com o Partido Democrático (PD), a Associação Social Democrática de Timor-Leste (ASDT), a UNDERTIM e a Aliança KOTA-PPT.

«Estamos também a negociar com o CNRT (Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste) através do Presidente da República».

O PD, o CNRT e a coligação da ASDT com o Partido Social Democrata (PSD) formaram uma Aliança para Maioria Parlamentar que propõe um governo alternativo à Fretilin.

«Estas negociações centraram-se em políticas e programas para o desenvolvimento nacional», acrescenta o comunicado da Fretilin.

Mari Alkatiri agradece os esforços de José Ramos-Horta para resolver o impasse pós-eleitoral.

«A conduta do Presidente da República até ao momento tem mantido a integridade e o respeito pela Constituição de Timor-Leste e ele tem-se esforçado para que os partidos encontrem uma solução aceitável», acrescentou Mari Alkatiri.

Diário Digital / Lusa

20-07-2007 10:05:00

Timor Leste: Aliansi Prontu Intrega Governu ba Fretilin

Edition: 20 July 2007

DILI – Aliansi Maioria Parlamentar (AMP) prontu ona intrega poder ba Fretilin atu forma governu. Desizaun AMP nian nee suzere liu husi inkontru lideres partidu politiku nebee hetan asentu iha parlamentu nasional iha Dare, Dili, Kinta (19/7).

Inkontru ba dala rua nebee lidera husi Prezidenti Republika Jose Ramos Horta nee, hanesan sinal ida hodi bolu hamutuk lider partidu sira hodi diskuti formas diak atu harii governu no diskuti mos lei balun nebee suzere partidu atu kaer governu iha periodu 2007-2012.

Sekeretario Jeral Partido Demokratiku (PD) Mariano ‘Assanami’ Sabino husu ba peritus ba lei atu interpreta didiak konstituisaun RDTL hodi disidi partido Fretilin ou Aliansa Maioria Parlamentar (AMP) forma governu.

“Ami idak-idak maka intrepreta lei ladun diak, tanba idak-idak foti tuir vantazen ba nia partido. Tuir lolos nee peritus lei konstituisaun maka bele fo desizaun. Ami AMP prontu fo Fretilin maka forma governu depois maka AMP haree nia programa liu husi Parlamentu Nasional,” hateten Mariano Sabino ba diariu nee iha oras deskansa. Retiru nee remata iha tuku 20:00 Otl. Iha retiru politiku nee Prezidenti PSD Mario Viegas Carasccalao ho Prezidenti ASDT Francisco Xavier do Amaral maka la marka prezensa.

Mariano Sabino haktuir iha enkontru nee Presidenti Republika Jose Ramos Horta esforsu tebes hodi buka dalan forma governu grande inkluzaun. Maibe dalan atu ba neba susar tebes tanba partido politiku idak-idak mantein nia programa nebee maka promete ba povu.

Haree ba TL adopta sistema semi prezidensal, Sabino esplika, signifika katak see maka forma governu mai husi partido maioria iha Parlamentu Nasional. Sistema prezidensial iha eleisaun hili Prezidenti I, Prezidenti maka forma governu liu husi nia maka hili ministru. Semi Prezidensial nee hatudu katak partido manan hatudu Premeiru Ministru (PM) depios PM nee maka hili ministru nebee atu servisu hamutuk.

Kestaun seluk, tuir Sabino, TL mos adopta sistema multipartidaria. Signifikam, eleisaun tinan lima oin mai, sei la iha partido ida maka manan maioria. Refere ba situasaun ohin loron Prezidenti Republika maka tenki haree diak ba aban bairua nian nee hatudu katak konstituisaun tenki loke-an liutan. “Maske la hetan solusaun sei iha loron atu diskuti. Maibe haree ba tempo besik ona AMP fo dalan ba Fretilin forma governu,” Mariano Sabino hatutan.

Iha parte seluk membru Konselhu Politiku CNRT nebee lakoi temi nia naran hatete, iha retiru politiku nee sei laiha nia rezultadu, tanba partido idak-idak mantein nia posisaun. Maibe atu forma governu AMP oferese ba Fretilin.“Governu grande inkulzaun sei la iha,”dehan fontes nee. jornalista diariu nee tenta atu dada lia ho lider Fretilin maibe fopntes refere la fo tempu.

Tuir observasaun diairu nee maske lider sira disidi retiru politiku iha Dare, maibe kondisaun astrada iha neba susar tebes. Iha povu kiik ida hatete lider sira kuandu atu koalia politik buka dalan mai iha Dare, maibe sira nia matan aat karik sae mai iha Dare nee. Estrada koak no fatuk laran. Dare laos suku nebee dok husi Dili, I Dare parte husi Distritu nian. “Hau ida husi povu Dare nian husu ba lider sira koalia politik importante tau interese ba nesesidade povu nian,” dehan povu kiik nee wainhira haree jornalista sira nadodon tun husi Dare mai. bre

Timor Leste: Juiz insiste em capturar Reinado contrariando PR


O juiz do processo do major fugitivo Alfredo Reinado renovou o seu mandado de detenção, contrariando a suspensão da operação de captura decretada pelo Presidente de Timor-Leste, segundo uma carta a que a Lusa teve acesso.

O mandado de detenção do major Alfredo Reinado, como de outros elementos do seu grupo, foi renovado por despacho de 18 de Maio.

Uma carta do juiz português Ivo Rosa datada de 18 de Julho, a que a Lusa teve acesso, recorda que os mandados em causa são para «cumprir por qualquer autoridade policial ou militar» e questiona os comandantes das várias forças sobre o incumprimento da ordem judicial.

Ivo Rosa, um dos magistrados internacionais a exercer funções directas e pedagógicas no sistema de justiça de Timor-Leste, classifica de «ordens ilegais» as instruções da Presidência da República de 19 de Junho, concretizadas pelo procurador-Geral da República (PGR), para a emissão de «salvo-condutos» em nome de Alfredo Reinado e do seu grupo.

A carta em que o PGR Longuinhos Monteiro anunciou às forças de segurança a existência destes «salvo-condutos» foi divulgada em primeira-mão pela Lusa, a 04 de Julho.

«Os tribunais são órgãos de soberania», sublinha a carta agora enviada pelo juiz Ivo Rosa aos mesmos destinatários, recordando que «as decisões dos tribunais são de cumprimento obrigatório e prevalecem sobre todas as decisões de quaisquer autoridades».

O documento do juiz foi recebido, nas últimas 48 horas, pela Presidência da República, pelo chefe do Estado-Maior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), pelo chefe da missão das Nações Unidas (UNMIT) e pelos comandantes da UNPol, do Subagrupamento Bravo da GNR e das Forças de Estabilização Internacionais (ISF).

O juiz Ivo Rosa deixa claro que as forças policiais e militares a operar em Timor-Leste «apenas devem obediência à decisão judicial que decretou a prisão preventiva e ordenou a detenção dos arguidos».

«O resultado das diligências para o cumprimento dessa ordem apenas deve ser comunicado ao Ministério Público e ao Juiz titular do processo», diz o juiz português.

