Dili, 7 fev (Lusa) - O governo de Timor Leste está em contato com diferentes instituições financeiras internacionais para encontrar novas aplicações para as receitas petrolíferas do país, afirmou o primeiro-ministro Xanana Gusmão à Agência Lusa.
O Executivo anterior, sob o comando da oposição, também havia cogitado essa hipótese antes da crise de 2006, afirmou o primeiro-ministro, em uma entrevista de balanço do primeiro semestre do quarto governo constitucional, que lidera desde 8 de agosto de 2007.
Xanana Gusmão destacou que o governo de Timor Leste "não vai jogar no cassino" com as receitas petrolíferas do Mar de Timor, cujo fundo chegava a US$ 1,8 bilhão em setembro de 2007.
A oposição, liderada pela Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), tem feito críticas sobre as alterações que o governo da Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) pretende introduzir na gestão das receitas.
"Já tivemos conhecimento de instituições bancárias que nos permitiriam ter mais rendimento com a aplicação", explicou o primeiro-ministro timorense, sublinhando que seu partido "também tem cérebro".
"A fórmula atual foi dada pela Noruega, mas se virmos a prática da Noruega, eles fazem quase o contrário", referiu Xanana Gusmão sobre as restrições ao que designou "abrir a torneira" e à opção de investimento das receitas petrolíferas em títulos do tesouro norte-americano.
"Queremos aplicar este dinheiro para produzir mais dinheiro, e não para estar apenas em Nova York, servindo aos americanos", explicou.
Xanana Gusmão classificou os primeiros seis meses de governo da AMP como "um arrumar de casa" para "fazer andar uma máquina de Estado que estava enferrujada".
Depois da elaboração de dois orçamentos de Estado (um para o período transitório de julho a dezembro de 2007, o outro para 2008, no valor de US$ 348,1 milhões), Xanana Gusmão disse que concentra sua atenção em um "programa de recuperação nacional" e de combate à pobreza.
Segundo o primeiro-ministro, outra prioridade do governo de Timor Leste é a reestruturação do funcionalismo público, "corrigindo salários que não são aumentados desde 2001 e introduzindo um regime de carreiras que acabe com o recrutamento por cargos ou posições herdadas do período de transição".
A criação da Comissão da Função Pública foi aprovada no Conselho de Ministros nesta quinta-feira.
As "urgências" do país, segundo o premiê, são as o país herdou da crise de 2006: o major fugitivo Alfredo Reinado, os rebeldes das Forças Armadas e os deslocados.
"Não podemos viver com esta imagem", afirmou Xanana Gusmão em relação aos 53 campos de deslocados que existem em Dili.
"O aproveitamento tem que acabar e os problemas reais dos deslocados têm que ser solucionados, incluindo as comunidades, e não apenas os indivíduos", afirmou.
Para o primeiro-ministro timorense, "o verdadeiro problema dos deslocados é a segurança", e não a propriedade.
Xanana Gusmão se manifestou "confiante" no apoio de todos os partidos políticos de Timor leste para um "compromisso pela estabilidade".
Sobre a hipótese de eleições legislativas antecipadas, uma exigência que continua sendo feita pela oposição da Fretilin, Xanana Gusmão diz que não exclui essa hipótese.
"Queremos governar até o fim da legislatura. Mas a AMP não teria medo de ir a eleições como partido. Ganharia", concluiu o chefe do governo.
domingo, 10 de fevereiro de 2008
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