Díli, 03 Set (Lusa) - O vice-ministro das Relações Exteriores de Portugal, João Gomes Cravinho, anunciou nesta segunda-feira um reforço na colaboração brasileira na promoção da língua portuguesa no Timor Leste.
Cravinho, que é responsável pela área de cooperação do ministério, ressaltou o interesse de uma colaboração "de forma mais sistemática e mais volumosa" com o Brasil na promoção da língua portuguesa, que prevê o aumento do número de professores brasileiros no país.
Paralelamente, os colaboradores portugueses em território timorense, "sobretudo os professores", passarão em breve a ter cursos de tétum antes de iniciar sua missão.
"Analisamos vários mecanismos para reforçar a ligação entre a língua portuguesa e o tétum", declarou Cravinho no final de uma visita, que começou quinta-feira em Díli.
O vice-ministro disse que a formação em tétum será importante "para ajudar os professores a resolverem melhor os problemas dos formandos". De acordo com ele, a obrigatoriedade dos cursos de tétum não é resultado de uma avaliação negativa do entrosamento dos colaboradores.
"De forma geral, os portugueses conseguem fazer-se entender em português diretamente ou porque num grupo de quatro ou cinco pessoas há sempre alguém que pode se fazer de intérprete", disse Cravinho.
Cravinho reconheceu, no entanto, que os colaboradores "têm aprendido pouco tétum". "Compreendemos também a necessidade de mais portugueses falarem tétum na assistência técnica dos ministérios."
Promoção do português
Além do reforço de professores brasileiros e da tentativa de aproximação maior com a cultura local, faz parte das medidas anunciadas pelo vice-ministro luso para promover o português a concessão de 20 bolsas internas de licenciatura em língua portuguesa para timorenses e dez bolsas de mestrado em Portugal para timorenses, retomando um programa interrompido durante vários anos.
Cravinho acrescentou que Portugal pretende reforçar o apoio à divulgação de conteúdos em português na estação pública de televisão timorense (RTTL), "agora que a instalação das antenas de televisão em todo o país está próximo da conclusão".
Outros compromissos
A última visita do vice-ministro aconteceu à Fundação Alola, liderada por Kirsty Sword Gusmão, esposa do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão. "Foi primeiro um encontro de amigos, porque trabalhei com Kirsty em 1999-2000 e tenho acompanhado as atividades da fundação, que apoiei antes", disse.
"A visita serviu para saber como andam os projetos que conheci bem há poucos anos e que estão a ir bem”, disse o governante, acrescentando que há “abertura da cooperação portuguesa em vir a apoiar esses projetos".
O vice-ministro teve vários encontros institucionais e visitou vários projetos apoiados por Portugal, incluindo um dia passado no distrito de Ermera com produtores de café apoiados pela missão agrícola portuguesa.
Cravinho esteve também com o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin, maior partido do país), o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, de quem ouviu "as suas idéias sobre a situação política".
"Conversamos sobre o discurso do presidente da República no Parlamento [em 30 de agosto], no qual ele aconselhou a todos um momento de auto-reflexão sobre a crise de 2006".
A Alkatiri, o vice-ministro disse que "Portugal está sempre disponível para apoiar a reconciliação e estabilidade no Timor Leste".
Em sua despedida, Cravinho considerou que "há condições para estabilidade no país". "Saio satisfeito, embora com a noção de que a situação não está inteiramente resolvida" e de que a crise de 2006 não se resolve "de um único passo".
"No caso português, entre 1974 e 1976 houve um período conturbado que foi ultrapassado com o compromisso de todos em trabalhar dentro dos parâmetros da Constituição. Espero que o mesmo aconteça no Timor Leste", afirmou o vice-ministro.
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