«O cumprimento dos mandados deve ser feito de forma incondicional e sem quaisquer cedências ou concessões» e «qualquer processo de negociação com vista à entrega voluntária dos arguidos apenas poderá ter com finalidade a detenção dos mesmos e sem qualquer concessão», afirma o juiz.

«Os restantes órgãos de soberania do Estado não podem e nem devem tomar conhecimento do conteúdo dos actos tendentes à detenção dos arguidos», conclui o magistrado.

Ivo Rosa cita a Constituição de Timor-Leste para mostrar que «os tribunais são órgãos constitucionais aos quais é confiada a função jurisdicional exercida por juízes», acrescenta a carta do magistrado.

«O poder judicial é exercido pelos tribunais e é separado dos outros poderes e tem uma posição jurídica idêntica à dos restantes órgãos constitucionais de soberania», afirma o juiz, por referência à ordem de cancelamento da operação contra o grupo de Alfredo Reinado emitida por José Ramos-Horta há quatro semanas.

«O Parlamento Nacional é o órgão adequado a legislar, o governo para executar e administrar e os tribunais para exercerem as funções jurisdicionais», explica também o juiz.

«Haverá violação do princípio da separação de poderes sempre que um órgão de soberania se atribua, fora dos casos em que a constituição expressamente o permite ou impõe, competência para o exercício de funções que essencialmente são conferidas a outro e diferente órgão», sublinha a carta.

A carta termina com a notificação do brigadeiro-general Mal Rerden, comandante das ISF, para informar se recebeu a «ordem ilegal» do PGR «e, em caso afirmativo, para não acatar essa ordem e cumprir a decisão judicial que ordenou a detenção dos arguidos em causa».

Diário Digital / Lusa

19-07-2007 16:20:00

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Timor Leste: Major Reinado nas montanhas de Timor



Exclusivo Expresso

Quinta-feira, 19 JUL 07


Entrevista de Micael Pereira, enviado a Timor-Leste

Numa longa entrevista feita quando começava a ser cercado pelo exército australiano, o líder dos rebeldes fala de um plano para o matar, numa tentativa de calar a verdade sobre a crise do ano passado.

"Tenho tantas coisas escondidas cá dentro"

O major Reinado com o tenente Salsinha e alguns dos seus homens, no dia 8 de Julho, no início do cerco montado pelos militares australianos


Na véspera à noite ficou decidido. Num bairro de Díli alguém estaria à minha espera para me levar até ao refúgio do major Reinado e do seu grupo de militares rebeldes. Era domingo de manhã (dia 8 de Julho) e nas bermas das estradas muita gente fazia o caminho a pé para a missa. Combinada etapa a etapa, a viagem demorou cinco horas.

O destino não foi uma surpresa total. Reinado decidiu voltar, pela primeira vez, ao local onde fora atacado pelos militares australianos a 3 de Março deste ano, quando cinco dos seus homens caíram mortos. O todo-o-terreno parou numa estrada à saída do centro de Same, no lado sul de Timor, para o interior, não muito longe do posto de polícia controlado pela ONU, onde o major fora pessoalmente no sábado dar conta da sua presença.

Antes, entre Maubisse e Same, já na última parte do trajecto, o nosso carro tinha se cruzado com duas viaturas de militares australianos. Seguíamos na mesma direcção. Mais tarde, saberíamos porquê.

Na casa de uma família local, com crianças, velhos e galos a fazerem a sua vida como se nada se passasse, o Expresso contou 19 homens armados de metralhadoras, uniformes iguais e coletes à prova de bala. Um progresso considerável desde Junho do ano passado, quando o major esteve acantonado na pousada de Maubisse com uma dúzia de homens desalinhados.

E, agora, algumas notas prévias. A entrevista é publicada na íntegra e respeita um acordo com Reinado de não ser sujeita a cortes. Está transcrita seguindo a ordem natural das perguntas, tal como foram ditas no alpendre daquela casa de família.

Feita de improviso, além de se perceber uma espécie de retorno constante aos mesmos temas, a entrevista acaba por ter uma falha assumida pelo Expresso: por puro esquecimento, falta a pergunta sobre o assalto ao posto de polícia de Maliana, em Fevereiro, quando o major e o seu grupo levaram as metralhadoras com que andam armados agora.

Por último, quando Reinado fala sobre o episódio de Fatuhai, em que ele e os seus homens se confrontaram com um coluna do exército timorense chefiada pelo coronel Falur, o Expresso confirmou mais tarde que o filme feito pelos jornalistas presentes mostra que quem disparou primeiro foi o grupo do líder rebelde.

A entrevista, então.

O procurador-geral da República Longuinhos Monteiro emitiu salvo-condutos para alguns dos seus homens, para poderem circular livremente. Tem também um desses documentos?
Nós, não. Trata-se de uma acção ilegal. O procurador-geral da República devia saber qual é o lugar dele, quais são as suas responsabilidades. Ele não tem de vir negociar directamente com nenhum soldado no mato. Isso não é responsabilidade de um procurador-geral. O que é que se passa nos bastidores? O procurador quer-se envolver pessoalmente no assunto? Ele não está a fazer mais nada que não seja trabalhar para o seu próprio interesse – o seu interesse político – e não para o interesse público. Como é que o procurador decide coisas e o presidente não decide nada? Quem é a figura mais importante na hierarquia da nação? Não é ao procurador que compete dar salvo-condutos ou passes de autorização. Todos os meus soldados estão debaixo do meu comando. Ele, se quiser, tem de falar directamente comigo. E eu não me relaciono com o procurador a não ser através do meu advogado. Qualquer carta que o procurador queira entregar tem de respeitar a legalidade. E nós temos uma carta do presidente sobre a suspensão da operação (de captura) para que se possa iniciar o diálogo para resolver a crise. Por isso, eu tenho liberdade para mim e para os meus soldados.

Tem essa ordem directamente do presidente?
Sim, uma ordem que diz que não serei detido pelos militares ou pela polícia. E, então, porque é que o procurador-geral está a agir de outra forma? Qual é a sua intenção? Um procurador vem ter com soldados, no meio de lado nenhum, e oferece-lhes dinheiro e outras coisas… para quê?

Está a dizer que o procurador-geral da República deu dinheiro aos seus homens?
A Garcia e a Susar, que está aqui e que quer ser uma testemunha de tudo isso.

Ofereceu-lhes dinheiro?
Sim.

Para quê? Para os soldados o abandonarem?
A intenção é dividirem o meu grupo para me tornarem fraco. Mas estão errados. Mesmo se estiver sozinho, eu não sou nenhum fraco, porque aquilo que eu defendo não é fraco. O que eu defendo são os direitos da maioria do povo; o que eu defendo é que a lei e a justiça funcionem; o que eu defendo é a soberania da nação, para que ela não seja desrespeitada por nenhum dos líderes. O que eles estão a fazer é jogar nos bastidores. Isso é ilegal e já lhes disse que estão a cometer mais um crime. Como sabe, apenas um dos homens entregou as armas.

Está a falar de Garcia?
Sim. Mas porque a família o pressionou, não que ele não seja um bom soldado ou que tenha desistido. Estão a tentar pôr veneno no coração dos rapazes através de Leandro Isaac, para que o sigam e para que assim ele ganhe mais poder ou confiança dos líderes nacionais.

