quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O Analista de Economia de Timor-Leste, João Mariano Saldanha: “Em 2007, o desenvolvimento da economia foi positivo”

O analista de Economia de Timor-Leste, João Mariano Saldanha afirmou que o desenvolvimento da economia em 2007 foi positivo, porque o Orçamento Geral do Estado (OGE) desse ano conseguiu impulsionar a subida da economia entre 10 a 20 porcento.

«A razão que justifica este impulso, primeiro, é o melhoramento da estabilidade política, apesar das actividades políticas e destruições acontecidas após a formação do Governo na Ponta Leste», afirmou o analista de economia João Mariano Saldanha ao jornalista do Jornal Nacional Diário, Noémio Falcão, no Hotel Timor, Sexta-feira (28/12).

Além da estabilidade política, o analista acrescentou que é fundamental o desenvolvimento da economia, bem como o crescimento económico, a criação de oportunidades de emprego, o nível de inflação no País, a exportação, a importação e a igualdade entre ricos e pobres que começa a melhorar.

No aspecto dos postos de trabalho criados, como o projecto das estradas, passadeiras para as pessoas, construções fora da cidade como sejam a reconstrução de pontes, o projecto dos “2 dólares”, e ainda outros desenvolvidos em 2007, deram trabalho a mais de 10 mil trabalhadores.

Acontece também que muita gente perdeu o emprego após a crise acontecida na parte leste do País, essencialmente nos Distritos de Baucau e Viqueque.

“Segundo os meus cálculos, os timorenses que perderam o seu trabalho após a crise política, ronda os 2 mil a 3 mil pessoas, mas o Governo com o seu orçamento do Ano Fiscal de 2007, incluindo o Orçamento Transitório, parece ter criado cerca de 5 mil a 10 mil empregos”.

“Parte fundamental da economia, como o volume de inflação, penso que em 2007 baixou comparando com o ano de 2006. Porque após Timor-Leste ter adoptado a moeda americana, em 2007 o volume de inflação rondou os 10 porcento, mas em 2006 o volume de inflação subiu mais de 10 porcento do que a inflação normal. Numa Nação anualmente é de 7 a 10 porcento”.

O analista de economia acrescentou, que o volume de inflação acontecido em Timor-Leste, no ano de 2006 é normal porque em alguns países o volume de inflação subiu mais alto comparativamente com Timor-Leste.

Baseado em que aspecto, o volume de inflação em 2007 começa a baixar?

O analista afirmou que “…por ter tido muito trabalho, a importação começa a ser vista, a produção, em certos Distritos , começa a avançar e por outro lado porque o preço da mercadoria começa a normalizar e o Governo atribuiu o subsídio alimentar à população”.

Portanto, o analista afirmou que em relação ao preço dos produtos das necessidades básicas não há assim um impacto negativo, mas o preço de outras necessidades como o gasóleo e gasolina sobe muitas vezes por causa da subida de preços no mercado internacional. Em relação ao problema da exportação, segundo o analista, Timor-Leste sempre tem enfrentado problemas, porque a produção local como o arroz, azeite, sal, sabão não é em grande quantidade e por esse motivo Timor-Leste tem que estar dependente da importação de mercadorias vindos de outros Países.

Além disso o analista acrescentou que Timor-Leste fará a importação de cimento, materiais de construção, como ferro, alcatrão, etc. dado Timor-Leste continuar ainda a não ter peso no comércio internacional, especialmente na exportação.

Por outro lado, o analista salientou que o grande desafio a enfrentar pelo País é a falta de postos de trabalho, porque segundo os seus cálculos há por volta de 15 a 20 mil trabalhadores que desejam trabalhar todos os anos, não sendo ainda possível à economia nacional responder criando trabalho para todos. Portanto em 2007 por volta de 5 a 10 mil trabalhadores conseguiram obter trabalho e por volta de 10 mil trabalhadores continuam sem trabalho. Portanto a questão é que a economia começa a melhorar mas os empregos não chegam para todos.

