07 de Outubro de 2008, 15:21
Lisboa, 07 Out (Lusa) - Os governadores dos bancos centrais dos países africanos lusófonos e Timor-Leste confiam na capacidade dos seus países enfrentarem a crise financeira internacional, mas temem uma redução de investimento e ajuda, e "esquecimento" da "outra crise", a da inflação.
No XVIII Encontro de Lisboa das delegações dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste à assembleia anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM), Miguens Oliveira, vice-governador do Banco Nacional de Angola, afirmou que a situação actual do país "permite encarar com optimismo a situação".
"Como todos vão sofrer, poderemos ir sofrendo" os efeitos da crise internacional - que está para já a implicar uma descida do preço do principal produto de exportação angolano, o petróleo - mas "não nos sentindo excessivamente afectados por ela", disse Miguens no encontro que teve o Banco de Portugal como anfitrião.
Oliveira elogiou a política governamental de aplicar as receitas petrolíferas "na diversificação da infra-estrutura económica", em vez de seguir o conselho de entesourá-las, que "teria significado colocar [o dinheiro] nos bancos que estão a falir e nas aplicações financeiras que não eram tão seguras quanto isso".
"É mais seguro investir num agricultor moçambicano do que num especulador de bolsa norte-americano", afirmou.
Preocupado com o investimento está o governador do Banco de Cabo Verde, Carlos Burgo, que afirmou já se sentir uma redução no imobiliário turístico e na dificuldade de obter financiamento.
"Não sentimos efeito directo da crise, mas sim indirectamente, nos fluxos financeiros e de financiamento", afirmou.
Apesar disso, afirmou, "a economia será capaz de absorver o impacto da crise sem recorrer ao financiamento externo" disponível, nomeadamente de Portugal e do FMI.
Também o governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Luís de Sousa, manifestou preocupação quanto a uma possível recalendarização de grandes projectos de investimento, como o porto de águas profundas e porto logístico, devido a problemas na obtenção de financiamento por parte dos investidores.
Mesmo antes desta crise, que afecta o arquipélago de forma indirecta, vivia-se uma "situação de desequilíbrio", tratando-se de uma economia "muito aberta ao exterior" e "dependente de donativos e empréstimos para a balança de pagamentos", que tem vindo a sofrer "preocupantes" impactos ao nível dos preços ao consumidor.
João Fadiá, director do Banco Central dos Estados da África Ocidental para a Guiné-Bissau salientou que "a grande preocupação" para os países da região é o nível de preços ao consumidor, hoje próximo dos 10 por cento.
Ernesto Gove, governador do Banco de Moçambique, deixou em Lisboa "um apelo" às autoridades internacionais para que "não desviem a atenção da outra crise", a da escalada da inflação nos bens essenciais para a população, que já causou conflitos civis de pequena dimensão.
"Apesar de algum abrandamento, estão num patamar elevado, não estamos ainda refeitos da primeira crise, dos bens alimentares e combustíveis, o que torna difícil a gestão das políticas macroeconómicos", afirmou.
Raquel Gonçalves Costa, directora da Autoridade Bancária de Pagamentos de Timor-Leste, salientou que os activos do sistema bancário têm vindo a aumentar, sobretudo graças a uma subida dos depósitos, deixando a banca timorense em boas condições para lidar com a situação de aperto financeiro.
"As reservas actuais são mais do que suficientes para fazer face à situação", afirmou.
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Lusa/Fim
Lisboa, 07 Out (Lusa) - Os governadores dos bancos centrais dos países africanos lusófonos e Timor-Leste confiam na capacidade dos seus países enfrentarem a crise financeira internacional, mas temem uma redução de investimento e ajuda, e "esquecimento" da "outra crise", a da inflação.
No XVIII Encontro de Lisboa das delegações dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste à assembleia anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM), Miguens Oliveira, vice-governador do Banco Nacional de Angola, afirmou que a situação actual do país "permite encarar com optimismo a situação".
"Como todos vão sofrer, poderemos ir sofrendo" os efeitos da crise internacional - que está para já a implicar uma descida do preço do principal produto de exportação angolano, o petróleo - mas "não nos sentindo excessivamente afectados por ela", disse Miguens no encontro que teve o Banco de Portugal como anfitrião.
Oliveira elogiou a política governamental de aplicar as receitas petrolíferas "na diversificação da infra-estrutura económica", em vez de seguir o conselho de entesourá-las, que "teria significado colocar [o dinheiro] nos bancos que estão a falir e nas aplicações financeiras que não eram tão seguras quanto isso".
"É mais seguro investir num agricultor moçambicano do que num especulador de bolsa norte-americano", afirmou.
Preocupado com o investimento está o governador do Banco de Cabo Verde, Carlos Burgo, que afirmou já se sentir uma redução no imobiliário turístico e na dificuldade de obter financiamento.
"Não sentimos efeito directo da crise, mas sim indirectamente, nos fluxos financeiros e de financiamento", afirmou.
Apesar disso, afirmou, "a economia será capaz de absorver o impacto da crise sem recorrer ao financiamento externo" disponível, nomeadamente de Portugal e do FMI.
Também o governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Luís de Sousa, manifestou preocupação quanto a uma possível recalendarização de grandes projectos de investimento, como o porto de águas profundas e porto logístico, devido a problemas na obtenção de financiamento por parte dos investidores.
Mesmo antes desta crise, que afecta o arquipélago de forma indirecta, vivia-se uma "situação de desequilíbrio", tratando-se de uma economia "muito aberta ao exterior" e "dependente de donativos e empréstimos para a balança de pagamentos", que tem vindo a sofrer "preocupantes" impactos ao nível dos preços ao consumidor.
João Fadiá, director do Banco Central dos Estados da África Ocidental para a Guiné-Bissau salientou que "a grande preocupação" para os países da região é o nível de preços ao consumidor, hoje próximo dos 10 por cento.
Ernesto Gove, governador do Banco de Moçambique, deixou em Lisboa "um apelo" às autoridades internacionais para que "não desviem a atenção da outra crise", a da escalada da inflação nos bens essenciais para a população, que já causou conflitos civis de pequena dimensão.
"Apesar de algum abrandamento, estão num patamar elevado, não estamos ainda refeitos da primeira crise, dos bens alimentares e combustíveis, o que torna difícil a gestão das políticas macroeconómicos", afirmou.
Raquel Gonçalves Costa, directora da Autoridade Bancária de Pagamentos de Timor-Leste, salientou que os activos do sistema bancário têm vindo a aumentar, sobretudo graças a uma subida dos depósitos, deixando a banca timorense em boas condições para lidar com a situação de aperto financeiro.
"As reservas actuais são mais do que suficientes para fazer face à situação", afirmou.
Lusa/Fim
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