Essa é a atitude do deputado Leandro Isaac?
Sim. Vá perguntar na aldeia. Andam a ameaçar as pessoas. Porque fazem isso, mesmo depois do presidente nos ter dado a carta para que a operação (de captura) pare? Porque continuam? Susar e os homens dele não desistiram. Pelo contrário, pedem para que venham mais forças internacionais, as F-FDTL e mais helicópteros e tanques para nos molestar. (Irritado) O que é isto?

Parece-lhe que se trata de uma manobra do procurador-geral da República e que ele está a agir sozinho?
Ele está envolvido com alguém.

Com quem?
Não é o momento de o declarar, mas ele não está sozinho. É apenas um mensageiro. Trabalha para alguém. Vê-se assim o quão independente é a lei neste país. O procurador é procurador ou é uma marioneta nas mãos de alguém? Esse é que é o problema e é por isso que nunca se vê paz ou justiça neste país. Os que estão no poder são os primeiros a entrar nesse jogo.

Mas quem é que pode ser o homem por detrás do procurador-geral da República?
É cedo de mais para dizer.

O jornalista australiano John Martinkus escreveu que Xanana Gusmão protegeu-o e pagou as suas despesas na pousada de Maubisse no ano passado. É verdade?
Um político pode mudar de pele muitas vezes, como uma cobra. Uma vez por dia, uma vez por mês, uma vez por ano, não interessa. Os políticos são sempre cobras. Mudam de ponto de vista quantas vezes precisarem. Podem ser heróis e vilões ao mesmo tempo. Os seus únicos objectivos são políticos. Seja quem forem as vítimas, para eles isso não é um problema. A verdade é que dizem que me estão a defender mas são também eles que dão ordens às forças internacionais para me matarem. Eles sabem que não há nada na constituição que diga que se pode dar ordem de morte a um cidadão. Mas porque é que eles agem assim, então?

Acha que as ISF (Forças Internacionais de Estabilização) receberem ordens para o matar?
Claro. Eles não queriam que eu falasse, que dissesse a verdade. Não tiveram coragem para me enfrentar na mesa do diálogo, na hora de eu contar a verdade.

Mas sabe que uma ordem dessas depende do presidente.
Não do presidente sozinho, há mais gente. O presidente não decide sozinho.

Sente que Xanana primeiro o protegeu e depois o abandonou?
Eu não disse isso.

Mas pensa que possa ter acontecido isso?
Não penso isso e nem sequer falei disso.

É por isso que estou a perguntar.
Este ainda não é o momento de contar a verdade. Conto a verdade à mesa, cara a cara.

Porque não agora?
Não é o momento. Se eu contar o que está por detrás de tudo isto a história acaba cedo de mais, não concorda? Está a ouvir o helicóptero a voar sobre a minha cabeça (ouve-se o som das hélices a sobrevoarem o local da entrevista) apesar de o presidente ter mandado as forças internacionais e a polícia não incomodarem os meus movimentos. Consegue ouvir? Então, o que é que aconteceu nos bastidores?

Não sente que é mais seguro para si dizer a verdade, para que a opinião pública a conheça?
(O barulho do helicóptero torna-se mais alto e cobre o som da gravação) Seguro ou não, é uma questão de tempo. Por enquanto, tenho de continuar a defender o que defendo.

Acha que ainda há o risco de ser morto?
Há sempre esse risco. Diariamente. Mas essa é uma decisão que cabe a Deus, a mais ninguém.

Ramos-Horta disse, em entrevista ao Expresso, que era livre de circular desde que nem o major nem os seus homens andassem armados.
Não é assim. Ele tem de falar com base no que está escrito no documento. Não diz lá isso.

O que diz, então, o documento?
Não diz nada sobre eu andar armado ou desarmado. Eu sei que só não posso ir armado a Díli porque é o centro de operações, é a capital. Mas não fora de Díli. Sou um homem livre, posso circular por todo o lado. Não cometi nenhum crime contra ninguém. Nós somos ainda militares. Porque não haveríamos de poder circular?

Ramos-Horta também disse que sabe normalmente onde está e acabou a entrevista a revelar que o major se encontrava em Díli.
Há algum artigo na constituição ou na lei que diga que eu não possa estar em qualquer lado? Eu sou um homem livre, não sou um visitante, não sou um estrangeiro neste país.

Portanto, não vai haver salvo-condutos para si e para os seus homens?
Não, nós já temos isso. Só se dá salvo-condutos a civis que precisem de protecção.

Há um mandado de captura…
Não. Podem dizer isso, mas na carta diz que nenhuma autoridade me vai capturar.

Mais ninguém a não ser os australianos?
Por que é que têm de ser os australianos? Eles não estão cá para capturar ninguém, eles estão cá para o país inteiro. Não se devem envolver.

O juiz com o seu caso tem renovado continuamente o mandado de captura.
O presidente diz uma coisa, os juízes dizem coisas diferentes. Deixem que a realidade determine o que é a verdade. Eu não vou a lado nenhum. Quem quiser que venha tentar prender-me. Eu levo a carta do presidente para onde quer que vá.

Então, não se vai render?
Não conheço a palavra rendição. Eu só me rendo à minha lei. Toda a gente se deve render à lei. Mas ainda não é chegado o tempo.

Tenho lido que algumas pessoas da igreja estão a tentar dialogar consigo.
Não estão a tentar dialogar. Está a fazer confusão. Estão a servir de mediadores para o diálogo. Eu não dialogo com a igreja. Eles estão a ser ajudados pelo Human Dialogue Centre em Genebra e pelos seus representantes locais aqui, para organizar esse diálogo. Mas diálogo com quem?

Deixe-me devolver-lhe a pergunta.
Essa é a questão. Diálogo com quem? Com a igreja, não.

Com quem é que quer dialogar?
Pergunte ao presidente. Com quem? Quem é que representará o presidente à mesa do diálogo? Eu só terei um diálogo de três pontos.

Quais são esses três pontos?
Diálogo militar, porque a crise começou dentro da instituição, com a divisão interna; diálogo político, porque o governo e o estado têm responsabilidade; e, como terceiro e último ponto, o diálogo judicial. O que significa que toda a gente tem de entrar no processo judicial.

Então, tem de ir para a prisão para poder esperar pelo julgamento, como fez Rogério Lobato.
Não me pode comparar com Lobato. Lobato é um criminoso, eu não. Eu sou um militar.

Sim, mas ele esteve preso enquanto esperou pelo julgamento.
No diálogo vai ser preciso discutir do que é que me acusam para me poderem levar para a cadeia. Não se pode simplesmente ir para a prisão sem se ter feito nada de mal. Que crime é que eu fiz? Há alguma queixa apresentada por alguém deste país?

Há o episódio de Fatuhai (incidente de que resultaram mortos).
Mas quem é que me acusa de ter atirado contra alguém ou de ter feito isto ou aquilo? O que fiz de errado? O que aconteceu com todos aqueles crimes cometidos em Díli? O que aconteceu com toda a gente que foi massacrada pelas instituições, debaixo da bandeira da ONU? O que aconteceu aos que morreram à frente dos líderes e das paredes das suas casas e das casas dos internacionais em Díli? Eles não precisam de justiça porque são animais, não são humanos? (está exaltado) Portanto, que fiz eu de mal para me acusarem e quererem levar-me para a prisão? Nós vamos discutir isso no diálogo. Porque é que eu tenho de apanhar com as culpas dos outros, por coisas que não fiz?

