terça-feira, 7 de agosto de 2007
Timor Leste: Protestos contra novo premiê deixam 7 feridos no Timor-Leste
Nomeação de Xanana Gusmão na segunda-feira gera conflitos em Baucau, segunda maior cidade do país
DÍLI - Pelo menos sete pessoas ficaram feridas nesta terça-feira, 7, quando a Polícia disparou balas de borracha e arremessou gás lacrimogêneo em Baucau, segunda maior cidade de Timor-Leste, para dispersar as pessoas que protestavam contra a nomeação de Xanana Gusmão como primeiro-ministro.
O protesto começou como uma passeata em Baucau, cerca de 120 quilômetros a leste de Díli, e acabou em saques e no incêndio de edifícios públicos e de sedes de ONGs, como a Cáritas.
O inspetor Pedro Belo disse em Baucau que os policiais atiraram balas de borracha para o alto e lançaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
"Infelizmente, alguns escritórios, como o de Agricultura, Obras Públicas, Assuntos Sociais e a sede da Cáritas foram incendiados. A Polícia deteve alguns indivíduos", disse Belo.
O diretor do Hospital de Baucau, Libório da Costa Alves, anunciou que sete jovens, um deles em estado grave, foram internados na unidade de emergências com ferimentos provocados pelos policiais.
Os manifestantes são seguidores e simpatizantes da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin). O partido venceu as eleições de 30 de junho, obtendo 21 das 65 cadeiras do Parlamento e, segundo a Constituição, deveria ter recebido a chefia de governo.
Porém, o presidente timorense, José Ramos Horta, escolheu Xanana Gusmão como primeiro-ministro porque este lidera uma coalizão de quatro partidos. Juntos, eles contam com 37 parlamentares, número suficiente para constituir um governo estável.
A aliança de governo compreende o partido fundado por Gusmão em março, o Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor-Leste (CNRT), que conta com 18 deputados, a coalizão ASDT-PSD, com 11 congressistas, e o Partido Democrata (PD), com oito parlamentares.
O Legislativo unicameral se completa com o Fretilin, três cadeiras do Partido de União Nacional (PUN), duas da aliança KOTA-PPT e outras duas do Partido de União Nacional da Resistência Timorense (UNDETIM).
Na segunda-feira, Ramos Horta justificou a decisão alegando que um governo do Fretilin teria caído em poucos meses sem apoio parlamentar.
O enviado especial da ONU no Timor-Leste, Atul Khare, que na segunda-feira saudou a indicação de Gusmão, condenou a violência e se reuniu com o secretário-geral do Fretilin, o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, para tentar restabelecer a calma.
Depois, Ramos Horta, prêmio Nobel da Paz em 1996, se encontrou no Palácio Presidencial com Alkatiri e Gusmão.
"A violência é esporádica e isolada. A força internacional de segurança e a Polícia nacional fizeram um grande trabalho para controlá-la. Peço calma aos jovens em Baucau para que possamos viver em prosperidade e harmonia como irmãos", disse.
Já Alkatiri afirmou que a obrigação de controlar a violência é do Estado e não dos dirigentes do partido.
"Os militantes e seguidores do Fretilin estão frustrados porque o vencedor das eleições não governará, mas os partidos que perderam foram escolhidos para formar o governo. Portanto, apenas protestam contra o que consideram uma injustiça".
"Claro que os que reagem são partidários do Fretilin, mas isso não significa que a direção do partido os estimule. Tentaremos acalmar nossos seguidores, mas não pediremos a nossos deputados e simpatizantes que apóiem ao governo", afirmou.
"Não fui convidado pelo Presidente para a posse do primeiro-ministro. Portanto, não assistirei", acrescentou Alkatiri.
Xanana Gusmão, que foi o primeiro presidente do país após a independência, em 20 de maio de 2002, deverá tomar posse nesta quarta-feira.
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