quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Entrevista especial com Gastão Salsinha
«Não queremos misturar assuntos partidários com o caso dos peticionários»
O porta-voz dos peticionários, Gastão Salsinha, afirma não ter participado no diálogo entre o Governo e os peticionários em Aileu por não querer misturar o caso dos peticionários com assuntos políticos.
Isso, porque há indivíduos com interesses nesse diálogo, como o ex-Major Tara e o Piloto.
«O ex-Major Tara, toda a gente o conhece, é um membro do Partido Social Democrata (PSD) portanto não pode ser uma pessoa que fale dos assuntos relacionados com os peticionários», afirma Gastão Salsinha na sua entrevista especial com o Jornal Nacional Diário, recentemente através de telefone, quando confirmou as razões de não participado no diálogo presidido pelo Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, em Aileu.
A seguir acompanhamos a entrevista especial do Jornal Nacional Diário (JND) com Gastão Salsinha (GS).
JND : Porque é que não participou no diálogo liderado pelo Governo?
GS : Parece-me que o Tara e o Piloto têm alguns interesses nesse diálogo, porque desejam título de herói e deseja realizar coisas por detrás com o Primeiro-Ministro. Mas isso não significa que não cumprimos as ordens do Governo, vamos cumprir. Vós próprios sabeis que o Major Tara neste momento é membro do PSD. Para mantermos a nossa posição como peticionários e como militares, como militares, se aderíssemos a qualquer partido, então como é que o público iria analisar este caso?
Por estas razões é que não participámos no diálogo realizado no distrito de Aileu. Todos nós conhecemos a equipa estabelecida pelo Estado como mediadora ou ponte do diálogo, mas não consideraram a Task Force e ouviram o Tara e o Piloto, e os dois não são peticionários, são membros de partidos políticos.
JND : A Task Force tinha falado com o seu grupo?
GS : Realizámos dois encontros com a Task Force , o primeiro encontro foi no Suai e o segundo foi em Gleno e tivemos um encontro com o Assessor do Primeiro-Ministro, Joaquim Fonseca, o Secretário do Estado de Defesa, Júlio Tomás Pinto, e o Secretário do Estado de Segurança, Francisco Guterres.
JND : O Primeiro-Ministro pediu-lhe para se posicionar como peticionário. Qual é o seu comentário?
GS : É verdade que os dois casos são diferentes, mas o Primeiro-Ministro deve entender que houve peticionários e houve Alfredo, e se não houvesse peticionários não haveria Alfredo. Que eles próprios se perguntem porque é que a crise está a ser mais prolongada e porque é que não foi exterminada no ano anterior.
JND : Isso significa que se deve resolver em primeiro lugar o caso dos peticionários ou tratá-lo juntamente com o caso do Alfredo?
GS : Deve ser mesmo assim ou seja segundo a corrente do acidente. O caso dos peticionários é o processo de resignação e do acontecimento de 28 de Abril até ao problema do Alfredo. Portanto, o processo deve seguir essas trajectórias.
JND : Segundo a sua opinião, qual é a melhor solução que sugere ao Governo no caso dos peticionários?
GS : A primeira coisa é reactivar os peticionários na instituição F-FDTL porque os peticionários na sua petição apresentada ao Estado e aos Órgãos de Soberania, não faziam nenhum pedido para regressassem a vida civil. O pedido foi de reorganização da Instituição F-FDTL.
Portanto não houve uma solução para resolver e prolongou-se a crise. Exigimos aos governantes que reactivem os peticionários na sua posição como militares a fim de garantir a estabilidade e segurança no nosso País.
Até à data nem todos os peticionários se envolveram como membros de partidos políticos, na sua maioria continuam a amar a sua vida militar.
JND : Caso o Governo realizasse um diálogo em Gleno, estaria disposto a participar?
GS : Estamos prontos 24 horas em qualquer dia ou a qualquer hora para aceitar que o Governo, com boa vontade, deseje ter encontros connosco.
JND : Se no encontro em Gleno estiverem também presentes o Tara e o Piloto, qual é a sua opinião?
GS : Não desprezamos o Tara nem o Piloto mas eles devem estar conscientes das suas próprias posições. Porque o Major Tara saiu das F-FDTL após o dia 28 de Abril e Piloto no dia 28 de Abril ainda estava na Divisão de Operação. Foram eles que elaboraram o plano de operação para eliminar os peticionários e a juventude dos 10 distritos.
Não fechamos as nossas portas a ninguém. Mesmo que o Governo envolva os dois membros, nós participaremos e caso eles não participem, nós participaremos, se o diálogo for realizado em Gleno.
JND : O Governo AMP fez um grande esforço para resolver os vossos problemas, mas se não tiver a vossa participação qual é a solução?
GS : Respeito os governantes, os nossos Órgãos de Soberania que asseguram o Governo AMP. Nós os peticionários estamos prontos a cooperar com o Governo AMP para resolver os problemas pendentes até à data, nomeadamente o problema dos peticionários, o problema do Major Alfredo, o problema dos deslocados. Portanto pedimos a boa vontade dos governantes a fim de resolver os problemas segundo os seus meios para obter uma boa solução para que o povo possa viver em estabilidade. JNSemanário.
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1 comentário:
Caros bloguistas da lusofonia.
Convido-vos a visitarem o Despertar Consciências que tão recentemente inaugurei e que hoje aborda um tema que supostamente viaja um pouco por todos os países da nossa lusofonia e pelo exercício da democracia em cada um deles.
Conclui-se que os piores, a todos os níveis, são a Guiné e Timor, mas isso serão todos vós que poderão ainda melhor esclarecer se, eventualmente, viverem nesses países e quiserem partilhar connosco as vossas experiências.
Ficarei grata pela vossa visita.
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