sábado, 3 de maio de 2008

Líder rebelde do Timor quer voltar para as forças armadas

Dili, 1º mai (Lusa) - O ex-tenente Gastão Salsinha, principal acusado no processo que investiga os ataques contra as lideranças do Timor Leste, afirmou nesta quinta-feira, na saída do tribunal, que pretende regressar às forças armadas.

Gastão Salsinha é suspeito de liderar o atentado contra primeiro-ministro, Xanana Gusmão, em 11 de fevereiro. A emboscada contra o premiê, que escapou ileso, sucedeu um ataque à residência do presidente José Ramos-Horta, que foi baleado.

Em janeiro de 2006, o ex-tenente comandou um levante militar, e acabou sendo expulso das forças armadas com os quase 600 rebeldes que liderou.

"O desentendimento dos peticionários não quer dizer que não amamos o nosso quartel. Isso não quer dizer que não amamos a instituição”, garantiu Gastão Salsinha.

"Mas nós tínhamos discriminação entre lorosae e loromonu, e é por isso que deixamos" os quartéis, afirmou o líder rebelde, recordando a acusação de problemas entre militares oriundos dos distritos orientais e ocidentais do país.

"Durante dois anos, eu sempre me mantive como militar. Depois disso, só o juiz é que pode resolver se eu sou civil ou militar. Neste momento, eu ainda sou militar. É a minha profissão", declarou Gastão Salsinha.

Prisão

Nesta quinta-feira, o líder rebelde foi colocado em prisão preventiva pelo juiz Ivo Rosa, do Tribunal Distrital de Dili, responsável pelo processo que investiga o duplo ataque de 11 de fevereiro.

Ivo Rosa realizou, entre quarta e quinta, o primeiro interrogatório judicial a Gastão Salsinha e a mais cinco dos rebeldes que estavam foragidos havia quase três meses.

O juiz aplicou aos seis acusados a medida de prisão preventiva. Outros sete elementos do grupo de Gastão Salsinha, que se renderam na região no oeste do país e foram trazidos na última segunda-feira para a capital timorense, estão em liberdade.

Em declarações à Agência Lusa, o juiz Ivo Rosa explicou que não pesa mandado de captura sobre os rebeldes soltos, que sequer foram interrogados pelo tribunal.

Nem o juiz do processo, nem o Ministério Público, através do procurador Felismino Lopes, sabiam para que prisão seriam enviados os detidos, cabendo a decisão ao Ministério da Justiça.

Pronto para a justiça

"A razão de me apresentar aqui é a minha própria declaração", disse Gastão Salsinha aos jornalistas, no final do interrogatório, falando sempre em língua tétum. "Bem ou mal, estou pronto para enfrentar a justiça".

Salsinha explicou que, em março, havia chegado a acordo com as autoridades do país para se entregar quando o presidente José Ramos-Horta chegasse da Austrália, onde se recuperava do tiro que sofreu.

No entanto, a rendição não ocorreu antes de 25 de abril porque o grupo foragido estava cercado, e Salsinha não queria se render aos oficiais da operação "Halibur", responsável pela captura dos rebeldes.

"Entreguei-me ao presidente Ramos-Horta, não me entreguei ao comando conjunto”, sublinhou o ex-oficial.

Gastão Salsinha não quis revelar a forma como se manteve em fuga durante quase três meses.

“Eu escolhia um esconderijo onde a operação conjunta não podia chegar. É uma tática militar. [...] Só eu é que sei o esconderijo”, disse o ex-tenente.

Sobre o interrogatório, Salsinha garantiu que nenhum dos acusados falou ao tribunal e se esquivou de confirmar seu envolvimento nos atentados de fevereiro. “Neste momento, não posso dizer nada”, declarou.

Quando questionado sobre o que sente após a acusação de ter chefiado o ataque a Xanana Gusmão, Salsinha diz não sentir arrependimento. “Eu não estou arrependido pelo problema da crise. O problema é de quem está governando a nação”.

Cerveja e karaokê

A rendição de Gastão Salsinha foi celebrada na terça-feira à noite, no comando conjunto em Dili, com uma festa que juntou oficiais da operação de captura e os próprios rebeldes.

"A festa podia ser ouvida na minha casa”, afirmou à Lusa o ex-premiê Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, partido da oposição.

Mari Alkatiri vive a cerca de duzentos metros da sede do comando conjunto.

Na ocasião, o ex-tenente Salsinha jantou em uma mesa de oficiais da operação "Halibur" e ficou com seus homens na festa até, aproximadamente, as 22h30, afirmaram à Agência Lusa vários dos que estiveram presentes na celebração.

"Houve muita cerveja, muita música e karaokê", relatou um membro das forças que, durante quase três meses, perseguiram os rebeldes pelos distritos ocidentais do país.

"Divertiram-se todos", resumiu à Lusa o comandante da "Halibur", o tenente-coronel Filomeno Paixão.

Durante o jantar, militares e policiais timorenses confraternizaram e abraçaram os 13 rendidos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Brava Mãe de Timor


Naceste em dias de amargura
infortúnio, degredo e submissão.

Tiveste os filhos que criaste como ninguém,
que perdeste como ninguém.
ergueste os altares,
fizeste as orações,
mas hoje, sim hoje!,
os homens não acreditam no teu Amor!


Palmira Marques

Anónimo disse...

""A festa podia ser ouvida na minha casa”, afirmou à Lusa o ex-premiê Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, partido da oposição."

Ai agora a propriedade que era a residencia oficial do PM ja passou a ser casa do Mari Alkatiri???

Que grande lata que este fulano tem. Apodera-se de bens do estado e depois tem a lata de falar de "estado de direito", leis, acusa os outros de corrupcao quando ele nao passa de um ladraozeco.

E por estas e muitas outras que se ve a diferenca entre estes fulanos e Xanana Gusmao e Ramos Horta por exemplo.

Xanana Gusmao ja em 2000 tinha recusado o palacio do governador como sua residencia e ate hoje preferiu viver em residencia privada dele. O mesmo com o Ramos-Horta.

Agora estes acambarcadores da Fretilin-Maputo nao fizeram outra coisa senao procurar acambarcar casas e propriedades do estado para eles proprios.

Deviam era ter vergonha na cara antes de lancarem criticas aos outros. Ladroes!!