Instituição será dedicada a Nossa Senhora de Fátima
Após uma visita recente de alguns membros da Comissão executiva da Fundação Mater-Timor a Timor-Leste, Mary Anne Stilwell d’Avillez apresenta um ponto da situação sobre a evolução da Maternidade-Escola que está a nascer em Díli.
Durante o Ano Jubilar de 2000 o Papa João Paulo II pediu às Conferências Episcopais que contribuíssem com um gesto de solidariedade social. Em Portugal foi decidido oferecer às dioceses de Díli e Baucau, em Timor Leste, uma Maternidade-Escola para apoiar a vida onde, em Setembro de 1999, ocorreu um massacre em que centenas de pessoas perderam a vida e onde houve uma destruição generalizada das infra-estruturas, a todos os níveis.
Em Outubro de 2000 foi feita uma primeira visita a Timor para definir o que os bispos timorenses achavam mais indicado. Após esta visita foi decidido que se deveria criar uma Fundação para dar vida a este projecto. Assim, em Setembro de 2002, foi assinada a escritura da Fundação Mater-Timor cujos fundadores são a o Patriarcado de Lisboa, a Conferência Episcopal Portuguesa, as Dioceses de Díli e Baucau, a Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos (FIAMC), o Santuário de Fátima, a Associação dos Médicos Católicos Portugueses e a Rádio Renascença. O Papa João Paulo II contribuiu com um donativo pessoal para este projecto.
O projecto de arquitectura foi desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Requalificação Territorial (GER_A), associação com muita experiência em Timor-Leste.
A construção da Maternidade-Escola de Díli foi adjudicada e o contrato assinado com a ENSUL, a 19 de Julho de 2005. A obra teve início em Agosto de 2005. A maternidade está a ser construída num terreno doado pela diocese de Díli, ao lado do Seminário. A construção está orçamentada na quantia de 1,6 milhões de Euros, sendo que a ENSUL oferece os custos acima dos 1,5 milhões de Euros como forma de mecenato.
Várias fases de instabilidade em Timor fizeram com que houvesse algum atraso na construção. Embora, felizmente, a maternidade nunca tenha sido directamente afectada pelos distúrbios houve atrasos na entrega de material e na vinda da Austrália de alguns trabalhadores especializados.
Nesta visita, em Abril, com a duração de uma semana, tivemos a alegria de ver um sonho tornado realidade. Em fase final da construção, só faltam os acabamentos na ala clínica, e aqui lembro o nosso objectivo principal:
A taxa de mortalidade materna e infantil em Timor é a mais alta da Ásia. Devido à política de não permitir a formação de quadros locais durante a ocupação pela Indonésia, existem poucos médicos, nenhum especialista nacional em obstetrícia, e as enfermeiras parteiras têm uma formação de base muito pobre.
A maioria das mortes maternas ocorrem em mulheres com gravidezes de risco e estas somam cerca de 20% do total de gravidezes. Se for possível identificar essas gravidezes e vigiá-las de perto será então possível diminuir o número de mortes maternas a curto prazo. Por esta razão apostámos num projecto em que a formação das parteiras que trabalham no terreno é prioritária.
A Maternidade-Escola consiste em duas alas com um pátio pelo meio. Uma ala contém a residência das grávidas, onde poderão ser alojadas seis mulheres que têm dificuldade em aceder à consulta mas necessitam de vigilância, dois quartos para quatro técnicos de saúde estrangeiros, cozinha, refeitório, capela e sala de formação. Na outra ala encontram-se os serviços clínicos de consulta, internamento (doze camas), sala de partos, sala de operações e serviços de apoio.
Durante esta visita o Bispo de Díli, D. Alberto Ricardo, confirmou que a administração da Maternidade será entregue à congregação de Irmãs Carmelitas em Díli. A Madre Superior, Irmã Idália, é uma pessoa dinâmica e com grande capacidade administrativa que adoptou este projecto com entusiasmo e todos os dias lembrava-se de mais uma pessoa que seria a ideal para preencher este ou aquele lugar na Maternidade. O nome da Maternidade foi também aprovado pelo Bispo local: Maternidade-Escola Nossa Senhora de Fátima.
Convidámos o Presidente Interino do Parlamento, Vicente Guterres, a visitar a Maternidade e este levou consigo três deputadas. Vieram também vários membros da Embaixada de Portugal em Timor, um dos quais disse ter sido a experiência mais gratificante que tinha tido naquele país. Falámos com o Ministro da Saúde que nos explicou que estão a dar os primeiros passos no desenvolvimento de um sistema de saúde único no país. Acordámos que a Maternidade poderia colaborar com este sistema, embora mantendo a sua autonomia, na detecção das gravidezes de risco e, possivelmente, na detecção do cancro do colo do útero para a qual não existem meios em Timor.
