12/02/2008 -
da Folha Online
As tropas australianas de reforço chegaram nesta terça-feira a Timor Leste para fazer com que seja respeitado o estado de exceção instaurado após a tentativa de assassinato do presidente do país, José Ramos Horta, cujo estado de saúde é estável após ter ficado gravemente ferido.
Dili, capital da antiga colônia portuguesa, permanecia calma nesta terça, um dia depois que um grupo de militares rebeldes atacou o presidente do país e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão.
"A situação na cidade continua calma, após uma noite sem incidentes", afirmaram fontes do Centro Nacional de Operações em Dili.
Um total de 120 soldados e 70 policiais chegou ao porto de Dili em lanchas que partiram da fragata HMAS Perth, ancorada perto da baía, e cuja tripulação de cerca de 170 membros também se somará aos quase 900 soldados australianos já posicionados no país.
Outros 200 militares australianos de unidades de reação rápida foram levados a Timor Leste em vários aviões C-130 para patrulhar a capital e outras localidades junto com os soldados da força internacional da Polícia das Nações Unidas, afirmou a cadeia australiana de rádio ABC.
Cerca de 1.600 policiais da ONU e mil soldados australianos participam das tarefas de busca dos vinte militares rebeldes que fugiram após atirarem em Ramos Horta perto de sua casa, e de tentar fazer uma emboscada ao comboio de veículos no qual estava Gusmão.
O líder dos amotinados, Alfredo Reinado, morreu no tiroteio com os seguranças de Ramos Horta, que levou ao menos dois tiros.
Recuperação
"A situação é normal e estável. Todos esperamos que o doutor José Ramos Horta supere em breve esta difícil etapa e lidere novamente o país", disse Gusmão, que escapou ileso do ataque, que classificou como uma tentativa de golpe.
O estado de saúde de Ramos Horta, que foi levado na segunda-feira de Dili para a Austrália para ser atendido, era estável nesta terça-feira, apesar de o diretor do Hospital Royal de Darwin, Len Notaras, afirmar que o presidente precisará passar por outras duas ou três operações.
"Teremos que retornar à sala de cirurgia, provavelmente nas próximas 24 ou 36 horas para fazer algum tipo de intervenção, mas agora seu estado é bastante estável", disse Notaras.
Ramos Horta, 58, foi atingido no pulmão direito, e embora consiga respirar sem a ajuda de aparelhos, continua ligado a eles e está em coma induzido, afirmou o diretor do centro hospitalar.
"Seu estado é muito bom, partindo da perspectiva de que consegue respirar por si próprio", declarou o médico.
Notaras acrescentou que as mudanças no estado de saúde do presidente, submetido a uma cirurgia que durou quase três horas na segunda-feira pela equipe médica do hospital Royal Darwin, poderão ser percebidas a partir de quinta-feira.
"(O presidente) continuará pelo menos até quinta-feira em estado de coma induzido, e até sábado ou domingo na UTI", disse o médico.
O diretor do hospital também afirmou que os primeiros socorros prestados pelos médicos australianos da base militar de Dili salvaram a vida de Ramos Horta e disse que o estado atual do paciente seria muito mais grave se ele não tivesse sido operado de urgência na segunda-feira.
"Acho que ele tem muita sorte por estar vivo", afirmou Notaras.
Antes de ser operado pelos especialistas do Royal Darwin, o presidente de Timor Leste e Prêmio Nobel da Paz em 1996 foi submetido a uma primeira operação de emergência em Dili, imediatamente após ter sido atacado enquanto fazia exercícios físicos.
Um dos guarda-costas de Ramos Horta ficou ferido e, além de Reinado, outros dois militares rebeldes morreram no tiroteio.
Segundo o ministro das Relações Exteriores australiano, Stephen Smith, que nesta terça se reuniu na cidade de Darwin com o chanceler timorense, Zacarias da Costa, cerca de vinte rebeldes, divididos em dois grupos de aproximadamente dez, teriam participado dos ataques contra Ramos Horta e Gusmão.
Na segunda-feira, o governo de Timor Leste declarou estado de exceção durante 48 horas em todo o país, incluindo o toque de recolher a partir das 20h (9h de Brasília).
"Obviamente, adotamos precauções em virtude de possíveis repercussões, mas pelo menos por enquanto há ordem", disse o chefe da Polícia de Dili, David Lawrry.
Com Efe
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