sexta-feira, 7 de março de 2008

Timor-Leste: Salsinha pediu mais dois dias ao PGR para se render

Díli, 07 Mar (Lusa) - O ex-tenente Gastão Salsinha pediu mais dois dias para juntar os últimos dois homens do seu grupo e prometeu entregar-se na segunda-feira, afirmou hoje o procurador-geral da república de Timor-Leste.


Longuinhos Monteiro voltou a Díli ao final do dia, sem Gastão Salsinha, para explicar ao Presidente interino, ao Governo e ao Comando Conjunto da operação "Halibur" o resultado de quatro dias de contactos com o ex-tenente.

"Salsinha está a tentar o seu melhor para contactar ou convencer os últimos homens do seu grupo", afirmou Longuinhos Monteiro numa conferência de imprensa realizada às 19:00 (10:00 em Lisboa).

"Salsinha diz que tentaram um contacto com esses dois homens mas falhou. Outros dois elementos eu mesmo fui buscar a Suai (sudoeste) e Maliana (oeste)", declarou Longuinhos Monteiro.

O procurador-geral, rodeado por cerca de uma dúzia de homens fortemente armados, deu a conferência de imprensa no Palácio de Governo, na cadeira onde o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, fala normalmente aos jornalistas.

Longuinhos Monteiro manifestou o cansaço físico de "quatro dias no mato" em contactos permanentes com Gastão Salsinha e os seus enviados.

Quando questionado sobre o acordo de Letefoho (Ermera) para a rendição de Gastão Salsinha, quarta-feira à noite, o procurador perguntou a um elemento da PNTL "que dia é hoje?".

Longuinhos Monteiro não referiu que Gastão Salsinha faltou hoje aos encontros com o procurador-geral, um facto confirmado à Agência Lusa por fontes que acompanham os contactos das autoridades com o ex-tenente.

Gastão Salsinha, líder dos peticionários das Forças Armadas que abandonaram os quartéis em Fevereiro de 2006, lidera o grupo de fugitivos que atacou a residência do Presidente da República e a coluna de viaturas do primeiro-ministro, dia 11 de Fevereiro.

Questionado sobre se Gastão Salsinha tenciona entregar-se quando se cumpre um mês do duplo ataque, Longuinhos Monteiro respondeu "talvez".

Longuinhos Monteiro afirmou que Gastão Salsinha pretende "justiça para ele segundo o sistema legal", mas que ao mesmo tempo tentou colocar condições para a sua rendição.

"Durante a conversa, tivemos discussões, nomeadamente numas condições que é exagerado (pedir) e não posso aceitar, por não ser da minha competência", explicou Longuinhos Monteiro.

"A justiça funciona sem compromissos no nosso país", afirmou também o procurador-geral.

"A situação é dele. Ele é que vai decidir a sua vida e o seu futuro", resumiu Longuinhos Monteiro sobre os cenários possíveis a partir de segunda-feira.

O procurador-geral esclareceu também que "não está a negociar" com Salsinha, "apenas a canalizá-lo em segurança para a justiça".

Longuinhos Monteiro recusou comentar a decisão do Comando Conjunto da operação "Halibur" de avançar no terreno com "acções de persuasão", anunciada horas antes pelo brigadeiro-general Taur Matan Ruak.

O chefe do Estado-Maior-general das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) afirmou que "a brincadeira acabou hoje" e que forças timorenses e internacionais avançarão contra o ex-tenente Gastão Salsinha se ele não se entregar.

Taur Matan Ruak, que hoje apresentou os contornos, a estrutura e o centro de operações da operação "Halibur" à comunidade diplomática, afirmou que as acções no terreno contarão com as Forças de Estabilização Internacionais (ISF).

As ISF, que têm um contingente australiano e neozelandês de cerca de mil efectivos e meios aéreos, estacionou um pelotão perto da vila de Maliana.

Desde quinta-feira, três companhias de forças timorenses realizam uma operação coordenada a partir de Balibó, de Atabae e Tutubele.

Caso o grupo de Gastão Salsinha não se entregue, as forças conjuntas timorenses e as ISF poderão fechar o cerco aos fugitivos a partir de Balibó, Maliana e Ermera, explicou hoje o Estado-Maior timorense aos embaixadores e diplomatas que percorreram o Comando Conjunto instalado num centro de conferências em Díli.

"O melhor caminho para Salsinha é cooperar connosco. O que lhe damos é uma oportunidade para resolver o seu problema", disse o CEMGFA aos jornalistas.

"Não o quero morto. Quero-o vivo para ele contar o que andou a fazer nestes dois anos", respondeu Taur Matan Ruak quando questionado sobre os objectivos da operação "Halibur" a partir de hoje.

PRM.

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2008-03-07 11:45:02

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