segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Membro de grupo rebelde se rende à polícia da ONU no Timor


25-02-2008 10:53:12

Dili, 25 fev (Lusa) - Um membro do grupo rebelde que era comandado pelo major Alfredo Reinado se rendeu nesta segunda-feira à Polícia das Nações Unidas (UNPol), anunciou em Dili o chefe da Missão Integrada da ONU no Timor Leste (Unmit), Atul Khare.

"Um dos co-acusados no processo [contra Alfredo Reinado] nos contatou dizendo que estava pronto para se entregar", anunciou o representante especial do secretário-geral da ONU, Atul Khare.

O subcomissário e comandante operacional da UNPol, Hermanprit Singh, foi pessoalmente a Maubisse, no oeste do país, para acompanhar a transferência do rebelde rendido para a capital.

"Não foi preciso usar algemas nem nenhuma coação", explicou Atul Khare, que chefia a Unmit.

Atul Khare não divulgou o nome do membro que se rendeu à UNPol "por razões de segurança, porque isso não compete à Unmit, mas às entidades judiciais, e para evitar possíveis represálias contra a família do acusado".

O rebelde que se rendeu nesta segunda-feira é um dos 13 acusados no processo que o major Alfredo Reinado respondia por homicídio, rebelião e posse ilegal de material de guerra.

Os suspeitos faziam parte de um grupo que fugiu do estabelecimento prisional de Becora, em Dili, em 30 de agosto de 2006, e que, mais tarde, participou do assalto a três esquadras de Polícia de Fronteira, em fevereiro de 2007.

A maioria dos acusados é formada por ex-militares das Forças de Defesa do Timor Leste e quase todos pertenciam à Polícia Militar - unidade que, no momento da crise de 2006, era comandada por Alfredo Reinado.

O membro que se rendeu nesta segunda-feira não estava armado, segundo Atul Khare, que afirmou também desconhecer os motivos da rendição.

O acusado se entregou no terceiro dia da operação "Halibur", promovida em parceria entre as Forças de Defesa e a Polícia Nacional para capturar os responsáveis pelos ataques ao presidente e ao primeiro-ministro timorenses, há duas semanas.

Em 11 de fevereiro (noite do dia 10 no Brasil), o presidente José Ramos-Horta ficou gravemente ferido após um atentado a bala em sua residência. Alfredo Reinado, tido como chefe do ataque, morreu na investida.

Com a morte de Reinado, a liderança dos rebeldes passou a ser exercida pelo ex-tenente Gastão Salsinha, que está foragido e a quem é atribuído o ataque ao primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que escapou ileso.

O comandante da operação "Halibur", o tenente-coronel Filomeno Paixão, anunciou nesta segunda-feira que as forças conjuntas ainda não se encontraram com o grupo de Gastão Salsinha.

"Aproveitamos também para informar a população que não é preciso fugir, porque não andamos a fazer prisões indiscriminadas", adiantou o oficial das Forças de Defesa do Timor Leste, que apelou pela colaboração de todos com as autoridades.