Acredita que o presidente ou o governo querem realmente fazer esse diálogo consigo?
Essa é, de facto, uma questão importante. Qual governo, agora que estamos à beira de o mudar? De que governo é que está a falar? Ou todos os governos são um falhanço? Porque não conseguem governar bem. Por isso é que a crise começou. Se fossem bons líderes, não havia crise no país. Quem é que é responsável por isso? O governo e o estado têm alguma coisa a dizer.

Imagino que saiba quais foram os resultados das legislativas e o que se está a passar. Como vê estas eleições?
Eu não sou político. O que se pode ver nestas duas eleições (presidenciais e legislativas) é que não fizemos distúrbios, não nos envolvemos. Nem sequer votámos, porque queremos respeitá-los e deixá-los fazer a sua festa democrática. Que gozem desta liberdade democrática. Quem quer que ganhe agora, qual é a diferença? Mas quem irá seguir a constituição… porque ninguém pode governar à sua maneira, tem de governar através da constituição. É isso que nós vamos seguir – o que estiver escrito na constituição. Se uns (Fretilin) ganharam e não têm lugares suficientes e se os outros partidos têm mais (lugares), o que é que está escrito na constituição? Eles é que têm estado sentados no parlamento e aprovaram cada um dos artigos da constituição. Se eles aprovaram-nos assim, porque é que têm de ser teimosos e forçarem-se a liderar o país se nem conseguiram a maioria nem conseguem que isso seja legal aos olhos da constituição?

Há pessoas que dizem que a constituição defende a posição da Fretilin, outras dizem que defende a posição de Xanana…
Eles apenas falam, mas não esclarecem. Que artigo, que parte desse artigo, que número?

O artigo 106…
Quantos artigos há na constituição? Cada um deles tem o seu significado. E as pessoas têm de o respeitar. Se perderam os lugares no parlamento mas se podem forçar ir para o governo, é com eles. Mas se o artigo diz que o número de cadeiras no parlamento determina quem vai para o governo, têm de obedecer. Portanto, o problema não é quem vai liderar o governo, mas quem vai ter uma boa solução para resolver a crise.

No ano passado creio que disse que tinha a Fretilin como inimigo.
Eu não falei em inimigo. A Fretilin é apenas uma instituição, uma estrutura que nem sequer se pode levar ao tribunal ou para a cadeia. Não se pode culpá-la, tem de se culpar os líderes. Por isso não digo que a Fretilin seja um inimigo.

E Alkatiri? Lembro-me de afirmar que só descansaria quando Alkatiri fosse para a prisão.
E ele já foi para a prisão?

Não.
Bom, ele é que estava à frente do governo quando a crise aconteceu. Qual é a responsabilidade dele por isso?

Fizeram um inquérito e concluíram que não havia provas sobre a responsabilidade de Alkatiri.
Eles decidiram o que era melhor para se defenderem. Os juízes internacionais nem sentiram o assunto como timorenses.

Está a dizer que não é possível haver julgamentos justos com juízes internacionais?
Temos de ter a soberania desta nação nos tribunais. Podemos ser estúpidos e tolos, não falamos a mesma língua que vocês, mas temos o direito de fazermos as coisas à nossa maneira. Estão a interferir nos nossos assuntos internos mas não sabem o que sente um coração timorense, porque vocês não são timorenses. Não devem ter a responsabilidade de decidir o que é certo ou errado porque não pertencem a este lugar. E muitos dos juízes posso dizer que foram pagos. Foram pagos para virem para cá por certos grupos.

Pagos por quem? Por interesses internacionais?
Tudo isto é um jogo. Você sabe isso e pretende não saber para me poder perguntar. É um jogo. Que perfeito este sistema de justiça: os mais ricos, que têm o dinheiro, podem suportar a justiça do seu próprio bolso. Isso é o que está a acontecer.

Não pensa que o julgamento de Rogério Lobato foi justo?
O julgamento de Lobato só serve para o pôr na cadeia e poder encobrir os outros. E, com a garantia de que a Fretilin ganha o poder, ver aprovada uma amnistia que salvaguarda os outros. Lobato sacrificou-se.

É por isso que acha que há uma proposta para uma lei da amnistia aprovada pelo parlamento?
Como é que ao fim de seis meses ou um ano se pode aprovar uma amnistia se não houvesse já uma intenção inicial? Nós não somos estúpidos.

Acha que a amnistia serve para tirar Rogério Lobato da cadeia?
Sim.

E o major não vai também ser beneficiado por essa lei?
Não se pode dar uma amnistia a pessoas que nem sequer foram condenadas. Isso está errado. Eu nunca fui julgado. Para que é que preciso disso? Só os criminosos precisam de uma amnistia. Eu ainda nem fui a tribunal. E, sendo criminoso ou não, para que preciso dessa amnistia?

Mas sabe que há um entendimento entre Alkatiri e o presidente Ramos-Horta para avançar com uma amnistia?
Eles são um só. São os fundadores da ideologia, Alkatiri e Ramos-Horta. São eles que criaram a ideologia da Fretilin.

Estão, pelo menos, de acordo que tem de haver uma amnistia.
Eu já estive na prisão. Conheço quem lá está. Muitos dos presos são inocentes e não tiveram uma lei da amnistia. Não quiseram saber deles. Foram esquecidos. Porque é que eles não tiveram direito a uma amnistia? Só dão amnistia aos seus homens e aos seus amigos políticos, mesmo que tenham sido condenados como criminosos? Chama-se a isso justiça? Ou é máfia?

Mas está decidido, se necessário, a ir a tribunal?
Qual tribunal? O tribunal de Longuinhos Monteiro? O tribunal de Mari Alkatiri? O tribunal de Xanana? Ou o tribunal de Ramos-Horta? Só serei julgado pelo tribunal da minha nação, debaixo da verdadeira lei, não debaixo da lei de alguns líderes e que só funciona para o benefício pessoal deles.

E o que é que é preciso para ter uma verdadeira justiça em Timor?
Meu amigo, é preciso que nos sentemos e ponhamos a realidade em cima da mesa, em vez de nos escondermos dela.

Ramos-Horta esteve consigo há três ou quatro semanas.
Ele nunca se encontrou comigo. Isso é treta. Esteve com alguns dos meus homens. Ninguém me representou. Eles estão todos a mentir.

Eu li que houve um encontro.
Com Susar, foi com ele que estiveram.

Susar esteve com Ramos-Horta há três ou quatro semanas e o major não teve conhecimento disso?
Não.

E qual seria o propósito desse encontro?
Não sei porque é que o líder desta nação e o procurador-geral vieram ter com alguns dos meus homens. Vieram persuadir os meus soldados. Que credibilidade têm como líderes?

Acha que querem traí-lo?
Eles estão a tentar que os meus homens me traiam. Querem separar-me deles e dos peticionários, porque têm medo de enfrentar a verdade.

Nesse encontro estava Ramos-Horta e Longuinhos Monteiro?
Sim, com Leandro Isaac, Garcia e também Susar, que está aqui sentado. Pode perguntar-lhe directamente o que foi discutido no encontro e quanto dinheiro foi oferecido.

