segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ataque a Ramos-Horta foi retaliação a Xanana


Segundo o novo líder dos rebeldes timorenses

Um encontro do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, com peticionários (desertores do exército), esteve na origem dos ataques de 11 de Fevereiro ao Presidente José Ramos-Horta, revelou ontem ao semanário Expresso Gastão Salsinha, novo líder dos rebeldes.

O tenente Gastão Salsinha, substituto do falecido major Alfredo Reinado no comando dos rebeldes, declarou ao jornal que, segundo informadores, Xanana Gusmão se teria reunido nas suas costas com peticionários, na capital, depois de Ramos-Horta tentar um acordo em Maubisse.
Salsinha afirmou desconhecer a intenção de Reinado quando se dirigiu fortemente armado a casa do Presidente da República, em Metihau.
De acordo com a mesma fonte, "o ataque que se seguiu (...) — em Balibar —, ao carro do primeiro-ministro, foi uma reacção emocional".
"Sabíamos que Reinado estava morto. Os homens ficaram zangados e dispararam (...)", adiantou, rematando: "Se tivéssemos intenção de matar, não tínhamos atirado aos pneus. Foi um aviso".
A reunião do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, com peticionários, visando a sua reintegração nas Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL) ou, em alternativa, o regresso à vida civil, ocorreu no passado dia 7, em Dili, enquanto a tentativa de acordo de Ramos-Horta foi feita a 13 de Janeiro, precisa o jornal.
O Expresso conclui que, segundo Salsinha, mais de uma centena de homens estarão com os rebeldes, escondidos algures na ilha.
Entretanto, o Presidente da República de Timor-Leste, atingido a tiro a 11 de Fevereiro num ataque à sua residência, "está a recuperar muito bem e já comeu alimentos sólidos", afirmou ontem João Carrascalão, cunhado de José Ramos-Horta, à agência Lusa.
João Carrascalão, que visitou o chefe de Estado timorense no Royal Hospital de Darwin, Austrália, afirmou que "o Presidente está a recuperar muito bem, embora se sinta muito cansado porque não consegue dormir".
Segundo João Carrascalão, o chefe de Estado timorense "está muito bem disposto e mantém-se acordado porque recusou tomar comprimidos para dormir".
Ontem, o chefe de Estado timorense "já comeu alimentos sólidos, comida normal, pela sua própria mão", contou João Carrascalão a partir de Darwin. O Governo de Timor-Leste, entretanto, expressou ontem o seu acordo com a estrutura e as regras de empenhamento da operação de captura ao grupo do ex-tenente Gastão Salsinha.
O Governo timorense deu, desse modo, a sua concordância com as decisões do comando conjunto da operação "Halibur" ("reunir" ou "juntar" em tétum), que reúne as Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e da Polícia Nacional (PNTL).
A decisão surge um dia depois de ter sido aprovado e proclamado o regime de estado de sítio por mais 30 dias, a partir de ontem, com recolher obrigatório entre as 22:00 e as 06:00. A operação de captura do grupo do ex-tenente Gastão Salsinha, denominada "Halibur", "é uma típica acção de contra-insurreição", feita por ex-guerrilheiros que agora estão numa força convencional, notam fontes militares timorenses e internacionais ouvidas pela agência Lusa.

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