Díli, 29 Jan (Lusa) – O Timor Leste "é um laboratório do potencial" para a ajuda internacional brasileira, afirmou à Agência Lusa o embaixador do Brasil em Díli, Antonio de Sousa Silva.
"A cooperação com o Timor Leste é algo inédito para o Brasil", disse o diplomata brasileiro nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, onde acompanha a visita do presidente José Ramos Horta ao Brasil.
Antonio de Sousa Silva afirmou que o aprofundamento das relações com o Timor Leste "surge num momento de transformação da Agência Brasileira de Cooperação para um instrumento de política externa do Brasil".
A Agência Brasileira de Cooperação existe desde 1987, mas funcionou até há pouco tempo "para coordenar a cooperação internacional com o Brasil".
Ajuda
"Há apenas três anos, a cooperação com o Timor Leste representava 30% da cooperação brasileira", disse o diplomata.
"Os mecanismos de cooperação internacional do Brasil são muito recentes e ainda não temos mecanismos internos para uma cooperação mais ampla", disse o embaixador brasileiro em Díli.
"Esta orientação inicial é um dos entraves à expansão da cooperação brasileira", explicou o diplomata, acrescentando que "a cooperação brasileira tem sido sobretudo técnica".
Conhecimento
O diplomata brasileiro disse que "a cooperação internacional brasileira é baseada na transferência de conhecimentos e tecnologias e com projetos de capacitação". "Não é uma cooperação que se faz na base de contribuições financeiras", afirmou.
Atualmente, a ajuda brasileira ao Timor Leste representa "entre US$ 1,5 milhões e US$ 2 milhões (entre R$ 3,9 milhões e R$ 5,3 milhões) por ano", disse o embaixador.
O Brasil mantém 50 professores de língua portuguesa no país desde abril de 2005, "alguns em estreita colaboração com projetos da Cooperação Portuguesa". O compromisso de três anos vai ser renovado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse o embaixador brasileiro.
"A nossa cooperação no Timor Leste está cada vez mais dirigida para a difusão da língua portuguesa", disse o diplomata, lembrando que existe uma preferência por não atuar "em setores onde há participação de outros países".
Jurídico
O Brasil tem no Timor Leste cinco juristas integrados no Projeto de Apoio ao Sistema de Justiça, coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), "que indica em cada ano quais as especialidades em que a cooperação judiciária é necessária".
Os grupo de juristas brasileiros, formado por juízes, procuradores e defensores públicos, mantém vínculo profissional no Brasil e recebe ajudas-de-custo adicionais do PNUD no país asiático.
O procedimento será adotado no programa de apoio ao Parlamento timorense, que deve ser concretizado em breve entre os dois países, afirmou Antonio de Sousa Silva.
O Brasil vai enviar dois técnicos para apoio às comissões parlamentares e outros dois para ajudar no controle da execução orçamental.
"Serão o embrião de um órgão do Parlamento Nacional para controlar a execução orçamental do governo", disse o embaixador brasileiro.
Profissionalização
A cooperação brasileira instalou na capital timorense um Centro de Formação Profissional que leciona cursos ligados à construção de casas, como carpinteiro, marceneiro, pedreiro, canalizador, além de informática e panificação.
Na semana passada, uma delegação técnica e ministerial mista brasileira e indonésia visitou o país asiático para estudar um projeto de reflorestamento e de recuperação ambiental, incluindo fins comerciais.
Segundo o embaixador brasileiro, ainda "não há empresas brasileiras no Timor Leste", lembrando que uma proposta do consórcio que integrava Petrobras, Petronas (Malásia) e Galp (Portugal) para a concessão de dois blocos no mar do Timor foi preterida na decisão final do governo timorense.
Forças
Atualmente, o país asiático conta com quatro observadores militares e quatro policiais brasileiros integrados na missão internacional das Nações Unidas (UNMIT).
Até 2005, o contingente brasileiro no país chegava a quase 150 militares e policiais, o que representava a maior contribuição em forças internacionais.
O diplomata citou ainda a herança do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que dirigiu a Administração de Transição das Nações Unidas de 1999 e 2002, entre o fim da ocupação indonésia e a independência.
"Sérgio Vieira de Mello contribuiu para aumentar a atenção brasileira sobre o Timor Leste, que já era acompanhado no Brasil por causa da luta heróica dos timorenses e por termos tido uma mesma metrópole", disse Antonio de Sousa Silva.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
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