O seu homem Susar disse-lhe isso?
Qualquer coisa assim. Mas o melhor é perguntar-lhe, porque não gosto de falar pelos outros.

Pergunto-lhe depois. Estou a tentar perceber o que o major sabe e o que defende. Longuinhos Monteiro tentou oferecer dinheiro em troca de quê?
Eu não sei. Mas antes do encontro, Susar telefonou-me a contar do arranjo feito através de Longuinhos e Leandro Isaac para se reunirem com o presidente. E eu disse: «Avancem. São homens livres. Digam-lhes o que quiserem dizer-lhes». Mas não foram lá em minha representação. Porque o senhor Longuinhos e o presidente sabem que se quiserem falar comigo têm de o fazer através do meu advogado, que está contactável todos os dias. Porque têm de vir pelas costas?

Mas acha que esse encontro foi feito em troca de quê? O que é que pediram aos seus homens?
Eles querem destruir-me ao dividir o meu grupo e quebrar a unidade dos meus homens. Querem separar-me do tenente Salsinha, para me poderem apanhar mais facilmente.

Mas para apanharem-no mais facilmente não para se render, é isso?
Eu não me rendo a nenhum ser humano. Eu rendo-me à minha mulher, quando estamos a fazer amor. De resto, onde é que estaria a minha dignidade enquanto militar se eu me rendesse a alguém?

Acredita, então, que estão a tentar criar condições para que o possam matar?
Sim. E estão a tentar esconder a verdade. Porque se formos todos a tribunal, toda a gente tem de responder pelos próprios actos. Mas eles querem-me culpar de tudo, para que possam ser inocentes. Isso nunca foi assim.

Não tem implicado a responsabilidade de Xanana, mas no ano passado o major dizia que era leal a Xanana e isso mudou.
Não houve mudança.

Então, ainda é leal a Xanana?
Não entendo que noção vocês dão às palavras «leal», «ordem» e «comando». Porque Xanana dantes era presidente. E respeito-o como veterano da guerra pela independência. Não posso negá-lo, trago-o no meu coração.

Isso é o passado. Estou a perguntar-lhe sobre o presente.
Meu amigo, não se pode ir a esse ponto sem saber primeiro que Xanana foi criança antes de ser presidente. É preciso saber de onde ele vem. De momento, Xanana é Xanana. Conheço-o como veterano, como herói, não o conheço como político. Antes da crise, Xanana era o meu presidente e eu fui leal ao presidente, não a Xanana. Nem sequer somos família. Ele era presidente na altura. Mas podemos reavivar a memória: quando Ramos-Horta me levou a um encontro com ele, antes de entregar as armas em Maubisse, a primeira coisa que eu disse, antes de começarmos a falar, foi: «Eu, Alfredo, não vos adoro. Tudo o que me pedirem para fazer dentro da legalidade, eu cumpro. Fora isso, para o vosso próprio interesse, eu não faço nada». Pode perguntar ao general Matan Ruak. Ele sabe que eu sou assim.

O que é que Xanana e Ramos-Horta lhe pediram para fazer nessa altura, em Maubisse?
Xanana traiu-me como líder.

Porquê?
Porque disse-me que se obedecesse à ordem de dar todas as armas, seguindo as instruções do meu comandante supremo, ele dava a garantia que a crise iria ser resolvida. Acha que a crise está resolvida? Está a piorar (outra vez exaltado). Eu mostrei-me disposto a entregar as armas, para ajudar a resolver a crise. E ele (Xanana) ainda me disse que eu podia tê-las de volta em dois dias. E ele sabe que me deu uma ordem por escrito a autorizar-me a ir para Díli no dia 24 de Julho. Estava tudo escrito. Mas porque é que as forças internacionais foram capturar-me, sem nenhum mandado escrito de lado nenhum? E, depois disso, ele não diz nada? O que pensa você disso? Tudo isto é um jogo. O próprio líder deste país está a brincar com a vida das pessoas. Isso é traição.

Nunca mais falou com Xanana desde esse encontro em Maubisse?
Não.

Mas porque é foi para Díli?
Porque queria ir para lá resolver a crise. Já tinha devolvido todas as armas.

A GNR encontrou armas na casa onde estava em Díli.
A GNR não encontrou armas. Encontrou munições. As armas fui eu que as entreguei. A GNR aqui é uma vergonha para Portugal. Eles dizem muitos disparates, mas são estúpidos.

Pensa mesmo isso?
Sim. Eles são profissionais ou são apenas bandidos?

Portanto, só havia munições dentro de casa.
Sim. Vocês, os media, não têm ido ao passado. Estão só preocupados em saber o que é melhor para amanhã. Não se podem esquecer que havia aquela carta. Há cópias dela por toda a parte. A ordem do presidente era para entregarmos as armas, apenas armas, não incluía o equipamento e outras coisas.

Tinha, então, direito de ter as munições naquela casa.
Não apenas o direito. Eu sou ainda um militar neste país, faço parte da polícia militar. Sou uma pessoa com mais direitos do que quaisquer outras de ter armas e munições. Sou um polícia militar. Nessa altura, eu levei as pistolas e as munições. Como é que poderia estar a esconder alguma coisa se, um mês antes, dei uma lista com os nomes e os números de tudo o que eu ainda tinha comigo e que seria entregue na continuação do processo? Longuinhos sabe isso.

Entregou uma lista com tudo o que ainda tinha naquela altura?
Sim. O número da pistola que eu tinha e o resto. Estava completo. Em Maubisse, tinha entregue as outras armas e a Austrália sabia que eu tinha ainda algumas comigo naquele momento.

Foi para a prisão e escapou. Porque decidiu fugir?
Em primeiro lugar, puseram-me na prisão sem se basearem na lei. Foi uma manipulação política. Eu não quero ser vítima de ninguém, para satisfazer os interesses dos outros. Não sou uma marioneta. Eles pediram-me para ficar seis meses na prisão. Mas ao fim de 30 dias perguntei aos meus advogados e eles disseram-me que não tinha havido seguimento da carta (de Xanana). Pus-me a andar.

Foi fácil fugir da prisão?
Sou um militar muito bem treinado. Não posso dizer como faço para o matar, pois não?

E o que é que aconteceu em Same, quando foi cercado em Março pelos australianos?
Pergunte ao presidente.

Quero ouvir a sua versão.
Pergunte ao presidente porque foi ele que deu a ordem. Foi uma ordem ilegal.

Foi surpreendido com o ataque?
Fiquei surpreendido porque pensei: que tipo de líder tolo decide fazer uma coisa destas sem qualquer legalidade? Como é que um líder está disposto a sacrificar a vida do seu próprio povo sem se preocupar com nada e usa forças internacionais que não estão cá com o propósito de provocar uma guerra? Estão cá para a segurança e estabilidade do país. Será que atacarem alguém representa segurança e estabilidade?

E eles estavam a tentar capturá-lo?
Estavam a tentar matar-me.

Era o que eles estavam a tentar fazer, matá-lo?
Sim, da forma como fizeram a aproximação. Foi como nos filmes: dispara primeiro, pergunta depois. Quer-se realmente prender alguém agindo assim?

