quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Timor tem mais de 500 ex-militares rebeldes aquartelados

Photo: aquartelamento dos chamados peticionários
Dili, 27 fev (Lusa) - Ao todo, 557 ex-agentes rebeldes das Forças Armadas do Timor Leste estão aquartelados em Dili, segundo a contagem feita nesta quarta-feira.

O processo de aquartelamento dos chamados peticionários foi iniciado em 7 de fevereiro de 2007, a convite do governo timorense, após quase dois anos de impasse na situação destes ex-militares.

O governo preparou um local em Aitarak Laran, no centro da cidade, para receber as centenas de ex-militares que estiveram na origem da crise política e militar que atingiu o Timor Leste em 2006.

No primeiro dia de aquartelamento, 71 peticionários responderam à convocação do governo para resolver suas situações. Nesta quarta-feira, durante a contagem feita durante a manhã, o número de registrados atingiu 557 pessoas.
Grupo

A parte mais substancial do grupo chegou de vários distritos nos últimos três dias, transportados ou acolhidos pelas Falintil - Forças de Defesa do Timor Leste (F-FDTL), Polícia Nacional do Timor Leste (PNTL), Polícia das Nações Unidas (UNPOL) e Forças de Estabilização Internacionais (ISF).

Helicópteros da Austrália e da Nova Zelândia participaram do transporte dos rebeldes de áreas mais distantes como o distrito de Oécussi, um enclave na parte ocidental da ilha do Timor.

Uma petição inicial com 159 signatários surgiu em janeiro de 2006, citando alegadas discriminações de base regional no seio das F-FDTL, de que seriam alvo os militares originários dos distritos ocidentais.

Na primeira manifestação dos peticionários, como ficou conhecido o grupo de signatários, havia 418 elementos e semanas depois, quando a petição foi levada ao então presidente Xanana Gusmão, já havia 592 assinaturas.

Os rebeldes abandonaram os quartéis e o Estado-Maior das F-FDTL decidiu pela sua expulsão, com efeitos a partir de março de 2006. No mês seguinte, uma manifestação em Dili, em frente ao Palácio do Governo, terminou em violência e desencadeou a grande crise política e militar.
Organização

Alguns oficiais se juntaram mais tarde aos rebeldes, como os majores Tilman e Tara. Além disso, os peticionários teriam sido dirigidos pelo ex-tenente Gastão Salsinha, o oficial mais graduado do grupo.

Gastão Salsinha lidera atualmente o grupo de homens armados, que era chefiado pelo major fugitivo Alfredo Reinado, ex-comandante da Polícia Militar, desde a crise de 2006.

Reinado foi morto durante o ataque em 11 de fevereiro contra a residência do presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, pouco antes de um segundo ataque contra o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, liderado por Gastão Salsinha.

A aproximação de Alfredo Reinado dos peticionários de Gastão Salsinha ficou demonstrada em uma parada militar organizada em Gleno, a sudoeste de Dili, em novembro de 2007.

A evento foi uma demonstração de força de Alfredo Reinado e Gastão Salsinha, dias depois de uma primeira tentativa fracassada promovida por Xanana Gusmão para juntar os peticionários em Aileu, a sul da capital.

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