Denpasar, Indonésia 15/07/2008
Denpasar, 15 Jul (Lusa) - Os chefes de Estado de Timor-Leste e da Indonésia partilharam hoje, numa declaração conjunta assinada em Bali, os seus "remorsos" pela violência de 1999 no território timorense sob ocupação."Em nome do Governo da Indonésia e do Governo de Timor-Leste, expressamos os nossos remorsos a todos aqueles que sofreram uma dor incalculável e feridas físicas e psicológicas enquanto vítimas directas e indirectas de violações de direitos humanos", diz a declaração assinada pelos dois líderes.A declaração de remorsos refere-se aos acontecimentos violentos "que ocorreram no período que precedeu e que seguiu a consulta popular em Timor-Leste em Agosto de 1999".Os crimes cometidos nessa época foram investigados pela Comissão de Verdade e Amizade (CVA), que hoje apresentou oficialmente aos líderes indonésios e timorenses o seu relatório final.O relatório foi entregue pela CVA numa cerimónia em Nusa Dua, Bali, Indonésia, que terminou com a assinatura da declaração conjunta por José Ramos-Horta, Susilo Bambang Yudhoyono e também pelo actual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão."Aceitamos os resultados, as conclusões e as recomendações da CVA e reconhecemos que houve violações graves de direitos humanos antes e depois da consulta de 1999" pela independência de Timor-Leste, reconheceram os líderes de ambos os países."Estamos determinados a encerrar este capítulo do nosso passado recente através de esforços conjuntos", lê-se na declaração dos três líderes.A declaração salientou que o mandato e o modelo da CVA "é um mecanismo único e sem precedentes de dois países soberanos para resolver os seus assuntos bilaterais, com a procura da verdade e amizade através de um processo não-judicial que enfatiza as responsabilidades institucionais", diz também o documento.A declaração começa por referir que Indonésia e Timor-Leste "percorreram um longo caminho para ultrapassar a dor de um capítulo infeliz do seu passado comum"."Reconhecemos a importância de resolver assuntos residuais", diz a declaração no seu primeiro parágrafo."Levamos em consideração que os acontecimentos que precederam e aconteceram logo após a consulta popular de 1999 em Timor-Leste foram grandemente influenciados pela situação prevalecente na Indonésia como também em Timor-Leste nessa altura", diz o parágrafo sexto da declaração conjunta.O documento salienta que os parlamentos dos dois países devem agora receber o relatório da CVA e que deve ser promovida a divulgação pública das conclusões.O mandato da CVA "fica extinto e preenchido" com a apresentação do relatório final, diz ainda a declaração conjunta.Vários membros dos governos timorense e indonésio participaram na cerimónia de entrega do relatório da CVA e a conferência de imprensa que se seguiu foi realizada pelos chefes de diplomacia dos dois países.PRM.Lusa/fim
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