Foi isso que aconteceu?
Claro. Alguém quis brincar ao Dirty Harry.

Quando deu conta dos militares australianos, já eles estavam a disparar?
Sim. Estavam a disparar de todos os lados, com um helicóptero Black Hawk e metralhadoras de soldados em terra. Tivemos de responder para nos defender. Aí têm de ir ao artigo 28.º da constituição: «Qualquer indivíduo tem o direito de se proteger».

Em Díli, muita gente acredita que os australianos não foram suficientemente duros consigo.
Eu não posso dizer isso. Não se pode dizer que uns militares estão mais bem treinados e preparados do que outros. É uma questão de tempo e sorte. Pode ser que ainda não tenha chegado o meu dia.

Pensa que pode ser atacado novamente pelas ISF tal como em Março?
Não sei. Mas venha o que vier, estou no meu país. Não vou a lado nenhum. Estou preparado para qualquer ataque. Mas peço o favor de justificarem a sua legalidade. Às forças internacionais, digo: não tragam uma nova guerra para este país.

Nas eleições presidenciais, disse que se a justiça não funcionasse iria perseguir pessoalmente os responsáveis pela crise no ano passado.
Não as pessoas, mas o estado, o governo que foi responsável pela crise.

Quer dizer que vai agir contra o estado?
Eu não…

O povo, então?
O povo é que o vai enfrentar. Quem é que tem mais direitos nesta democracia?

Quando estava a ser atacado em Março, Díli entrou num estado caótico, com estradas bloqueadas.
Terá de falar com esses rapazes de Díli.

Não estão ligados directamente a si?
A sorte foi terem sido só os rapazes de Díli. O que acontecerá se os rapazes do interior forem todos lá abaixo?

Acha que tem muito apoio popular?
Eu não sou um modelo, não sou um jogador de futebol para me poder tornar popular. Nem sou um líder político.

Não se sente um herói para uma certa juventude?
Não sou um herói. Faço o meu trabalho de servir o meu país.

Nalguns muros e paredes de Díli está escrito «Viva Alfredo».
Estamos num país democrático. Há liberdade de expressão.

Porquê que acha que o admiram?
Não sei. Pergunte-lhes e depois venha mo dizer.


E continua ligado aos peticionários (600 militares que saíram do exército para protestar contra uma alegada descriminação)?
Somos um só. Eu não estaria aqui se não fosse por causa deles. São militares e há uma crise dentro da instituição. Eu sou polícia militar e essas foram e são as minhas funções – pôr-me no meio.

Mas os peticionários já não estão juntos. Foi cada um para seu lado.
Por razões económicas. Onde quer que estejam, continuam a ser um só. Estão unidos, apesar de estar cada um na sua terra.

O presidente pensa vir a oferecer uma compensação monetária aos peticionários que não queiram regressar ao exército ou então terão de começar o processo de alistamento de novo.
Eles têm o direito de regressar à instituição, mas não se pode dizer que é para eles se realistarem. Eles nunca deixaram a instituição, por isso não é suposto começarem de novo. Mesmo estando na condição em que estão, continuam a ser militares ao serviço da nação.

Não é esse o entendimento das F-FDTL.
As F-FDTL não são propriedade de indivíduos, são propriedade da nação e do povo. Se algum indivíduo pensa assim então não tem lugar na instituição.

Não há, para si, nenhuma outra solução?
Há sempre uma solução desde que nos sentemos para conversar. Mas se há quem continue a ser teimoso e a acreditar na sua própria estupidez e nas suas próprias necessidades, então não haverá solução. Se os peticionários não forem reintegrados normalmente na instituição e se os problemas na instituição não forem resolvidos, um novo movimento será erguido. Todos servimos a mesma nação, a mesma instituição, mas debaixo de outro comando.

Matan Ruak parece não estar interessado em que os peticionários regressem como se nada tivesse acontecido, mas antes como novos candidatos.
Se Matan Ruak não se sente confortável com uma solução que os reintegre, ele pode se ir embora. A instituição não é dele, mas sim do povo. Pode levar as Falintil com ele, pertencem-lhe, mas não (pertencem) a nós, enquanto geração de um país independente.

Leu o relatório da comissão independente da ONU sobre o que aconteceu durante a crise de 2006?
Esse relatório é 99 por cento mentira.

É verdade ou não que…
Não é verdade. Fizeram-no sem me ouvir. Só quiseram ouvir um dos lados. Os internacionais dizem que vêm cá resolver os nossos problemas, mas nunca os vão resolver porque não sentem como nós. ONU, ONU, ONU. Diga-me em que parte do mundo há um exemplo de uma missão de sucesso desde que a ONU foi criada? Só há caos, meu amigo. Trata-se apenas de um projecto de como gastar o dinheiro da ONU. Se eles tivessem feito o trabalho de forma perfeita em 1999 não teria havido crise no país e a ONU não precisava de voltar.

Mas houve ou não houve um ataque coordenado a Díli, liderado por si, entre os dias 23 e 25 de Maio do ano passado? Porque nessa altura o major era o líder militar dos peticionários.
Está errado, meu amigo. Não houve peticionários envolvidos no dia 23.

No dia 23 não, mas no dia 24 em Tibar.
Sobre isso não sei nada. Tem de perguntar ao Railos.

Estive com ele no ano passado. Havia dois líderes em Tibar no dia 24: Railos e Salsinha.
Salsinha não foi para a linha da frente. Ele não tinha armas sequer.

Bem, houve um ataque em Tibar…
Viu Salsinha carregando armas? Não mencione ninguém que não tenha visto com os seus olhos. Não estou a defendê-lo. Se não estava lá, não estava lá.

No dia em que Ramos-Horta estava em Gleno para um encontro com os majores Tara e Tilman (a 23 de Maio de 2006), ele recebeu um telefonema a informar que havia um tiroteio em Fatuhai. Então, ligou para o major enquanto estava no tiroteio. Confirma?
Sim, ele telefonou-me.

Ramos-Horta contou ao Expresso que no dia anterior tinha estado consigo em Ailéu e que o major prometeu não sair de lá. Mas a verdade é que saiu. Porque foi para Díli?
Eu estava a fazer o meu trabalho. Dependeu do que aconteceu no dia anterior. Alguém quer saber o que se passou no dia 22 de Maio?

O que é que aconteceu no dia 22?
Quem ordenou a um grupo de militares para ir a Fatuhai dar tiros nos polícias que tinham instruções para fazerem guarda naquela área e protegerem a população? Eu recebi um telefonema dos polícias que estavam a ser alvejados para eu ir lá investigar o caso na manhã de dia 23. O meu trabalho, como polícia militar, era ir lá investigar. E porque é que fui atacado? Eu tenho de me defender. Nessa altura, Ramos-Horta ligou-me. Então, eu tenho de parar para que me possam matar enquanto estou a ser atacado?

O relatório da ONU diz que estava nas colinas acompanhado por dois jornalistas.
Sim. Como é que se pode estar a atacar alguém enquanto se está a ter uma conversa agradável com jornalistas, como estamos a fazer agora? No relatório está escrito que eu estou a fazer uma emboscada.

