Francisco Xavier do Amaral referiu-se a esta questão ao Jornal Nacional Semanário na sede do partido ASDT, em Lecidere, Díli, questionado sobre se a ASDT tem algum plano para comemorar o dia da transformação da ASDT em FRETILIN.
«Para a ASDT, não é importante comemorar o dia da mudança da ASDT em FRETILIN, porque era uma transformação natural, como eu ter sido da FRETILIN, que depois abandonei para entrar na ASDT.
Não comemoramos esse dia e nunca pensámos em comemorá-lo, se a FRETILIN o deseja fazer, tudo bem, mas por que é que a FRETILIN nunca comemorou esse dia durante 5 anos? Por não ter importância, mas neste momento os líderes do partido sentem-se atrapalhados e fazem isto para erguerem as suas cabeças», afirmou o ex-Vice-Presidente do Parlamento Nacional da Primeira Legislatura.
Segundo Xavier, a transformação de ASDT-FRETILIN deveu-se à influência de estudantes timorenses que estudavam em Portugal, vindo com ideias comunistas para promoverem uma revolução.
Xavier aceitou o comunismo porque havia uma condição denominada “Frente” que colocava os timorenses numa frente unida para alcançar o único objectivo, que era a independência.
«A transformação de ASDT para FRETILIN deveu-se a influência dos estudantes de então vindos de Portugal com ideais comunistas, que desejavam promover uma revolução, era uma política negativa para o nosso País mas trazia algumas ideias positivas para alcançarmos os nossos objectivos de independência e eu aceitei-as.
Por que é que aceitei a transformação de ASDT-FRETILIN? Porque na altura, além da ASDT, havia outros partidos, como a UDT, APODETI, KOTA e TRABALHISTA. Como tínhamos muitos partidos num território tão pequeno como Timor, com pouca população, poucos intelectuais, convidei os outros partidos para seguir um único caminho que era a “Frente”, com o objectivo de alcançar a independência», afirmou o Proclamador Unilateral da RDTL em 1975.
Segundo ele, o objectivo da transformação ASDT-FRETILIN era unir os timorenses, para que não houvesse divisão entre eles, porque havia ideias que defendiam a integração com a Indonésia e, outras, a continuação com Portugal.
Xavier desejava que os timorenses se unissem numa frente com um único objectivo, a independência. Essa ideia não alcançou os seus objectivos, que se chegaram a concretizar nos tempos da resistência, onde se conseguiu obrigar todos os timorenses na luta contra a ocupação indonésia, colocando de lado os interesses partidários, fossem da APODETI, da UDT ou da FRETILIN. Todos, com uma única ideia, a de defender Timor-Leste, a Nação de todos os timorenses, em vez de a vender aos estrangeiros.
Francisco Xavier acrescentou ainda que neste momento não continua na FRETILIN porque a actual FRETILIN continua a manter uma ideologia comunista dentro de si própria.
Realçou que a FRETILIN foi fundada por ele, na altura era Presidente da ASDT e foi ele quem chamou os estudantes timorenses que estavam em Portugal para regressarem a Timor-Leste e, juntos, estabelecerem a FRETILIN, mas no fim abandonou a FRETILIN porque esta o maltratou e torturou, acusando-o como traidor, apenas porque desejava que o povo se rendesse às forças indonésias, deixando somente os homens fortes na resistência. A FRETILIN terá interpretado essa ideia doutra maneira, acusando-o de que, ao exortar o povo à rendição, ele o terá feito para que um dia pudesse “ganhar cadeira” ou posição na Indonésia.
Xavier clarificou que o envolvimento de Marí Alkatiri na FRETILIN e ASDT era um envolvimento passivo e não activo.
«O envolvimento de Marí Alkatiri na FRETILIN e no ASDT era passiva. Os mais activos eram eu e o Ramos Horta, ele no exterior e eu no interior».
Questionado sobre a diferença entre a ASDT-FRETILIN do passado e a actual, o Proclamador da RDTL explicou que a primeira era constituída por nacionalistas com um único objectivo, a independência, enquanto na actual FRETILIN não há nacionalistas, porque é comandada por uma única pessoa, considerada como se fosse o autor da revolução.
Segundo Xavier, neste momento não só os que vieram do exterior é que têm capacidade para governar o País, pois há muitos timorenses capacitados em Timor-Leste para tais funções. JNSemanário.
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