CNE apela à calma
A campanha para as eleições presidenciais em Timor-Leste, cuja votação decorre a 9 de Abril próximo, começou a 23 deste mês e, até ao momento, registaram-se incidentes em Viqueque, na quarta e quinta-feira, contra apoiantes da campanha de José Ramos-Horta e, na terça-feira, foram lançadas pedras contra a coluna de veículos de campanha da Fretilin em que seguiam o candidato Francisco Guterres "Lu Olo" e o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.
Também terça-feira, a sede da Fretilin na vila de Liquiçá, a 34 quilómetros de Díli, foi apedrejada mas não se registaram feridos.
A CNE foi notificada das ocorrências mas, apesar destes dois incidentes, o padre Martinho Gusmão disse que o processo eleitoral não está posto em causa.
"Não podemos dramatizar. Lamentados o que aconteceu, mas estes casos não vão impedir todo o processo", afirmou o porta-voz da CNE.
Apesar dos dois incidentes registados em Viqueque e Liquiçá não impedirem a continuação do processo eleitoral a CNE vai apelar aos oito candidatos presidenciais para que controlem os seus apoiantes.
"Vamos mandar uma carta de repreensão a todos os candidatos para tomarem conta dos seus apoiantes, para que não se repitam os incidentes que aconteceram esta semana", adiantou à Lusa o porta-voz da CNE.
De acordo com Dionísio Soares, porta-voz de campanha de José Ramos-Horta, as vítimas do ataque são oriundas de uma povoação da zona de Viqueque e ainda não regressaram a casa. "Nós já mandamos uma informação para a CNE e já contactamos a polícia, que mandou homens do Bangladesh (UNPOL) para ver se estas pessoas podem regressar amanhã (sábado) às suas casas em segurança", disse à Lusa Dionísio Soares, acrescentando que os atacantes não foram identificados. "Não quero acusar ninguém porque, primeiro, tem de ser tudo verificado", disse o porta-voz da campanha de José Ramos-Horta.
Quinta-feira, em Díli, Finn Reske-Nielsen, vice-representante especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste, declarou que o recenseamento eleitoral "superou as expectativas", ao registarem-se mais de 500.000 eleitores, embora o número final oficial de votantes das presidenciais ainda não tenha sido divulgado. Finn Reske-Nielsen e o chefe da missão internacional (UNMIT), Atul Khare, referiram que o processo eleitoral não está posto em causa por questões logísticas, de segurança ou legislativas.
O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), com o apoio da UNMIT, identificou e avaliou 504 mesas de voto nos 13 distritos e concluiu que 71 seriam de acesso muito difícil e 34 não podem ser atingidas por terra.
Nos próximos dias, a UNMIT apoiará a entrega de material eleitoral nos distritos, incluindo as áreas menos acessíveis, com quatro helicópteros, estafetas e cavalo.
As eleições vão ser acompanhadas por mais de mil observadores timorenses e por cerca de 100 observadores internacionais, cuja formação é assegurada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
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