Numa declaração ao país, transmitida pela rádio e televisão timorenses, Xanana Gusmão considerou que «O país está a assistir a uma certa anarquia e a uma falta de vontade de certos segmentos da sociedade em contribuir para a estabilização do país».
«Não se pode permitir que se continue a perder bens e vidas e que os cidadãos continuem a viver num clima de insegurança», considerou Xanana Gusmão.
«Tem-se visto que algumas manifestações, ao invés de trazerem à consciência dos indivíduos uma mensagem positiva, que contribua para a solução dos actuais problemas do país, têm contribuído para provocar mais distanciamento entre as pessoas», acusou o chefe de Estado na declaração aos timorenses.
Xanana Gusmão anunciou que «o Estado vai utilizar todos os mecanismos legais disponíveis, incluindo o uso da força, quando necessário, para pôr fim à violência, à destruição de bens e à perda de vidas e restabelecer rapidamente a ordem pública».
Vários incidentes têm perturbado a ordem pública na cidade de Díli desde a madrugada de sábado para domingo, em resposta à operação de captura do major Alfredo Reinado por tropas australianas.
Quase 48 horas depois da operação de captura ter sido desencadeada em Same, no sul do país, Alfredo Reinado continua fugido, assim como um dos homens que o acompanhava, Gastão Salsinha.
Continua igualmente em parte incerta o deputado independente Leandro Isaac, que desde o início do cerco australiano a Same se encontrava com o grupo de Alfredo Reinado.
Um porta-voz das Forças de Estabilização Internacionais (ISF), em resposta a um pedido da Lusa, afirmou hoje que o deputado «não se encontra entre os detidos» da operação em Same.
Os apoiantes de Alfredo Reinado, sobretudo jovens, causaram graves perturbações na capital, com apedrejamentos, barricadas, corte de ruas, queima de pneus e o ataque a algumas residências e edifícios do Governo.
Os bairros mais afectados são os de Taibessi (onde no final da semana passada apareceram os primeiros cartazes de apoio a Reinado), Vila Verde, Colmera e Bairro Pité.
Hoje de manhã, a Escola Portuguesa de Díli esteve encerrada e os docentes portugueses na cidade não leccionaram.
A embaixada de Portugal mantém a recomendação para que a comunidade portuguesa fique em casa e se desloque o estritamente necessário.
Não se registaram, até ao momento, incidentes graves envolvendo cidadãos portugueses em Díli.
A Austrália actualizou as suas medidas de segurança, informando os familiares dos funcionários e o pessoal não essencial que considerem abandonar Timor-Leste.
Este aviso é, em geral, o último degrau antes de uma ordem de evacuação geral.
«É necessário que o Estado cumpra a obrigação, que lhe cabe, de garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger as pessoas e os bens, prevenir a riminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pela legalidade democrática», sublinhou o Presidente da República no discurso de hoje
Diário Digital/Lusa
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