segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Timor Leste: Portugal apela para normalização da vida política no Timor

Viana do Castelo, 08 Ago (Lusa) - O ministro das Relações Exteriores de Portugal, Luís Amado, disse neste sábado estar "preocupado" com a volta dos atos de violência às ruas do Timor Leste e apelou ao "bom senso" para o país entrar "na rota da pacificação e da normalização política".

"Acreditamos que se está a virar uma página no processo político timorense e que o bom senso acabará por prevalecer", declarou o ministro à Agência Lusa.

Amado, que falava em Vila Nova de Cerveira, durante a inauguração da Bienal lusa de Arte, destacou que há agora no Timor-Leste uma "legitimidade política renovada", depois das eleições para todos os órgãos de poder, desde o presidente até ao Parlamento e ao governo.

"Com a participação das Nações Unidas e o envolvimento da comunidade internacional, acreditamos que o processo de pacificação e de normalização da vida política possa ocorrer o mais rapidamente possível", afirmou Amado.

"Esperamos que o bom senso prevaleça e que os responsáveis timorenses possam encontrar, entre si, as soluções para que o país entre numa rota de estabilização e normalização", disse o ministro.

Crise

Os incidentes no Timor Leste foram desencadeados em 13 de agosto, quando o presidente timorense, José Ramos Horta, designou como primeiro-ministro Xanana Gusmão, do Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor Leste (CNRT), e não o candidato da Frente para o Timor Leste Independente (Fretilin), partido vencedor das eleições legislativas de 30 de junho, mas sem maioria absoluta.

Gusmão dirige uma coligação de quatro formações políticas que controla 37 dos 65 lugares do novo Parlamento de câmara única, enquanto que a Fretilin, embora vencedora nas eleições, apenas obteve 21 deputados.

Desde o anúncio da designação de Xanana, cerca de 5.000 pessoas foram retiradas de suas casas e levadas em pelo menos oito abrigos temporários no leste do país, devido à violência que afetou a região.

Dados do Ministério do Trabalho e Reinserção Comunitária timorense mostram que até a última terça-feira a violência tinha atingido populações em pelo menos 13 áreas do leste do timorense.

Mais de 320 casas foram queimadas, segundo o balanço do impacto da violência que é feito com base em informação recolhida pelo governo, Nações Unidas, agências especializadas e organizações não-governamentais.

As maiores concentrações temporárias de deslocados ficam nas montanhas de Viqueque, onde estão cerca de mil pessoas, enquanto centenas de outras estão em vários pontos da cidade, na costa sudeste do país e no quartel da polícia em Uatu Carbau. Timor Leste atravessa uma crise política desde abril de 2006.

2 comentários:

Anónimo disse...

Claro que entre todos os partidos e alianças de partidos que disputaram as eleições a Fretilin é o mais votado.

Obviamente que o convite do PR para formar Governo deve ser endereçado à Fretilin e apenas à Fretilin. Precisamente por ter sido o mais votado na disputa eleitoral. É sempre o mais votado que leva a taça, neste caso a taça é o convite para a formação do governo.

Imaginem só como agiria um júri que fosse confrontado com esta situação: no fim de um concurso de lançamento de peso e estando já no pódio, os segundos e terceiros expulsam o primeiro com o argumento de que somando as suas distâncias atiraram o peso mais longe do que o primeiro. Obviamente que nenhum júri honesto permitiria que o primeiro fosse espoliado da sua taça.

É isso que o PR Horta tem de fazer, emendar a mão, dar a taça à Fretilin e expulsar os usurpadores do pódio.

Só assim, com a reposição das regras, pode voltar a ordem ao concurso e a estabilidade ao desporto

Anónimo disse...

Tropas Australianas provocam mais desassossego em Timor-Leste

FRENTE REVOLUCIONÁRIA DO TIMOR-LESTE INDEPENDENTE
FRETILIN

Comunicado de Imprensa
20 Agosto 2007

Tropas Australianas em Timor-Leste inflamaram uma situação já volátil ao arrancarem bandeiras da FRETILIN e limparem as costas com elas, disse hoje o Vice-Presidente da FRETILIN e deputado Arsénio Bano.

"O deitarem para o chão as bandeiras da FRETILIN é mais outra demonstração da natureza parcial da intervenção militar do governo de Howard em Timor Leste," disse Bano .

Disse que os incidentes ocorreram na parte leste do país em 18 de Agosto, em dois locais diferentes – Suco (região administrativa) Walili na estrada entre Baucau e Viqueque e na aldeia de Alala no distrito de Viqueque – onde os residentes tinham erguido a bandeira da FRETILIN em protesto contra o governo inconstitucional de José Alexandre Gusmão.

"Em Walili dois veículos militares Australianos cheios de soldados rasgaram uma bandeira da FRETILIN que tinha estado erguida na beira da estrada, limparam com ela as costas e continuaram caminho com a bandeira. A bandeira roubada foi devolvida mais tarde nesse dia por um capitão das forças armadas Australianas.

"Na aldeia Alala as tropas Australianas tentarem arrancar da corda uma bandeira da FRETILIN e depois passaram por cima dela .

"Condenamos estas acções extremamente provocatórias que têm inflamado uma situação já volátil. A bandeira da FRETILIN tem um enorme valor simbólico e emocional para o povo de Timor-Leste que vai para além dos membros e apoiantes da FRETILIN.

"Dezenas de milhares de pessoas morreram a lutar sob esta bandeira durante a luta pela independência, incluindo membros das famílias das pessoas que testemunharam quando a deitaram para o chão no Sábado .

"Os soldados Australianos insultaram os nossos mártires e toda a nação Timorense. A sua insensibilidade cultural e arrogância tipificam as operações militares Australianas na região do Pacífico."

Bano disse que os incidentes não podiam ser desculpados como acções de soldados individuais mal orientados.

"Os soldados seguem os exemplos dos seus oficiais e entendem os objectivos verdadeiros da intervenção parcial do governo de Howard em Timor-Leste, que teve um objectivo principal – a remoção do governo democráticamente eleito da FRETILIN e a sua substituição com o governo ilegítimo de José Alexandre Gusmão."

Por mais informação, por favor contacte:

Arsenio Bano (+670) 733 9416, FRETILIN Media (+670) 733 5060 ou

fretilin.media@gmail.com