sábado, 31 de março de 2007

"Não haverá mais governo da Fretilin" - "Lasama" de Araújo

Pedro Rosa Mendes (texto) e António Cotrim (fotos), da Agência Lusa


Manatuto, Timor-Leste, 30 Mar (Lusa) - Fernando "Lasama" de Araújo afirmou hoje à Agência Lusa que "não haverá mais um governo de Mari Alkatiri, nem mais um Parlamento de "Lu Olo"" em Timor-Leste, defendendo que a campanha para as eleições legislativas "já começou".

"O que eu digo aos meus simpatizantes é que, depois das eleições presidenciais, haverá eleições gerais (legislativas, ainda sem data marcada) e que teremos de imediato uma reforma política", afirmou o presidente do Partido Democrático (PD) de Timor-Leste.
A campanha de Fernando "Lasama" de Araújo, o oitavo candidato nos boletins de voto às presidenciais de 09 de Abril, passou hoje em Manatuto, cerca de 60 quilómetros a leste de Díli.
Segundo observadores eleitorais e elementos das forças policiais ouvidos pela Lusa no local, "Lasama" foi, "sem qualquer dúvida, quem mobilizou mais pessoas até agora" entre os candidatos que passaram por Manatuto.
Francisco Guterres "Lu Olo", candidato da Fretilin, João Carrascalão, Lúcia Lobato e Francisco Xavier do Amaral realizaram acções de campanha em Manatuto, a região onde nasceu Xanana Gusmão, o Presidente cessante de Timor-Leste.
José Ramos-Horta, que abandonou o cargo de primeiro-ministro para se candidatar às presidenciais, teve uma acção de campanha agendada para a vila, mas acabou por realizá-la noutra localidade.
O presidente do PD disse estar "emocionado" com a organização do comício e com a resposta da população, que acorreu ao campo de futebol de Manatuto - "entre 700 a mil pessoas", segundo um polícia internacional.
Fernando "Lasama" de Araújo era secretário-geral da RENETIL, o organismo juvenil da Resistência timorense, quando foi preso durante a ocupação indonésia, em 1991.
O líder da RENETIL passou seis anos e quatro meses na cadeia de Cipinang, Jacarta, a mesma onde esteve Xanana Gusmão.
"Foi nos anos de Cipinang que aprendi com Xanana e com outros prisioneiros políticos. A minha formação política vem de Cipinang", disse.
De qualquer forma, se for eleito para a chefia do Estado, Fernando "Lasama" de Araújo referiu que será um Presidente diferente de Xanana Gusmão.
"Xanana trabalhou com este Parlamento e com este Governo", explicou. "E não haverá mais um governo de Mari Alkatiri, nem mais um Parlamento de "Lu Olo"".
Sobre o Congresso Nacional da Reconstrução de Timor (CNRT), o novo partido apoiado por Xanana Gusmão, o líder do PD disse que não é adversário à altura porque "só tem a figura" do Presidente cessante.
"No PD, não temos figuras mas temos equipa e a equipa é muito sólida. Resulta de um trabalho de seis anos, que já se vê nesta campanha presidencial. Acredito que a Fretilin já não vai ganhar", afirmou o presidente do PD.
"Este povo acompanhou a situação durante cinco anos e sabe quais são as fraquezas da Fretilin e quem são as pessoas que lá estão", acrescentou o candidato.
Fernando "Lasama" de Araújo nasceu em 1963 em Manutasi, Ainaro. A sua biografia de campanha refere que, "quando tinha 12 anos, testemunhou o massacre de 18 familiares pelo Exército indonésio". Terá sido esse o momento que determinou o seu empenhamento nas estruturas juvenis e clandestinas da Resistência.
Lusa/Fim

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