terça-feira, 27 de março de 2007

Timor: Xanana vai integrar um novo partido

26-03-2007

Xanana Gusmão disse hoje em Díli que vai integrar o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), que se apresentará às eleições legislativas deste ano, mas só depois de terminado o mandato como Presidente da República, a 19 de Maio.

"Vieram com uma petição para eu aceitar fazer parte do partido que eles vão criar. Em princípio, enquanto Presidente, ainda não posso. Mas vou deixar de o ser em breve. Depois de deixar de ser Presidente, vou juntar-me a eles para tentar dar uma nova direcção ao país e ao povo", disse Xanana Gusmão durante a entrega de uma petição daquele partido, no Palácio das Cinzas, em Díli.

O actual chefe de Estado recebeu hoje 6.500 assinaturas de peticionários que apelam ao actual Presidente para que se junte ao CNRT, que será quarta-feira formalizado como partido político e que vai concorrer às legislativas de 2007, ainda sem data marcada.

"Se tudo estiver preparado, eles vão criar um partido e vou juntar-me depois de sair (do cargo) de Presidente", disse Xanana Gusmão à Agência Lusa, no final de uma cerimónia que juntou cerca de uma centena de pessoas no jardim do Palácio das Cinzas, acto que se prolongou durante hora e meia e que incluiu danças tradicionais timorenses.

Xanana Gusmão, ao lado de Mau Honu, antigo comandante das Forças Armadas de Libertação de Timor-Leste (FALINTIL), aceitou as caixas com a petição e as fotocópias dos documentos de identidade de cada um dos 6.500 signatários.

De acordo com Eduardo Barreto, coordenador do CNRT, a entrega das petições foi a primeira fase para a criação do novo partido que prepara para terça-feira a conferência nacional.

"Vamos fazer uma reunião nacional para aprovar o nosso estatuto, programa político, bandeira e hino e, depois disto tudo, vamos registar o partido no Tribunal, na quarta-feira", disse Eduardo Barreto, em declarações à Lusa.

Segundo o mesmo coordenador, o congresso nacional do partido vai realizar-se durante o mês de Abril e, em Maio, Xanana Gusmão vai tomar posse como líder do CNRT.

"Depois de tudo aprovado, o Presidente Xanana, que termina o mandato a 19 de Maio, vai liderar, como candidato, o nosso partido", adiantou Eduardo Barreto.

Os estatutos do CNRT, a que Lusa teve acesso, e que têm como lema, "Libertada a Pátria, Libertemos o Povo!", referem que o partido pretende "responder às aspirações profundas de um povo que sofreu durante 24 anos e que, conquistada a independência, continua a sofrer da miséria e sem esperança no futuro".

No preâmbulo dos estatutos lê-se que o partido tem como objectivo "responder à necessidade de inculcar uma cultura democrática nas comunidades, uma cultura de transparência e de responsabilização nas instituições do Estado e uma cultura de justiça, credível, independente e imparcial no sistema judicial timorense".

O documento refere igualmente que "os primeiros quadros do partido são todos aqueles que participam na 1ª Conferência Extraordinária para o registo do CNRT" e que compete ao presidente, vice-presidente e secretário-geral do partido propor ao Conselho Nacional "os candidatos a cargos políticos no Governo".

Os estatutos abrem expressamente a possibilidade de esses cargos serem ocupados por pessoas que não sejam filiados no CNRT.

Os titulares de cargos escolhidos pelo CNRT vão assinar um compromisso de honra, em que assumem "os princípios e o programa do partido" e em que fazem uma lista de bens e de fontes de receita.

Os estatutos do CNRT prevêem também a criação de estruturas de representação dos veteranos da Resistência, da Juventude, das mulheres e das associações profissionais.

O CNRT tem como símbolo "o mapa do país, com uma casa tradicional na capital, traduzindo a identidade nacional e o espírito de "Uma Pátria, Um Povo"", disse à Lusa Duarte Nunes, secretário da Comissão Organizadora do novo CNRT, que explicou que a bandeira do partido tem três cores.

"A faixa superior é da cor azul, simbolizando os valores morais, éticos e humanos que devem orientar a sociedade timorense. A faixa central é da cor branca, simbolizando os princípios democráticos de tolerância política, de reconciliação e de unidade nacional. A faixa inferior é da cor verde, simbolizando a esperança por uma vida sempre melhor, a produtividade do cidadão, num meio ambiente que deve ser protegido".

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