segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Timor Leste quer despartidarizar e profissionalizar petróleo

Díli, 22 Set (Lusa) - O governo do Timor Leste pretende profissionalizar e "retirar o setor petrolífero da alçada dos partidos" como parte de uma "reforma imediata" apresentada pelo vice-ministro timorense de Recursos Naturais, Alfredo Pires.


"Os funcionários devem escolher entre o petróleo e os partidos", disse Pires, durante um debate promovido na quinta-feira pela organização não-governamental timorense La'o Hamutuk.

"As pessoas do setor petrolífero não podem estar envolvidas na política partidária", afirmou o secretário de Estado de Recursos Naturais, ressaltando que é objetivo do governo que, "se um novo partido chegar ao poder em 2012, não remova ninguém".

De acordo com Alfredo Pires, "os objetivos são produzir receitas para o Estado e melhorar os recursos humanos". "A agência reguladora e a Companhia Petrolífera Nacional têm que ser profissionais".

Entre as propostas do vice-ministro estão o esforço para trazer o gasoduto do campo Sunrise no Mar de Timor para a costa sul. A outra opção estudada é que o gasoduto passe no litoral norte da Austrália, junto a Darwin.

O governo também tem como intenção procurar "clientes para o gás natural" e descobrir "outros campos de gás, como o Abadi, na Indonésia", operado pela companhia japonesa Inpex.

Em relação ao Tratado sobre Arranjos Marítimos no Mar de Timor (CMATS), ratificado no início do ano, o Executivo timorense pretende que o Plano de Desenvolvimento do campo Sunrise esteja pronto em seis anos e a produção comece no máximo em dez anos, "ou o CMATS pode ser cancelado por qualquer das partes".

Capacitação

Constatando o déficit em recursos humanos do setor, o governo afirma necessitar de uma centena de profissionais licenciados, "que serão escolhidos mediante um concurso competitivo".

Atualmente existem 20 licenciados no país, 80 em formação na Indonésia e outros dez na Austrália e outros países, afirma o vice-ministro, anunciando que "30% das bolsas irão para mulheres".

Segundo Alfredo Pires, as exportações anuais do setor não-petrolífero não totalizam mais do que US$ 8 milhões (R$ 14,9 milhões), enquanto as importações chegam a US$ 200 milhões (R$ 374 milhões).

Ao promoverem o debate sobre o setor petrolífero, o secretário de Estado e a La'o Hamutuk recordaram que "as experiências de outros países nos ensinam que o setor oferece muitas promessas e muitos riscos".