E havia um grupo de militares do coronel Falur. Foi ele que ordenou que abrissem fogo sobre si?
Sim. Nessa altura adoptámos o princípio de defesa militar. Quem disparou primeiro, não sei. Eu estava bem afastado.

Antes disso, pediu-lhes para irem embora?
Claro. Se eu quero fazer uma emboscada, peço-lhes primeiro para se irem embora?

Contou de um a dez e eles começaram a disparar?
Mesmo depois de contar de um a dez ainda disse para não dispararem. Os meus homens não dispararam antes do número dez ou mesmo quando chegámos ao dez. Portanto, quem disparou? Pergunte aos jornalistas porque é que eles fugiram, deixando-nos bem para trás. Não foi um filme, foi real.

Quem eram os jornalistas?
Fale com José Belo, um jornalista local.

Não houve, então, um ataque coordenado às F-FDTL?
Não. Nada disso.

Mas as F-FDTL entenderam que havia um ataque coordenado.
Eles entendem o que quiserem.

É que houve muitas coincidências.
As coincidências são um problema.

Houve um ataque a Tacitolu (quartel-general das F-FDTL, próximo de Tibar) e um ataque à casa do brigadeiro Matan Ruak, liderado por Abílio Mesquita…
O Abílio Mesquita faz parte da PNTL, eu não tenho qualquer comando sobre eles. Pergunte a Xanana, que o conhece muito bem. Vivem ambos próximos daquela aérea.

Abílio Mesquita é vizinho de Xanana?
Sim, moram muito próximos um do outro. E Lahana (onde vive Ruak) é muito próximo da casa de Xanana. Penso que o senhor Xanana tem alguma coisa para contar.

Sobre o ataque à casa de Ruak?
Sim. Porque tenho de ser eu? Eu não sei de nada.

Acredita que Xanana sabe alguma coisa sobre esse ataque?
Como líder da nação, deve saber.

Acha que ele consegue explicar o ataque?
É o único líder a viver perto. Deve saber alguma coisa. Pergunte também a Leandro Isaac, que também vive muito perto de Abílio Mesquita e da casa do brigadeiro. O melhor é perguntar às testemunhas.

Alguém estava a tentar matar o brigadeiro.
Eu não sei. Não fui eu. E não estava lá quando aconteceu.

Não teve nada a ver com isso?
Não tive nada a ver com Tacitolu, Ruak ou o (ataque ao) quartel-general da polícia. Se eu fiz alguma coisa de errado foi no dia 23 (em Fatuhai), só isso.

Quando é que foi a primeira vez que Xanana Gusmão falou consigo durante a crise do ano passado?
Não me lembro. Já foi há muito tempo. Não me lembro de quando foi a primeira vez.

Mas ele telefonou-lhe nesses dias.
Xanana nunca falou comigo por telefone. Nunca falámos por telefone.

Então, encontraram-se pessoalmente?
Pessoalmente, só quando fui levado por Ramos-Horta para um encontro (em Julho, antes da entrega das armas, em Maubisse).

Mas essa foi a primeira vez que falou com Xanana desde o início da crise?
Xanana falou comigo às vezes através de outras pessoas, quando tinha alguma coisa para me dizer, para me dar conselhos – «não faças isto, não faças aquilo, fica aqui, fica ali», como um líder normal.

Quem era o vosso mediador?
Pergunte-lhe. É ele que escolhe os seus homens. Xanana diz-lhe, se quiser.

Mas é verdade que Xanana pagou as suas despesas na pousada de Maubisse?
Pergunte a ele e ao dono da pousada. O que sei é que fiquei lá livre.

O major não pagou as despesas.
Acontece também que sou de Maubisse. Não é errado ficar lá.

Sim, mas eles cobraram-lhe a sua estada?
Não.

Não cobraram?
Vá lá perguntar às senhoras.

Fez declarações fortes nesta entrevista. Gostava de entender qual é para si a solução que lhe permitirá regressar a uma vida normal.
Eu tenho uma vida normal….

A sua vida normal seria em Díli.
Se ninguém me perturbar, eu tenho uma vida normal. Só não estou em Díli porque não quero atrapalhar o processo eleitoral.

Bom, mas o major está num esconderijo. Não se sente um fugitivo?
Foi muito difícil para si encontrar-me? Por acaso estou na selva? Olhe à sua volta. (Estamos num pequeno alpendre de uma casa isolada e há uma estrada a 30 metros onde passa um carro de polícia da ONU, vagarosamente) Aqui, fora de Díli, aqui é a minha casa. E eu posso estar em Díli sempre que quiser. Ninguém me pode dizer o contrário.

Mas já esteve em Díli desde que fugiu da prisão?
Se me quiser convidar para ir tomar um café em Díli, eu vou.

Vai?
Diga ao presidente Ramos-Horta que se quiser vou lá tomar um café um dia destes. Qual é o problema?

Vai e não terá medo?
Medo de quê?

Disse que alguém o quer matar…
Mesmo que assim seja, não importa onde estou. Quando o tempo chegar, chegou.

É possível que todos os líderes – e não apenas um – o queiram matar?
Não todos. Pode contar pelos dedos quem faz parte da máfia dentro do governo.

Mas há uma máfia?
Claro.

Dentro da Fretilin?
Está um pouco em todo o lado.

Acha que há uma intriga feita por um grupo conectado entre si?
Você vem do mundo moderno. Como é que a máfia funciona na Europa, meu amigo? São sítios diferentes, mas a merda é a mesma.

Está a falar de pessoas que querem ganhar dinheiro?
Que querem a ditadura no poder.

Agora há uma guerra política pelo poder…
Justa ou injusta?

Não sei. Mas há claramente dois lados. De um lado, Alkatiri. Do outro lado, Xanana e os seus aliados.
Há um terceiro lado.

Qual é o terceiro lado?
São os oportunistas.

E esses oportunistas não pertencem a nenhum dos dois lados?
Depende do dinheiro e dos benefícios que conseguem obter. Mas lembrar-se-ão eles de que devem fazer as coisas pelo povo, pela nação? Não para o seu próprio bolso, para os seus próprios interesses, para o seu orgulho. Essa é a questão: estás a servir a nação ou estás a servir-te a ti próprio?

Mas sabemos quem são essas pessoas?
Diga-me você. Tem-se encontrado com tanta gente.

Só tenho entrevistado líderes políticos.
E o que está a conseguir com eles? Está apenas a vender notícias ou tem algumas pistas?

Estão a lutar pelo poder.
Claro. Estão a lutar pelo poder qualquer que seja o caminho que os leve lá. Essa é política.

Alkatiri e Xanana dizem que estão a lutar pelo bem do povo e da estabilidade.
Que povo? O povo que andava a gritar para os tirar da cadeira?

Os seus militantes, os seus apoiantes.
Talvez os seus familiares e os amigos.

Então, estou a entender que não vai ser fácil...
Nada é fácil, meu amigo. Bem-vindo a Timor-Leste. Mas isto não é o faroeste, é apenas uma nova nação que precisa de ser construída.

Tem alguma esperança dentro de si?
Estou de pé porque tenho esperança.

Que esperança é essa?
É a esperança na nova geração. Nas suas mãos está a esperança para o futuro.

