terça-feira, 7 de agosto de 2007

Timor Leste: Ramos-Horta dará posse amanhã ao novo executivo


O Presidente de Timor-Leste convidou ontem Xanana Gusmão a formar o novo governo, cuja posse ocorrerá amanhã. O anúncio originou, no entanto, reacções negativas por parte de aliados da Fretilin, tendo sido registados incidentes em Díli.
A destruição pelo fogo do edifício da Alfândega de Timor-Leste, no centro de Díli, e incidentes noutros pontos da capital sucederam-se ao anúncio pelo Presidente José Ramos-Horta da escolha de Xanana Gusmão para liderar o IV Governo Constitucional. Ramos-Horta justificou a escolha de Xanana em virtude da coligação pós-eleitoral – Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) – que lidera “representar neste momento a opinião política da maioria”. A escolha de Ramos-Horta contrariou as pretensões da Fretilin, partido vencedor das legislativas de 30 de Junho mas que elegeu somente 21 dos 65 deputados do Parlamento Nacional. Antecipando-se ao anúncio, Mari Alkatiri, em conferência de imprensa, classificou a escolha de Xanana como “um golpe de Estado constitucional”.
Dirigentes dos partidos aliados da Fretilin no Parlamento de Timor-Leste criticaram também a decisão presidencial, antecipando “instabilidade social” e “desobediência civil”. “Esta decisão pode dar alguma estabilidade institucional, mas criará instabilidade social e isso é prejudicial para Timor-Leste”, sustentou Manuel Tilman, do Partido KOTA, que concorreu coligado com o PPT.
Horas antes do anúncio de Ramos-Horta, em pelo menos dois dos campos de refugiados existentes em Díli as reacções eram manifestamente críticas, com a exibição de cartazes a injuriar Xanana.
Para além do incêndio na Alfândega de Timor-Leste, em Díli, noutros pontos da cidade vários incidentes foram protagonizados por grupos de jovens, que arremessarem pedras contra as viaturas que passavam, provocando intervenções do dispositivo policial ao serviço da missão da ONU (UNMIT), que efectuou tiros para o ar e granadas de gás lacrimogéneo.

As escolhas ( os Ministros da AMP)
O IV Governo Constitucional, que toma posse amanhã, está “praticamente constituído, embora haja ainda reuniões de última hora a decorrer”, afirmou o secretário-geral da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), Gil Alves. O dirigente da ASDT, um dos quatro partidos que integra a AMP, ocupará a pasta do Comércio e Indústria. O presidente do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) terá “doze ministros”, acrescentou Gil Alves. Xanana acumulará a pasta da Defesa e Segurança com a chefia do governo, que terá um só vice-primeiro-ministro, José Luís Guterres, líder do Grupo Mudança da Fretilin que, desde o congresso de 2006 do partido, contesta a liderança de Francisco Guterres «Lu Olo» e Mari Alkatiri. Lúcia Lobato, deputada do Partido Social-democrata (PSD), será ministra da Justiça e Zacarias da Costa, presidente do Conselho Nacional do PSD, o chefe da diplomacia timorense. Emília Pires, uma economista independente, é a escolha para a pasta das Finanças, enquanto que Joy Gonçalves, outro dos rostos da liderança do PSD, ficará com a tutela da Economia. Para a pasta da Agricultura, irá Mariano Sabino, que tem sido o porta-voz da AMP. Este governo terá um secretário de Estado da Comunicação Social, cargo para que foi escolhido Marcelino Magno. Kay Rala Xanana Gusmão, líder histórico da luta pela independência de Timor-Leste, nasceu em 1946, em Manatuto, quando o país era ainda uma província colonial portuguesa. Dirigiu nas matas a luta contra a ocupação indonésia tendo, com a restauração da independência, em 2002, sido investido no cargo de Presidente da República, para que foi eleito em 2001.

1 comentário:

Anónimo disse...

Até têm como ministro o porta-voz dos Vermelhos e Brancos que entre outros "feitos" mataram à catanada 25 Timorenses que se tinham abrigado na igreja de Liquisa. Fora com estes assassinos usurpadores! Abaixo o Horta e o Xanana! Abaixo os traidores!