Jacarta, 14 Jun (Lusa) - O Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, promoveu esta semana o cunhado à chefia das Forças Especiais do país, o Kopassus, uma escolha condenada por activistas de direitos humanos.
Susilo Bambang Yudhoyono anunciou esta semana em Jacarta a promoção do brigadeiro-general Pramono Edhie Wibowo ao comando do Kopassus, uma unidade de elite das Forças Armadas Indonésias (TNI) com uma longa história de abusos no próprio país e em territórios como Timor-Leste, Aceh e Papua.
O brigadeiro-general Wibowo, irmão da primeira-dama indonésia, Ani Yudhoyono, é suspeito de envolvimento na grande onda de violência que varreu Díli nos dias a seguir à consulta popular de 30 de Agosto de 1999, onde os timorenses escolheram a via da independência.
Segundo os autores da obra “Masters of Terror” (disponível em livro e numa página de Internet), Pramono Edhie Wibowo comandava em 1999 o Grupo 5 do Kopassus, que desembarcou em Díli a 05 de Setembro.
No dia seguinte, a residência do bispo Xímenes Belo, em Díli, foi atacada.
Pramono Edhie Wibowo graduou-se na Academia Militar indonésia em 1979. Ocupava, desde Setembro de 2007, o posto de ajudante-de-campo do comandante militar da região Diponegoro, em Java Central.
Antes disso, o cunhado do Presidente foi o segundo-comandante do Kopassus durante dois anos.
Como recordou esta semana a imprensa indonésia, a chefia do Kopassus é normalmente um trampolim para cargos mais estratégicos, incluindo o comando da região militar de Jacarta, a capital do país.
A carreira promissora de Edhie Wibowo tornou-se mais visível com a sua escolha para o lugar de assessor da Presidente Megawati Sukarnoputri, derrotada em 2004 pelo actual chefe de Estado indonésio.
A promoção do cunhado do Presidente Bambang à chefia do Kopassus “é o último exemplo do falhanço da Indonésia em lidar com a sua longa e sórdida história de violações em Timor-Leste e noutras regiões”, acusou hoje a organização internacional ETAN (East Timor and Indonesia Action Network).
“Em vez de promover alegados suspeitos de violar direitos humanos, a Indonésia devia garantir que os oficiais superiores responsáveis por crimes no passado fossem levados a tribunal”, declarou o coordenador nacional da ETAN, John Miller, num comunicado distribuído em Nova Iorque.
John Miller recordou que, em Abril deste ano, a Administração norte-americana interditou o Kopassus à cooperação militar dos EUA.
Em 2007, a ETAN revelou planos de Washington para conceder treino militar ao Kopassus, apesar de este corpo de elite ser, na definição da organização de direitos humanos, “a pior das piores entre as forças de segurança indonésias”.
A possibilidade de o Kopassus receber treino dos EUA foi também condenada por vários membros do Congresso, que condenaram a cooperação militar com unidades ligadas a violações grosseiras dos direitos humanos.
A interdição decretada este ano pelo Departamento de Estado abrange todo o Kopassus.
A campanha de terror em 1999 causou a morte de cerca de 1.400 civis e a destruição generalizada por todo o território (75 por cento da infra-estrutura do território), sobretudo em Díli.
O Grupo 5 do Kopassus recebeu treino dos EUA em 1997, através do Programa Conjunto de Treino e Formação.
O brigadeiro-general Wibowo sucede na chefia do Kopassus o o major-general Sunarko, que passa a comandante militar da região de Aceh.
Sunarko esteve em Timor-Leste em 1996 e 1997 e, de novo, em 1999, onde foi o assessor de inteligência do comandante do Kopassus.
O Kopassus foi criado em 1952 e tornou-se conhecido em Timor-Leste, “onde desempenhou um papel central nos crimes contra a humanidade” cometidos em 1999, que levaram os EUA a suspender a cooperação militar com a Indonésia.
A unidade de elite indonésia é acusada por diferentes organizações e instâncias internacionais de estar directamente envolvida no treino de milícias em Timor-Leste e Papua Ocidental.
A ETAN recorda que foi o Kopassus que eliminou o líder independentista papua Theys Eluay.
A promoção do cunhado do Presidente Yudhoyono é parte de um arranjo no topo da hierarquia militar indonésia que afectou 131 oficiais.
O comandante da região militar de Aceh é transferido para o quartel-general das TNI, onde será o assistente operacional do comandante das Forças Armadas indonésias.
A mudança de oficiais abrangeu também a nomeação de um novo comandante da região militar Udayana que inclui Bali e Nusa Tenggara, no leste do arquipélago, com Timor Ocidental.
PRM
Lusa/fim
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1 comentário:
No dia seguinte, a residência do bispo Xímenes Belo, em Díli, foi atacada.
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