Não acha que as coisas podem melhorar quando o novo governo for para o poder?
Caras novas podem fazer alguma diferença. Se as coisas podem melhorar? Dependerá do respeito que se tiver pela lei e pela justiça.

Não importa quem é que estará no poder?
Não importa. Sou apenas um militar, sirvo qualquer um que sirva a constituição.

Não é um problema para si se Alkatiri for primeiro-ministro?
Melhor ainda.

Percebo que está a ser irónico, mas pode explicar melhor?
Talvez então se veja o que ele fez de errado antes e o que fará agora. Porquê forçar o seu nome através da constituição? Aí ver-se-á se a sua intenção é resolver a crise e garantir o futuro do país ou se a sua intenção é o seu próprio interesse, não importa que sacrifícios sejam precisos.

E isso não é legítimo?
Pergunte aos que tomam as decisões.

A Fretilin argumenta que é o partido mais votado.
Qual foi a percentagem com que eles ganharam? É preciso mais de 30 por cento para conseguir gerir o país. Se eles aprovaram as regras da constituição, através da maioria da Fretilin na assembleia, porque estão contra elas agora? Onde é que está a maturidade da liderança?

Acha que há um risco na pressão que um líder político possa fazer para ir para o governo?
É preciso novas caras para resolver o problema.

Novas caras como Fernando Lassama? O major apoiou o Partido Democrático nas eleições presidenciais…
Não, eu apoiei a coligação. Porque com a coligação, as decisões não são tomadas por uma única pessoa, o que significa que não vai haver ditadura ou decisões de pensamento único. Essa é a singularidade de uma coligação. Aí têm de decidir em prol da nação.

Ramos-Horta está a tentar um entendimento entre a Fretilin e a coligação liderada por Xanana. Acha uma boa ideia?
É-me muito difícil entender este jogo que estão a jogar. Na política, é preciso jogar de acordo com as regras da constituição e eles jogam contra as regras. É engraçado como Ramos-Horta concorreu a presidente contra a Fretilin e agora, depois de ter ganho, quer colocar a Fretilin no lado vencedor.

É suposto um presidente não tomar partido, não?
Diga-me você. A realidade é que o presidente veio ter com alguns dos meus homens para destruir a minha equipa. Isso não é tomar partido? Com o procurador… O que é que se passa entre o procurador e o presidente neste jogo? Alô…

Quer mandar alguma mensagem para o povo timorense ou para a comunidade internacional?
A minha mensagem é dada dia-a-dia. As pessoas vêem a verdade. A questão é: quão longínquo, quão bom, quão brilhante as pessoas vêem o futuro?

Não se sente isolado e abandonado?
Não. Se eu precisasse de gente de fora que me viesse proteger da minha própria gente, aí sentir-me-ia isolado. Aí sentir-me-ia um visitante.

Já disse que este não é o momento para contar a verdade, mas está realmente a pensar contá-la algum dia?
Eu vou contar a verdade, nada mais do que a verdade.

Quer dizer que há, de facto, uma verdade escondida sobre os bastidores da crise que não está disposto a contar por enquanto.
Você é a justiça, para que eu a conte? Se eu a contar agora, que provas me restam para fornecer um dia ao tribunal?

Mas tem vontade de contar toda a verdade?
No tribunal.

Não está arrependido pelas decisões que tomou?
Eu fiz o que estava correcto. Se eu não tivesse abandonado o exército, a guerra civil teria começado realmente. Porque eu faço parte do comando, estive envolvido em todas as reuniões e nos planos do que iriam fazer. Se eu não tivesse saído e me metido no meio, milhares e milhares de pessoas teriam sido provavelmente mortas.

Está a dizer que conhecia planos para uma guerra civil?
Claro.

Havia planos desses?
Não imagina o que eu vi no dia 4 de Maio, de manhã, em Gleno.

O que é que viu?
Havia gente por todo o lado com machetes e setas preparada para ir para Díli. E não sabe o que estavam a planear fazer no quartel-general das F-FDTL. Queriam ir a Gleno, atrás dos peticionários.

Estavam a planear um ataque a Gleno?
Sim. Pergunte ao coronel Lere. Ele sabe.

E isso foi planeado previamente?
Tenho tantas coisas escondidas cá dentro. Ou sou um criminoso ou sou alguém que se levantou para salvar o povo desta crise. Porque eu nasci depois da crise. A crise já lá estava quando souberam que eu existia. Portanto, quem são os actores da crise? Não sou eu.

Pensa, então, que o brigadeiro Matan Ruak é culpado?
Claro que é culpado. É o meu general mas se fez coisas erradas tem de responder por elas. Isso não altera o que sinto por ele como meu herói da independência.

Todos devem ir a tribunal?
Sim.

Incluindo Xanana?
Sim. Xanana deve ser julgado.

Acha que Xanana tem alguma responsabilidade?
Se a crise acontece e você é o presidente, não há o direito de lhe fazer perguntas? Qual é a responsabilidade dele? E ele não quer saber?

Xanana devia ter sido mais activo durante a crise?
Não Xanana. Mari Alkatiri é que lhe devia ter pedido autorização para usar as forças de defesa para resolver a crise no dia 28 de Abril (de 2006). O presidente é o comandante supremo das forças armadas. Porquê que não pediram autorização? Porquê que não há nenhuma ordem escrita? Porquê que é que deram um ordem injustificável? Porque eu estava lá, a tentar salvar a pele desses líderes quando eles estavam cercados pelos manifestantes. Por isso, quero ser testemunha dos acontecimentos de dia 28.

Testemunha do momento em que Alkatiri deu essa ordem?
Alkatiri não estava sozinho. Estava também Lobato, Roque Rodrigues e Ana Pessoa.

E ouviu o que foi dito?
Fui eu quem levou Lere e Roque Rodrigues ao palácio. E sou a primeira pessoa que Lere encontra depois dessa reunião, dizendo-me que já tinha uma ordem.

Para atirar se fosse preciso?
Sim. E eu perguntei-lhe onde estava a ordem por escrito. Ele disse-me que não houve tempo para a escrever. E eu disse-lhe: como é que não há uma ordem por escrito? Isto é matar civis desarmados, é massacre. Não é preciso uma ordem por escrito? Não é preciso perguntar duas vezes? Eu não sou um assassino.

E Xanana não devia ter sido mais activo?
Se eu fosse Xanana, teria escrito uma contra-ordem por escrito: isto é ilegal.

Era possível ele estar em casa sem saber o que se passava na cidade?
Talvez estivessem a tomar café nesse momento. Algumas destas figuras perderam a família naqueles dias? Conseguirão sentir? Sorte eu não ter algemado o coronel Lere naquele momento.

Pensou nisso?
Se o tivesse feito, teria sido ainda pior.

Neste momento, ao fim de uma hora e vinte minutos de gravação, a entrevista foi interrompida por um telefonema e pelo cerco de um helicóptero australiano. Não houve mais tempo para a acabar. Seguiu-se uma pequena sessão fotográfica, nas traseiras da casa onde a conversa foi gravada. Nessa altura, já o helicóptero dos militares australianos começava a fazer pequenos círculos a baixa altitude sobre as nossas cabeças. Reinado e os seus homens partiriam de carro. O Expresso soube, dois dias depois, que o cerco seria fechado em Alas, não muito longe dali.