domingo, 21 de outubro de 2007

Taur : “Dei instruções de auto-defesa”

Caso crise 25 de Maio de 2006
O Brigadeiro-General das FALINTIL-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), Taur Matan Ruak afirma que no dia 25 de Maio de 2006 deu instruções ao Coronel Lere Anan Timor para enviar membros das F-FDTL para fazer auto-defesa do Quartel-General da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).

Taur Matan Ruak respondeu a esta questão ao Procurador Bernardo Fernandes na audiência realizada no Tribunal de Recurso Caicoli, Díli.

Taur explicou que a ordem dada ao Coronel Lere para fazer a auto-defesa cercando o Quartel-General da PNTL porque os membros da PNTL dispararam en direcção ao Quartel-General das F-FDTL. E assim também durante a crise membros da PNTL sempre atacavam membros das F-FDTL, incluindo a sua residência.

«A auto-defesa com o objectivo de prevenir tiroteios provenientes da direcção do Quartel-General da PNTL, segundo a regra militar em qualquer lado. Quando alguém disparar contra as Forças do Estado as mesmas devem assegurar a auto-defesa. Na altura estava reunido com o Coronel Lere Anan, o então Ministro de Defesa, Roque Rodrigues, etc no Quartel-General das F-FDTL Caicoli», explicou Taur.

Questionado pelo Procurador Bernardo como é que os tiroteios pararam? Taur respondeu que os tiroteios pararam quando membros da Polícia das Nações Unidas, Coronel Fernando Reis, português, conselheiro das F-FDTL e membros das Nações Unidas da Austrália (não lembrou do seu nome) pediu para pararem os tiroteios porque membros da PNTL desejam render-se. Falaram em português.

«Os membros da UN não pediram ou não ordenaram as F-FDTL para se desarmarem e retirar do Ministério da Justiça e outros locais. Continuavam a dizer que a PNTL deseja render, sem explicar os pormenores da rendição. Os dois membros da ONU seguiram para o Quartel-General da PNTL, dei ordens aos membros para pararem os tiroteios e assim aconteceu», referiu Taur.

O Juiz Ivo Rosa como Presidente da audiência questionou se teve conhecimento da morte de membro das F-FDTL, Ricardo Buré, Taur respondeu que ouviu a informação antes do acontecimento em frente do Ministério da Justiça mas não viu a coluna da Polícia que saiu do Quartel-General da PNTL porque após os tiroteios provenientes do Quartel-General da PNTL, os escoltos levaram-no para o rés do chão do edifício, portanto não conseguiu observar a formação da coluna.

«O acontecimento em frente do Ministério da Justiça foi espontâneo, o que não significaria o desejo de matar, o que aconteceu é que na altura o Coronel Fernando não fez qualquer pedido em relação a formação da coluna a partir do Quartel-General da PNTL e a rendição dos membros da PNTL», explicou Taur.

Taur revelou que quando os membros da PNTL desejassem render, segundo um militar, não é formar seguindo a estrada e cantar o hino “Pátria Pátria” mas render significa levantar as mãos ao ar, e ficar sentado e ajoelhado.

«No dia 20 de Maio de 2006 recebi um telefonema do então Primeiro-Ministro, Marí Alkatiri que ordenou a operação conjunta das duas Instituições na segurança da situação. Naquela mesma altura contactei o ex. Chefe de Operações da PNTL, Afonso de Jesus e o Comandante Distrital de Díli, Eugénio Pereira. Estes responderam que para uma operação conjunta é positiva mas carecem a falta de transporte», referiu Taur.

Questionado pelo Juiz Ivo se existiram problemas entre as Instituições F-FDTL e PNTL, Taur respondeu que não. No entanto, foi dizendo que esteve numa situação deveras complicada, dado que no dia 23 de Maio alguns membros da PNTL juntamente com o Major Alfredo Reinado atacaram os seus soldados em Fatuahi, tendo causado a morte de um soldado bem como provocado alguns feridos. Já no dia 24 de Maio, quer a sua residência, quer o Quartel-General das F-FDTL em Tacitolo não foram poupados, tendo sido também alvos de ataques.

A audiência continuou a ser dirigida pelo Juiz Colectivo composto pelo Juiz Ivo Rosa (internacional), como Presidente, Victor Hugo Pardal (Internacional) e António Gonçalves (nacional) como adjunto. O Procurador que atendeu o caso coube ao Sr. Bernardo Fernandes (Internacional). Os 12 arguidos, a saber: RGS, PC, NFS, PC, JS, MX, FA, HA, AS, RM, VSG, JMNM continuam a receber assistência legal dos advogados Arlindo Dias Sanches, Tomé Jerónimo e José Guterres.

Segundo a observação do Jornal Nacional Diário, a 15ª audiência teve início às 09H30 prolongando-se até às 12 h00. Esta contou com a participação máxima não só da Associação de Advogados de Timor-Leste, como também de observadores internacionais, membros do FOKUPERS, ONG Internacionais, famílias dos arguidos e, por último, dos membros das F-FDTL e da PNTL. A questão da segurança máxima esteve a cargo quer da Polícia das Nações Unidas (UNPOL), quer da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Antes da entrada para o edifício do Tribunal de Recurso que dá acesso a sala de audiência, foi processada a respectiva identificação do pessoal. JNSemanário.