Além do problema da falta de emprego, outro problema é o da pobreza que tem uma percentagem ainda muito elevada em Timor-Leste. Mas o Governo da Aliança Maioria Parlamentar (AMP) garantiu que a partir de 2008 o resolverá.

Segundo ele, em 2001 o índice de pobreza era quase de 40 porcento porque o lucro adquirido rondava os 50 cêntimos por dia ou 15 dólares por mês e em 2006 e 2007 estes números subiram para os 50/60 porcento, por causa da crise política acontecida no País.

O desenvolvimento da economia que traz vantagens à Nação é o Fundo Petrolífero. Porque segundo ele, o lucro adquirido em 2007 cifrou-se aproximadamente nos 700 a 800 milhões de dólares e em 2008 subirá para 1 milhão de dólares.

João Mariano resumiu que em 2007 o desenvolvimento de economia foi positivo em três aspectos, isto é, o aspecto do lucro adquirido pela Nação, o aspecto da inflação que normalizou e o aspecto do desenvolvimento da economia que a Nação adquiriu entre 5 a 10 porcento.

O aspecto negativo foi o negócio internacional, que Timor-Leste continua a ter “deficit”, o problema da falta de emprego que não satisfaz a procura dos trabalhadores timorenses e o volume de pobreza que continua numa percentagem elevada.

Um dos factores que dificulta o desenvolvimento da economia em Timor-Leste no período de 2007 é o factor da segurança. Por exemplo a crise que até a data ainda não teve solução como o problema dos IDPs, o grupo do Major Alfredo, peticionários e a crise acontecida há alguns meses na Ponta Leste que não garante ao investidor segurança para investir o seu orçamento em Timor-Leste.

No factor da justiça, o analista afirma que em 2007 nem tudo correu bem, porque muitos casos civis e criminais ainda não foram resolvidos segundo a justiça. Embora na Instituição F-FDTL alguns membros tenham respondido em Tribunal e obtiveram a sentença, enquanto os autores dos crimes continuam a circular livres.

O problema clássico acontecido dentro do Governo é a capacidade de execução orçamental desde 2002 a 2007 que foi fraca. Mas segundo o analista, a execução do orçamento transitório pelo Governo AMP começou a melhorar.

O aspecto que dá um sinal positivo ao desenvolvimento da Nação é o aspecto da descentralização. Porque no Governo da FRETILIN não houve totalmente descentralização de actividades do Governo desde o nível nacional até aos sucos.

Portanto por sua parte garante que o Governo AMP liderado pelo Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, em 2008 poderá reformar todos os aspectos que não dão vantagem a toda a gente.

Acrescentou que o Governo AMP prometeu que o ano de 2008 será um ano de reformas, em termos de governação e será também o ano de capacitação, um ano de paz e um ano de inclusão, não um ano de exclusão.

Em relação à proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano fiscal de 2008, onde se inscreve uma pequena alocação para o capital de desenvolvimento, o analista afirmou que em geral o orçamento permitirá um desenvolvimento positivo para a economia, mas o mais importante é criar postos de trabalho, controlar o preço para reduzir a inflação, dar incentivo ao comércio internacional e dar um impacto positivo para a redução de pobreza a nível nacional.

Por outro lado, João Mariano salientou que ainda não há muitas mudanças na máquina do Governo AMP comparando com a governação da FRETILIN, porque o Governo AMP fez as mudanças políticas na posição política mas não houve ainda mudanças na posição profissional. Há muitos Directores incompetentes portanto não podem fazer mudanças.

O Governo AMP deve fazer a remodelação da estrutura ao nível das bases, como os Directores, Administradores incompetentes e assim quando o Governo desejar estabelecer a descentralização nos níveis Distritos e Subdistritos haverá pessoas com competência para executar o Orçamento Geral do Estado que foi aprovado. JNSemanário .

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