Futuro
Nos próximos meses teremos que nos concentrar na aquisição de equipamento. Os ouvintes da Rádio Renascença, através da Campanha de Natal, contribuíram generosamente para este fim, mas ainda necessitamos de angariar mais fundos para completar todo o material necessário.
Levámos connosco nesta visita uma enfermeira especialista em obstetrícia, já reformada, que através da RR se entusiasmou com o projecto e se ofereceu para ir para Timor “arrancar” com a Maternidade. Felizmente não perdeu o entusiasmo durante a visita e, após conhecer a realidade de um país que necessita de grande ajuda na área da formação humana, continua empenhada em lá voltar. É difícil para os poucos médicos timorenses no terreno saírem do país para se especializarem em Portugal. No entanto já oferecemos uma bolsa a dois médicos no caso de aceitarem o nosso convite para fazer um estágio de formação em obstetrícia em Lisboa.
Seria óptimo contar com o apoio de pessoal de saúde especializado na área da obstetrícia/ginecologia, pediatria (neonatologia), anestesia e laboratório para trabalhar e dar formação localmente. Existem hipóteses de se desenvolver uma colaboração com uma Escola de Enfermagem Portuguesa que foi convidada pelo governo timorense a fazer formação de pessoal de enfermagem na área da obstetrícia.
Timor é um país novo com um longo caminho a percorrer na formação de quadros, na construção de infra-estruturas e, urgentemente, na área da saúde e da educação. É um país que sofreu muito e que, mesmo tendo em conta os episódios de instabilidade que ocorreram, tem mostrado maturidade da parte dos seus líderes na procura da reconciliação e do perdão. Merece a nossa ajuda nesta área tão sensível da saúde materno-infantil. Quando morre uma mãe muitas vezes, a seguir, morrem todos os filhos com menos de cinco anos e perde-se uma família.
Mary Anne Stilwell d’Avillez
Mais informações em www.matertimor.eu
sexta-feira, 9 de maio de 2008
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1 comentário:
Labor 'tougher' on asylum seekers
Andra Jackson
May 12, 2008
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REJECTED asylum seekers are being deported in increasing numbers as the new Immigration Minister refuses last-ditch appeals at an unprecedented rate, refugee support groups claim.
Refugee advocates say the minister, Senator Chris Evans, is refusing to intercede in asylum seekers' appeals to remain in Australia on compassionate grounds at a higher rate than his Liberal predecessors.
Over the past two weeks the Labor Government has deported five asylum seekers from Sydney's Villawood detention centre, the NSW Refugee Action Collective says.
Among a caseload of 560 appeals he has turned down since coming to office is that of a Bangladeshi man, Manjurul Haque Chowdhury, who is married to an Australian citizen.
Mr Chowdhury has helped raise his wife's children and looks after her now that she is disabled.
Another to have had an appeal rejected was a 63-year-old East Timorese grandmother who no longer has a home to return to in East Timor and who has three children who are Australian citizens and six grandchildren in Australia.
Senator Evans has acknowledged that the bulk of the rejected ministerial appeals concerned asylum claims.
Melbourne's Asylum Seeker Resource Centre put the minister's rejection rate at 97.6%.
In a report, the centre's chief executive, Kon Karapanagiotidis, said this was based on the rejection of 42 of the centre's 43 long-term asylum claim cases.
The minister disputes that the rate is that high but says it is at 77%, based on his acknowledgement that of a caseload of 730 appeals, he has intervened in 170.
All of those where he did not intervene had already been rejected by the department, the Refugee Review Tribunal and in some cases the courts, he said.
"For these people, return to their home country is the most appropriate outcome in the vast majority of cases," he said.
He indicated that he had acted — as previously foreshadowed — to stop appeals to the minister being treated as "a third tier of review rather than as a check on the system".
"The bulk of the cases were decisions under 417 of the Migration Act," he said.
This section of the act allows a person whose refugee claim has been refused by the Refugee Review Tribunal or the courts to appeal directly to the minister for protection on compassionate grounds.
Mr Karapanagiotidis said the rejection rate of 97% was the highest it had experienced since 2001.
He maintained Labor had adopted a harsher stance on ministerial appeals than the Howard government, and was inappropriately using an assessment system it had criticised as flawed.
This story was found at: http://www.theage.com.au/articles/2008/05/11/1210444243814.html
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