O Primeiro-Ministro do IV Governo Constitucional e ex. Presidente da República, José Alexandre Kay Rala Xanana Gusmão admitiu que, como responsável do Estado, já tinha pedido desculpas da sua parte ao Povo de Timor-Leste em particular ao Povo da parte leste do País, porque o seu discurso, do dia 13 de Março de 2006 na televisão, provocou a deslocação de populações para os campos de deslocados na Capital, em Díli, e fora de Díli.
O actual Primeiro-Ministro fez esta declaração ao público durante a apresentação do Programa do Governo, no segundo dia no “Uma Fukun”, no Parlamento Nacional, quando respondeu à pergunta do deputado Osório Florindo, relativamente ao problema dos deslocados, que ainda não tinha sido citado no Programa de Governo.
Na sua intervenção, o Deputado da Bancada FRETILIN afirmou que o Programa do Governo não fala do problema dos deslocados, dos peticionários e do Alfredo. Porque é que o Governo não mencionou esses assuntos no seu Programa? A sua dúvida é que o actual Governo tenha medo de falar dos deslocados.
«Não sabem que os deslocados que permanecem debaixo das tendas em vários locais, se deve ao discurso do Estado do dia 13 de Março de 2006, na televisão, quando citou Leste e Oeste, aliás, “Lorosae” e “Loromonu”. Apesar da intenção não ser dividir o País, como as expressões do então PR foram bastante genéricas, algumas pessoas questionaram-se e surgiram, então, actos de violência em várias localidades: destruíram-se e incendiaram-se casas, e muitas populações tiveram de se deslocar para os campos de deslocados», salientou Osório.
Ao comentar sobre esta questão, o Chefe do Governo afirmou que, pessoalmente, já tinha pedido desculpas ao Povo. «Fiz uma declaração de pedido de desculpas ao Povo, quando era Presidente da República. Mas, se quiserem, diariamente, farei uma “ mea culpa ”. Quando for à missa, posso fazê-la. Eu, pessoalmente, como Presidente da República, não consegui controlar a minha emoção por causa de provocações provenientes de outras partes. Mas, como Presidente da República, já tinha pedido desculpas. Não dividi o povo, mas repeti as declarações dos peticionários, quando falei ao público. Estou de acordo com isto. Não digo como “líder” mas como responsável do País, aceitei esta crítica, prostro-me a todos, em particular às populações da parte leste, que não conheço, pois não permaneci lá e não lutei lá», afirmou o Primeiro-Ministro.
Observação do Jornal Nacional Diário, no terreno, após a crise no País, quando milhares e milhares de populações abandonaram as suas casas e se deslocaram para os campos de refugiados na cidade de Díli ou fora da cidade de Díli, como Tibar, Metinaro, Hera, Baucau e outros locais. Estas pessoas permanecem há quase dois anos nos campos de deslocados e não têm esperança de poder regressar às suas casas.
Responder em Tribunal
Relativamente a esta questão, o ex. Primeiro-Ministro e actual Secretário-Geral do Partido Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN), Marí Alkatiri, afirmou que o pedido de desculpas é importante, mas que foi feito tarde demais. O melhor é Xanana preparar-se para responder em Tribunal.
«Acusavam-me de ser o mais culpado e por isso demiti-me do cargo de PM. Foi, simplesmente, por causa de uma alegação, agora este caso não é uma alegação. Portanto quero declarar, mais uma vez, que Xanana Gusmão deve responder em Tribunal. Porquê? Porque usou uma Força ilegal, para matar elementos em Same. As Forças Australianas em Timor-Leste eram ilegais, porque o acordo anterior ainda não tinha sido ratificado. Xanana Gusmão deve-se preparar para responder em Tribunal» afirmou Marí Alkatiri aos jornalistas no Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato, em Comoro, em Díli, no sábado, dia 16 de Setembro, após a sua visita à Indonésia durante uma semana.
O Secretário-Geral da FRETILIN e a sua comitiva chegaram ao Aeroporto às 13h00, no avião da “Merpati”, e foram recebidos pelo Adjunto do Secretário-Geral, José Manuel Fernandes, e alguns membros da Comissão Política Nacional (CPN). Nessa ocasião, encontrou-se com o ex. Representante Especial do Secretário-Geral da ONU em Timor-Leste, Sukehiro Hasegawa.
Na chegada ao Aeroporto, os representantes dos deslocados do Aeroporto, do Jardim Colmera e do Bairro Betó içaram a bandeira do Partido FRETILIN e receberam a comitiva da liderança do Partido Histórico com “Vivas”, gritando e expressando os seus sentimentos de orgulho. JN Semanário.
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