terça-feira, 28 de agosto de 2007

Marí Alkatiri: “Horta e Xanana não respeitam a decisão do Tribunal”

O Presidente da República, José Ramos Horta, e o Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão, não respeitaram o Tribunal, por terem utilizado a Fretilin-Mudança para realizar campanhas, apesar de saberem que esse grupo era ilegal, de acordo com o Secretário-Geral da Fretilin, Marí Alkatiri, que falou sobre esta questão aos jornalistas, segunda-feira (20/8), no Parlamento Nacional, em reacção às declarações do Presidente da República em que disse que a Fretilin deve apresentar notificação ao Tribunal de Recurso contra a sua decisão.

«O problema político é resolvido através da política, mas se apresentarmos o caso ao Tribunal e se o Tribunal decidir uma vitória da Fretilin, como poderemos resolver o problema?» questionou Marí Alkatiri.

Marí Alkatiri explicou que se o Presidente da República entregar o Governo apartidariamente à FRETILIN também não resolverá problemas, e não é necessário sobrecarregar o Presidente do Tribunal de Recurso para resolver os problemas políticos que devem ser resolvidos através da política.

«Como aconteceu quando a “Mudança” apresentou o caso ao Tribunal, nós ganhámos mas o problema não ficou resolvido. O Presidente José Ramos Horta e o Presidente do CNRT, Xanana Gusmão, usaram o grupo Mudança para realizar campanhas, apesar de terem conhecimento de que esse grupo era ilegal, portanto digo que eles não respeitaram a decisão do Tribunal», lamenta Marí Alkatiri.

Marí declara ainda que se os líderes no topo não respeitam a decisão do Tribunal, então mais vale não apresentar nenhum caso ao Tribunal e tentar resolver através da justiça. Explica também através do caso de Alfredo, que se evadiu da prisão e até agora não há certeza de que se deva capturar ou não capturar, «uma situação contra a decisão do Tribunal».

Marí Alkatiri explicou ainda que Railós teve o mandato de captura, ainda se encontrou com o Presidente da República e depois escapou-se e foi esconder-se. «Então, ir ao Tribunal para quê? Apenas para sobrecarregá-lo e depois continuamos a fazer as coisas segundo os nossos desejos? Não vale a pena, então seria melhor os líderes principais resolverem esse problema. Precisamos de estabilidade e de paz. Daqui a dois ou três anos, então devemos formar um Governo de grande inclusão para garantir a estabilidade e a paz no País. Neste momento grupos incendeiam casas em Viqueque, condenam a Fretilin, mas este partido não quer a violência porque a Fretilin foi vítima de violência há mais de um ano, sem contar os tempos da luta», defende Marí Alkatiri.

Salienta ainda que «gostam de usar a violência para resolver problemas porque em 2006 usaram a violência para derrubar o Governo. Quem é abriu esta situação e dividiu o país em Leste e Oeste para dar início à violência? Este caso ainda não foi respondido perante a justiça».

De acordo com o responsável, «a Fretilin fez isto porque não quer governar apartidariamente neste momento actual mas optou por um Governo de grande inclusão. A Fretilin foi o primeiro partido mais votado e assim devia indigitar o Primeiro-Ministro, portanto a própria Fretilin apresentou uma figura independente a Primeiro-Ministro através de um acordo e com base na Constituição mas rejeitaram», afirmou.

Sobre a intervenção das Forças Internacionais, acusadas de falta de imparcialidade, Mari Alkatiri afirma que «usamos essas Forças para resolver problemas mas se a sua presença é para apoiar um determinado grupo contra outro grupo, mais vale regressarem aos seus países». JNSemanário.